Jogar "A Short Hike" é cuidar de você mesmo.

Eu me comprometi a dar uma chance a jogos indies depois de um esgotamento das fórmulas e do ambiente estéril de muitos Triple A (seja jogando, vendo vídeos e lives). Ressignifiquei o hábito de jogar a uma jornada pessoal, um tempo para mim, longe do hype e da busca por pertencer ao grupo dos que jogaram o lançamento X, o próximo GOTY, o game que todos estão falando no Twitter enquanto as pessoas se digladiam por um estúdio bilionário. Meu tempo pertence a mim, não seria também o videogame uma forma de autocuidado? E “A Short Hike” foi, definitivamente, a melhor escolha de autocuidado que eu poderia ter no momento.

Vendo os vídeos do “Lado B” do melhor canal do mundo, A.K.A Nautilus, conheci essa obra de arte, resisti no começo, a indústria cria olhos desatentos, mas quando apertei o play, fui arrebatado. “A Short Hike” me trouxe um gosto de infância, mas, curiosamente, não foi nostalgia. Eu voltei, no presente, a me sentir a criança curiosa que outrora eu já fui, portanto, não senti saudade do passado. O jogo tem um destino claro — comum e lindo —, mas a jornada é quem dá forma à magia. A maneira com que você se relaciona e experiencia o mundo e as interações faz com que você se sinta em casa. A personalidade dos NPCs exala tanta vida, que você pode facilmente enxergá-los em seus vizinhos e amigos. Os diálogos próprios dão vida ao jogo e traduzem o amor que o dev tem por sua obra.

Espere um jogo curto, como o nome diz, é uma trilhazinha, mas é a pausa que precisamos para desacelerar e fugir da confusão em que, por muitas vezes, a ansiedade da contemporaneidade nos coloca. E para os gamers hardcores platineiros gods omg, fica a informação, até para platinar, esse jogo é confortável, tudo se resume a explorar e vivenciar a ilha. Aproveite a viagem e reflita sobre o que é importante para você durante essa trilhazinha.

E para quem ama as trilhas sonoras do Studio Ghibli, o jogo é um prato cheio, já que o Mark Sparling (quem fez as músicas o jogo) é grande fã do Joe Hisaishi. Meu hamster, que faleceu recentemente, se chamava Chihiro, então vocês devem imaginar como essas trilhas me tocam.

Reviewed on Dec 28, 2023


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