Eu gosto muito como o jogo está mais interessado em explorar as escolhas pela força dramática que elas possibilitam do que pela alteração meramente narrativa da sua trajetória. Apesar dessas escolhas interferirem em alguns diálogos e nas relações envolvendo determinados personagens que permanecerão (ou não) no grupo, a espinha dorsal da narrativa raramente é modificada; são acontecimentos que funcionam por si só e naquele momento, que não dependem de um possível desvio futuro na jornada dos personagens para expressarem algo. Ironicamente, eu acho até que às vezes o jogo perde um pouco a mão quando tenta maquiar e vender algumas escolhas como algo que trará enormes consequências no plot, coisa que dificilmente acontece. É até engraçado como a obra em certos momentos evidencia (conscientemente ou não) essa linearidade, principalmente na reta final, onde os eventos estão basicamente pré-estabelecidos, e mesmo assim até as mínimas escolhas de diálogo são muito expressivas e impactantes. Muito por conta disso a obra possui uma abordagem bastante direta, buscando um impacto mais imediato, já que esses breves momentos de alta tensão gerados pelas escolhas proporcionam sentimentos momentâneos muito poderosos. Apesar dessa forma mais geral, é interessante como ele também consegue acrescentar e dosar muito bem alguns momentos mais melancólicos e até reflexivos com esses acontecimentos super frenéticos e tensos (o enterro do garoto que morreu de fome e a cena final são um exemplo claro disso), gerando um equilíbrio bem pertinente nesse tom apocalíptico empregado.

Reviewed on Aug 20, 2023


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