Então Shigesato Itoi conta a sua ultima historia.
E que historia hein? Mother 3 começa como um jogo que tenta se desprender de Earthbound, mas mesmo tempo que encapsula a ideia do jogo anterior. Existe uma coisa muito impar nesses jogos que mesmo com suas narrativas mais sóbrias, deixam o coração aquecido.
E isso vem muito da ideia de que a serie mother são grandes fabulas que no fim querem te dizer algo além do que se é mostrado na superfície. E nesse ponto é bom eu começar a falar sobre as coisas que me acometeram no jogo: Mother 3 é sim uma fabula infantil, mas ainda é uma obra que trata e retrata comentários anti-capitalistas, o mal da militarização policial, uma falsa liberdade irrestrita, em resumo, um obra anti-fascista.
E aqui eu darei levíssimos pra elucidar os meus pontos, pois, em determinado momento da historia você vê que um grupo de personagens chegam na pacata vila de Tazmily (que nem sabia o que era dinheiro) com um item chamado "Caixa Feliz" que pode ser entendida como uma alusão a TV e com a chegada da TV, é propagada uma mudança do status quo dentro da vila que até o momento trabalhava em comunhão mas com a vinda do dinheiro houve uma ruptura e 3 anos depois do inicio do jogo a Vila de Tazmily estava totalmente diferente. E isso é confirmado pelo jogo, pois houve um progresso econômico na vila, mas isso veio em detrimento as relações interpessoais, algo crescia nas sombras.
Nesses 3 anos, um exercito composto por porcos (que usam da estética fascista, conveniente não?) oprime os opositores e os ridicularizam e ou presos com o uso de uma truculência policial (que já foi vista na serie quando Ness luta contra uma delegacia inteira em Earthbound). E aqui o ponto é trazer que a policial é um instrumento do estado que visa a manutenção do status quo da classe dominante, no jogo, a do vilão, no nosso mundo, a burguesia. (e guarde bem a informação "Nosso mundo" ela vai ser importante mais pra frente)
E sobre liberdade? bem, mais pra frente no jogo Tazmily estará abandonada, já que todos os habitantes se mudaram para a cidade grande, e na cidade grande aonde os prédios são de mentira, os trabalhadores são precarizados e principalmente, as pessoas acham que são livres, entre os NPCs você percebe todos reconhecendo o protagonista e nisso todos contam admirados como agora eles são realmente livres e que a cidade grande te proporciona isso.
Os porcos são os fascistas, obviamente, mesmo sendo retratados como um alivio cômico, nunca são subestimados, já que eles sempre conseguem alcançar seus objetivos, mesmo que isso custe vidas. Eles são movidos por uma uma fome insaciável de poder.
Bem, eu passei pelos temas de forma bem superficial, sendo algo que é permeável por todo o jogo é difícil falar diretamente as criticas sem grandes spoilers. Mas venho tentar demonstrar que Itoi tinha consciência de que você nunca está realmente livre dentro do sistema capitalista.
E isso nos leva pro pos credito do jogo, aonde pós eventos finais do jogo, em uma grande tela preta o jogo e personagens conversam com você, e nessa conversa o jogo vai falar sobre como aquela historia acabou e que aquele jogo acabou, mas que tudo vai ficar bem lá, e ele faz uma provocação: "Aqui vai ficar tudo bem, mas e ai no outro mundo?"
Mother 3 nos minutos finais subverte a mensagem de seu jogo pra dizer que não devemos nos esquecer daquele jogo e daqueles personagens, e eu entendo todo esse pós credito como uma grande provocação, mas também como um consolo. Entendo que não devemos esquecer aqueles que amamos mesmo sedo eles "meros" pixels em uma tela, já que eles foram peças importantes pra uma narrativa que te impactam de uma maneira
E devem permanecer com você, mesmo que numa cultura capitalista e de alto consumo você acabe passando pro próximo jogo sem refletir no que acabou de jogar, faça um esforço e considere levar essas historias no seu coração.
Eu entendo que Itoi vem falar sobre as relações cada vez mais liquidas que se tem com obras e com a mídia principalmente, e então voltamos pro "Aqui vai ficar tudo bem, mas e ai no outro mundo?"
Eu gostaria muito de dizer a Itoi que a unica coisa livre aqui são as minhas lagrimas, mas mesmo não vendo tanta esperança quanto ele (já que o o mundo nunca me tratou bem como ele pede no fim) eu ainda acho digno de lutar por uma superação desse sistema que nos levará a extinção, e no fim talvez essa seja a resposta das coisas, ter algum tipo de fé, né?
Eu acabei divagando demais sobre os temas que me apetecem no jogo que deixei de fora todo o resto, mas isso não é tão importante nessa review, é um jogo do itoi, se você jogou os anteriores, você sabe o que esperar (alias, importante jogar os outros já que é um jogo que se referencia a serie inteira e toda essa jornada ganha peso caso você tenha bagagem dos outros).
Mas acho que passei de forma resumida e sem spoilers o que eu senti e gostei enquanto jogava Mother 3, foi um jogo que me divertiu, me estressou, mas principalmente me fez amar ainda mais a franquia e videogames num geral, entrou facilmente entre os meus jogos favoritos.
Itoi nunca mais vai fazer outro jogo, e tudo bem, ele já contou as historias que ele queria e eu já ouvi o suficiente, eu só espero que o mundo daqui tenha sido gentil com ele.
E que historia hein? Mother 3 começa como um jogo que tenta se desprender de Earthbound, mas mesmo tempo que encapsula a ideia do jogo anterior. Existe uma coisa muito impar nesses jogos que mesmo com suas narrativas mais sóbrias, deixam o coração aquecido.
E isso vem muito da ideia de que a serie mother são grandes fabulas que no fim querem te dizer algo além do que se é mostrado na superfície. E nesse ponto é bom eu começar a falar sobre as coisas que me acometeram no jogo: Mother 3 é sim uma fabula infantil, mas ainda é uma obra que trata e retrata comentários anti-capitalistas, o mal da militarização policial, uma falsa liberdade irrestrita, em resumo, um obra anti-fascista.
E aqui eu darei levíssimos pra elucidar os meus pontos, pois, em determinado momento da historia você vê que um grupo de personagens chegam na pacata vila de Tazmily (que nem sabia o que era dinheiro) com um item chamado "Caixa Feliz" que pode ser entendida como uma alusão a TV e com a chegada da TV, é propagada uma mudança do status quo dentro da vila que até o momento trabalhava em comunhão mas com a vinda do dinheiro houve uma ruptura e 3 anos depois do inicio do jogo a Vila de Tazmily estava totalmente diferente. E isso é confirmado pelo jogo, pois houve um progresso econômico na vila, mas isso veio em detrimento as relações interpessoais, algo crescia nas sombras.
Nesses 3 anos, um exercito composto por porcos (que usam da estética fascista, conveniente não?) oprime os opositores e os ridicularizam e ou presos com o uso de uma truculência policial (que já foi vista na serie quando Ness luta contra uma delegacia inteira em Earthbound). E aqui o ponto é trazer que a policial é um instrumento do estado que visa a manutenção do status quo da classe dominante, no jogo, a do vilão, no nosso mundo, a burguesia. (e guarde bem a informação "Nosso mundo" ela vai ser importante mais pra frente)
E sobre liberdade? bem, mais pra frente no jogo Tazmily estará abandonada, já que todos os habitantes se mudaram para a cidade grande, e na cidade grande aonde os prédios são de mentira, os trabalhadores são precarizados e principalmente, as pessoas acham que são livres, entre os NPCs você percebe todos reconhecendo o protagonista e nisso todos contam admirados como agora eles são realmente livres e que a cidade grande te proporciona isso.
Os porcos são os fascistas, obviamente, mesmo sendo retratados como um alivio cômico, nunca são subestimados, já que eles sempre conseguem alcançar seus objetivos, mesmo que isso custe vidas. Eles são movidos por uma uma fome insaciável de poder.
Bem, eu passei pelos temas de forma bem superficial, sendo algo que é permeável por todo o jogo é difícil falar diretamente as criticas sem grandes spoilers. Mas venho tentar demonstrar que Itoi tinha consciência de que você nunca está realmente livre dentro do sistema capitalista.
E isso nos leva pro pos credito do jogo, aonde pós eventos finais do jogo, em uma grande tela preta o jogo e personagens conversam com você, e nessa conversa o jogo vai falar sobre como aquela historia acabou e que aquele jogo acabou, mas que tudo vai ficar bem lá, e ele faz uma provocação: "Aqui vai ficar tudo bem, mas e ai no outro mundo?"
Mother 3 nos minutos finais subverte a mensagem de seu jogo pra dizer que não devemos nos esquecer daquele jogo e daqueles personagens, e eu entendo todo esse pós credito como uma grande provocação, mas também como um consolo. Entendo que não devemos esquecer aqueles que amamos mesmo sedo eles "meros" pixels em uma tela, já que eles foram peças importantes pra uma narrativa que te impactam de uma maneira
E devem permanecer com você, mesmo que numa cultura capitalista e de alto consumo você acabe passando pro próximo jogo sem refletir no que acabou de jogar, faça um esforço e considere levar essas historias no seu coração.
Eu entendo que Itoi vem falar sobre as relações cada vez mais liquidas que se tem com obras e com a mídia principalmente, e então voltamos pro "Aqui vai ficar tudo bem, mas e ai no outro mundo?"
Eu gostaria muito de dizer a Itoi que a unica coisa livre aqui são as minhas lagrimas, mas mesmo não vendo tanta esperança quanto ele (já que o o mundo nunca me tratou bem como ele pede no fim) eu ainda acho digno de lutar por uma superação desse sistema que nos levará a extinção, e no fim talvez essa seja a resposta das coisas, ter algum tipo de fé, né?
Eu acabei divagando demais sobre os temas que me apetecem no jogo que deixei de fora todo o resto, mas isso não é tão importante nessa review, é um jogo do itoi, se você jogou os anteriores, você sabe o que esperar (alias, importante jogar os outros já que é um jogo que se referencia a serie inteira e toda essa jornada ganha peso caso você tenha bagagem dos outros).
Mas acho que passei de forma resumida e sem spoilers o que eu senti e gostei enquanto jogava Mother 3, foi um jogo que me divertiu, me estressou, mas principalmente me fez amar ainda mais a franquia e videogames num geral, entrou facilmente entre os meus jogos favoritos.
Itoi nunca mais vai fazer outro jogo, e tudo bem, ele já contou as historias que ele queria e eu já ouvi o suficiente, eu só espero que o mundo daqui tenha sido gentil com ele.