Acho que muita gente colocou expectativas gigantescas nesse jogo, tanto pelas inspirações bem evidentes RPGs de 16/32 bits, especialmente Chrono Trigger, quanto por ser um prólogo de The Messenger, que é um jogo excelente.

O jogo conseguiu corresponder o hype? A resposta vai depender de quem foi questionado. Então, antes de começar a falar das coisas bacanas do jogo, é bom tirar os elefantes brancos da sala logo de uma vez.

A começar pelo mais evidente: o combate do jogo é BEM cansativo, principalmente pela questão de repetição. Muitas vezes, os encontros com inimigos parecem ser barreiras que te impedem de transitar pelos cenários lindíssimos do jogo, com uma trilhas sonora inclusive com contribuição do lendário Yasunori Mitsuda (para adicionar mais pressão na comparação com Chrono Trigger). Felizmente, isso fica muito menos puxado do meio pro fim do jogo, onde tem menos combates, eles entregam mais XP e tu também consegue um certo item que dá um boost nos ganhos, deixando o jogo menos maçante.

Outra coisa que pode ser ou não incomodativa, é a história... Veja bem, a história em si não é ruim - na verdade, ela é bem interessante, puxa bastante das influências do jogo. O problema é em como a história conversa com os personagens, sobretudo os dois protagonistas. Sem entrar em terreno de spoilers, mas em muitos momentos, cenas e situações que deveriam ser muito mais emocionais faltam justamente esse "punch" de emoção, pelos protagonistas serem relativamente rasos e ficarem quase sempre na sombra de outros personagens, que brilham muito, como o Garl. Que cara foda. Queria ser amigo do Garl. Queria ser O Garl.

Superado os problemas mais graves, o que temos aqui é um ótimo RPG, com tudo aquilo que a gente espera de um bom RPG e talvez até um pouco mais. Cara, a Sabotage Studio sabe fazer um bom jogo mesmo, e isso ja tinha ficado provado em The Messenger, mas aqui os cara realmente se puxaram no que diz respeito a construção de mundo e direção artistica. Muitos cenários eu simplesmente parava de jogar para ficar admirando os detalhes, a construção deles, é demais. Inclusive, é oportuno relembrar que o jogo é um prólogo de The Messenger, então alguns cenários do jogo anterior voltam aqui de uma forma ou de outra, e que sensação boa é revisitar eles. E é admiravel como tudo se encaixa muito bem, cenários e trilha sonora. Sea of Stars é crocante. Não consigo pensar em um adjetivo melhor.

O jogo tem uma duração relativamente curta para um RPG desse porte. Terminei em cerca de 30h, mas vi pessoas terminando em 20h, alguns casos até um pouco menos. Depende do quanto você gosta de explorar e desbravar esse mundo particular. E é importante dizer que o jogo tem um pós-game, que pode tomar mais umas boas horas.

Enfim, Sea of Stars é um bom jogo. Não excelente, e muito menos ruim. Na minha opinião, ele não precisa corresponder o hype que atribuiram a ele. Ele só precisava ser um jogo sólido, e ele entregou algo bem mais substancial que isso.

Reviewed on Oct 22, 2023


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