Uma experiência sintética da estimulação e do exercício da violência. Um jogo feito pra mostrar o quanto a brutalidade não precisa de uma razão, mas só da nossa conveniência e de um telefonema.

Sem dúvida um dos maiores méritos desse jogo é entrelaçar a sua mensagem á sua jogabilidade produzindo uma efervescência única com level designs psicodélicos, uma violência PURAMENTE estimulante e satisfatória para um cacete, uma dificuldade desafiante, oportunidades estratégicas alternantes e dinâmicas diversas, e pra coroar todos os elementos que vão produzir essa síntese...

(cujo é necessária a atenção e o discernimento do jogador, o que é irônico, eu sei)

...A SUA FODENDA TRILHA SONORA que não só adequa todos os elementos do jogo mas como também dita o seu tom. A música é sem dúvida umas das coisas que mais vai te produzir sensações nesse jogo, seja pro bem, seja pro mal, pois ela pode ser a adrenalina mais viciante do mundo mas o mesmo tempo a pior overdose da sua vida.

Não jogue esse jogo com dor de cabeça, irritado, bêbado, chapado ou por longos períodos de tempo.
Você só vai ficar mais enjoado do que o jogo normalmente te deixaria.


Os únicos reais deméritos de Hotline Miami estão nas suas limitações, tanto técnicas quanto de onde as idéias não puderam crescer. O jogo tem alguns bugs conhecidos e que se fazem até notáveis, portas que falham, inimigos com pontos cegos em cima deles mesmos, uns absurdos ali e aqui, nada demais, mas pecou demais num dos seus elementos principais.
As máscaras são tanto parte da estética do jogo quanto da sua analogia á violência humana com uma natureza animalesca, mas em termos de jogabilidade, grande parte delas não tem muita utilidade ou se tornam obsoletas muito rápido, acho que eu pude contar três ou quatro vezes onde a habilidade de uma máscara me realmente foi útil em comparação a quantas vezes eu as escolhi por pura estética. Algumas delas são só aprimoramentos de outras máscaras, e isso me deu uma sensação de potencial desperdiçado. Espero que o segundo jogo tenha realmente consertado isso.

Na sua totalidade, Hotline Miami é sobre como não podemos lutar contra nossa própria natureza violenta, e faz isso com maestria ao estimula-la na sua jogabilidade técnica e viciante, enquanto na outra mão prova seu ponto de que por mais que tentamos muda-la alterando nossas vidas, ela sempre vai encontrar uma forma de se externalizar.

O agradecimento especial a Nicolas Winding Refn nos créditos finais não é por acaso, pois a sua influência com Drive (2011) certamente esta presente e bem expressa tanto no formato do jogo quanto na sua estética.

Sem dúvida um dos indies já feitos.

Reviewed on Mar 08, 2024


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