É impossível refazer Resident Evil 4. A transformação de câmera, HUD, panorama; a longevidade cultural, o marco, tudo isso é cristalizado. Eterno. O que podemos é reimaginar o que seria Resident Evil 4 em 2023, e o que remake faz com essa transformação do significado de RE4 é o ponto alto do jogo.

É engraçado, por que em maior parte dos ambientes, a composição de cena é a mesma, mas muda os elementos que a formam. É como se estivesse em algo totalmente novo, mas que está circunscrito com o que o original simbolizou pra franquia. E olha, que direção de arte incrível, em? Devo ter mais de 100 prints. Acho que a direção, além das belas composições de cena, consegue transformar todo aquele ambiente num ambiente mais vivo e íntegro. Embora seja um jogo mais linear do que o 2 remake, o que faz com o que o jogo perca a sensação de um lugar único, você consegue ver o castelo desde o lago, por exemplo.


Fora o próprio Leon, gosto do que fizeram com todos os personagens. Ashley é o ponto alto, narrativamente ativa, muito diferente daquele que quase não era personagem no original. E a parte de gameplay dela é MUITO massa, nossa! Talvez o pico de tensão do jogo.

Falando em tensão, acho que ela aparece mais aqui do que no original. Temos o encontro com Garrador, a própria sessão da Ashley, aquele maldito jumpscare do Regenerator (outra que me gelou foi aquelas bolsas de regenerator, caramba!). É um jogo que é mais sombrio, flerta mais com essa nova leva de remakes do que com o original em seu tom. A diferença de tom, no entanto, não me incomoda nada. É natural que uma equipe tenha outra visão daquele história do que a mesma que criou em 2004. Como disse, aquele jogo está cristalizado. Esse, é uma quebra e reconstrução do signo de RE4.

Porém, o jogo em sua maior parte não é composto exatamente pelo horror, mas sessões de ação. E são ótimas. A sessão final, com uma música épica jogando, me senti o próprio Leon. O combate é ótimo, mas o stealth não me pegou. Pelo menos, eu não consegui utiliza-lo livremente, apenas em sessões que pareciam ser pré-estabelecidas o uso do stealth, tipo encontrar três NPCs de costas parados em certa parte do jogo. Me lembrou o stealth do Uncharted 4, absurdamente inútil. Uma adição muito bem vinda, entretanto, foi o parry. Adorei a implementação da mecânica.

Enfim, amei mesmo jogar isso. Me remeteu a infância, mas com um gosto completamente novo. Um dos grandes jogos do ano!

Reviewed on Jun 01, 2023


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