Não tem muito o que se falar de Minecraft que ainda não foi dito: é possivelmente o jogo mais influente de várias gerações, e compôs fortemente a infância/adolescência de quase todo mundo que estaria lendo esta entrada. A última vez que havia jogado o jogo havia sido em 2012, antes mesmo de existir um End, ou muito do que tem no jogo agora. Sempre pensei que um dia voltaria, socado de mods, pra colocar um laço final na memória.

Nos estágios finais do jogo, sou basicamente imortal, minha espada é encantada com um combo quebrado que desintegra qualquer inimigo, consigo voar como bem desejar, tenho recursos infinitos - inadvertidamente acabei concluindo uma fantasia de Morrowind dentro do jogo. A história de ascensão meteórica através da pura labuta: os pequenos ganhos, as grandes perdas, as soluções criativas para problemas impossíveis, as longas viagens para conseguir mais e mais recursos, provações e tribulações que justificam e empoderam a jornada ao pico. Porém, quando penso no jogo, penso nos momentos silenciosos, solidão contemplativa induzida pelo fluxo, construindo galinheiros, túneis, criando salinhas novas em minha casa apenas por desejo ou para ocupar a cabeça, acompanhado apenas pelo barulho modesto de bloco após bloco sendo colocado, perdido no mato à quilômetros de casa, maravilhado por como os raios de sol refratam na água e rastejam pelas folhas das árvores, voltando do subterrâneo em uma rotina já repetida dezenas de vezes e sendo recebido pelo nascer ou pôr do sol - são nesses momentos, quando uma nota de piano vem como uma chave destrancando algo que estava fundo dentro de você, a beleza indescritível da situação descendo para o resto do corpo como uma enchente, que Minecraft te pega.

Tenho que registrar que tem uma das melhores trilhas sonoras que existem.

Reviewed on Jan 23, 2022


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