Produzido pela Rockstar Games (a mesma produtora de Grand Theft Auto), Bully é um jogo de mundo aberto em que você controla o personagem Jimmy, um garoto-problema que já foi expulso de diversas escolas e agora inicia um novo ano na Bullworth Academy. No jogo, Jimmy vai fazer amigos e diversos inimigos enquanto tenta colocar alguma ordem no ambiente permeado de adolescentes raivosos, mimados e cheios de hormônios.

A uma primeira vista, Bully pode parecer um jogo bem no estilo “politicamente incorreto”, que não tem nenhum outro objetivo a não ser você tocar o terror numa escola e ser o pior ser humano possível. Mas na realidade, não é nada disso. Jimmy, apesar de ter um histórico de má conduta em outras escolas, só quer ser deixado em paz e ele talvez seja a pessoa mais sensata daquela escola. Ele se vê em um local dividido por grupos com interesses em comum: os jocks, atletas musculosos e líderes de torcida; os preppies, mauricinhos ricos e adeptos a incesto; os greasers, um pessoal que gosta de roupas de couro e bicicletas; e os nerds, que aqui são retratados no sentido mais conhecido da palavra: meninos cheios de espinha, que usam óculos e aparelho, e amam jogar RPG. Jimmy não sei encaixa em nenhum dos grupos e toma pra si a tarefa de tentar unir a escola, e não perpetuar essa divisão.

Pra avançar no jogo, você precisa completar missões. Cada missão vai aumentar ou diminuir sua reputação com as “gangues” da escola, o que vai definir como eles vão te tratar ao ver você andando pela rua. Você conta com o uso de armas (calma, não tem arma de fogo, o Jimmy pode usar um estilingue, bomba de gás fedorendo, bombinhas e até mesmo usar uma casca de banana pra fazer alguém escorregar), um skate e uma bicicleta para lutar contra os seus oponentes, se movimentar por aí ou só disseminar o caos no corredor da escola.

As mecânicas do jogo são sensacionais, porque trata de temas muito reais da vida escolar, principalmente nesses colégios americanos que vemos nos filmes, como ter que assistir aulas, iniciar uma guerra de comida no refeitório, arrombar armários dos colegas, entre outros. Jimmy pode ser um delinquente juvenil, mas ele também vai sempre tentar fazer o certo e o justo: ele sempre fica do lado das meninas quando elas são acusadas de serem vagabundas ou por terem sido molestadas por certos professores; ele vai tentar ao máximo defender o grupo mais humilhado da escola: os nerds (ao mesmo tempo que o Jimmy não tem muita paciência com eles, porque tudo tem limite); ele quer ajudar o professor alcoólatra, principalmente a lidar com outro professor que está tentando fazê-lo ser demitido. Enfim, o Jimmy é o exemplo mais comum de anti-herói: ele quer fazer o melhor, mas todos esperam o pior dele e às vezes isso atrapalha a sua capacidade de discernir o que é certo e errado.

O jogo é cheio de coisas escondidas no seu gigantesco mapa que incluir a escola e os bairros da cidade ao redor, e ao completar as missões e explorar os locais você consegue roupas para colecionar, armas novas. Enquanto caminha por aí, você consegue ouvir diálogos interessantes e engraçados dos NPCs ao ser redor, achar algumas missões extras (como encontrar rádios para um mendigo que mora no estacionamento da escola), tudo isso ao som de uma trilha sonora marcante, com uma música-tema para cada “gangue” de Bullworth. Se você gostou de Grand Theft Auto, eu recomendo jogar Bully, porque é realmente um dos melhores jogos do Playstation 2. Quem sabe um dia a Rockstar Games nos presenteia com uma continuação.

Reviewed on May 19, 2024


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