Se você é do mundo dos jogos e não está em uma caverna, com certeza já ouviu falar de Baldur’s Gate 3, mas por que será que ele tá sendo tão bem falado e com tanto público? Sendo que ele teoricamente é um jogo de nicho e foi feito por um estúdio não muito conhecido. Bem, eu joguei o BG3 e posso fazer algumas especulações.

Contudo, antes de qualquer coisa, preciso fazer alguns disclaimers, não sou do mundo dos RPGs de mesa, muito menos de D&D, essa é apenas a minha opinião, cada um tem a possibilidade de ter a sua própria.

Não conseguirei mencionar todos os pontos relevantes sobre esse jogo, é um jogo de mais de 100 horas para zerar, sendo que você pode rejogar e ter uma perspectiva totalmente diferente, seriam tantas coisas para falar que viraria um livro isso aqui. Ademais, não há spoilers nesse texto.
Bom, acho que preciso começar dizendo é que sim, eu amei o jogo, achei incrível e que se dizem que o novo Zelda é o único jogo que pode bater de frente com ele (até a data de hoje) na disputa por jogo do ano (Game of the Year – GOTY), isso me faz querer jogar o Zelda, pois também deve ser um jogo além da expectativa para conseguir disputar com BG3.

Passando por isso, acredito que uma das melhores palavras para definir BG3 é “liberdade”. Eu nunca tinha jogado ou visto um jogo com tantas possibilidades diferentes, quando escutei dizer que o jogo tinha cerca de 17 mil finais, duvidei muito devido à experiência com jogos anteriores que prometem muito e entregam pouco. Mas após ter finalizado o jogo, eu não consigo duvidar mais.

Não quero dizer que cada final apresenta elementos radicalmente diferentes, com uma cutscene única para cada um deles. No entanto, cada final é definitivamente influenciado pelas escolhas que você faz ao longo do jogo. Ao contrário de muitos outros jogos, aqui você realmente sente que suas decisões têm impacto na narrativa.

Eu poderia listar inúmeros exemplos para ilustrar isso, desde as várias escolhas de diálogo, até o fato de você poder meter a porrada nos NPCs sem conversar nada e realmente matá-los com consequências reais para a história. Entretanto, acho que não existe exemplo melhor – por mais bizarro que possa parecer – do que a opção de, se quiser, se envolver romanticamente com um urso. No caso um druida virando um urso, mas ainda assim é um urso, não tenho nem o que dizer a mais depois dessa.

Mudando de assunto, devo dizer que mesmo esse jogo furando sua bolha, eu sendo um dos melhores exemplos para isso, pois normalmente não iria atrás desse tipo de jogo, creio que é não um estilo que vai agradar a todos, principalmente por ter seu combate por turnos e com bastante foco em narrativa. Muita gente só quer a ação desenfreada e está tudo bem também, contudo, se estiver aberto a oportunidade de imergir nesse jogo, não vai se arrepender também.

Quero destacar especialmente o sistema de progressão do jogo. Em muitos RPGs, pensamos primeiramente em árvores de habilidades intermináveis ou melhorias minúsculas de 2% para a construção do personagem. Aqui, o sistema é diferente. Há poucos níveis e você não sobe rapidamente, mas o mais importante é que você sente seu personagem se tornando mais poderoso. Dependendo da sua classe e subclasse, você pode nem desbloquear uma habilidade diferente, mas ainda sentirá a melhora do personagem.

Não há uma árvore de habilidades gigante para explorar, no máximo algumas escolhas estratégicas de magias de diferentes níveis para algumas classes. No começo, você pode ficar indeciso ao escolher uma habilidade para um personagem da sua party, mas, à medida que avança no jogo, você se adapta e faz escolhas que se alinham melhor com seu estilo de jogo.

Além disso, vale a pena mencionar que os equipamentos não possuem sistemas intermináveis de aprimoramento, no qual alguns jogos nos obrigam a farmar horas para obter melhorias insignificantes de 0-5% em algum aspecto específico. Em BG3, basta progredir nas missões para encontrar equipamentos com habilidades melhores que se adequam ao seu estilo de jogo.

Quanto à história e aos personagens, evitarei entrar em detalhes, pois acredito que cada jogador terá uma experiência praticamente única. São tantos fatores que podem afetar o desenrolar da narrativa que somente você, que jogou, pode dizer se gostou da história que desenvolveu.

Minha conclusão é que se você disposto a tentar um jogo com as questões anteriormente mencionadas, você não vai se arrepender. É possível sentir o carinho que todos os envolvidos no projeto tiveram ao desenvolver esse jogo, algo raro em um mundo onde vemos cada vez mais as empresas tentando lucrar a qualquer custo, BG3 me deu um suspiro de alívio. É por tudo isso, além de ter poucos bugs, que eu acredito que seja um forte candidato ao GOTY.

Obs: Meu personagem foi um feiticeiro drow e acólito.

Talvez seja o melhor mundo aberto da história.

Um dos jogos mais divertidos dos últimos anos, queria que todos os jogos que tem chat de voz como mecânica, se inspirassem nele.

Hoje quero falar do jogo do momento, o Palworld, o jogo que é impossível jogar, conversar sobre ou mencionar sem fazer piadas de quinta série, tentarei me segurar aqui ou então vira um texto só de duplo sentido. No momento em que estou escrevendo este texto, estou com um pouco mais de 17 horas de jogo.

No início, durante a divulgação dos trailers, muitos pensaram que Palworld seria apenas um jogo meme – algo que jogaríamos por algumas horas para rir um pouco e depois esqueceríamos rapidamente. Desde os trailers, o jogo foi apelidado de “Pokémon com armas” (um golpe de marketing brilhante para chamar a atenção), e aqui no Brasil, a palavra “Pal” só adicionou mais lenha na fogueira, não tem com ser mais meme que isso.

No entanto, minhas expectativas foram completamente superadas. Palworld tornou-se um sucesso estrondoso em todo o mundo, vendendo milhões de cópias globalmente. E após jogar, acho que entendo o porquê do sucesso, realmente gostei do jogo e quero continuar jogando de galera.

Para alguém como eu, que não é um grande fã da franquia Pokémon – tendo jogado apenas o Pokémon Esmeralda – esse é o tipo de jogo que sempre tive a curiosidade de jogar da franquia, um mundo aberto 3D no qual você se diverte explorando o mapa, descobrindo diferentes tipos de criatura, tentando capturá-las, montando diferentes equipes para testar seus ataques, etc., e acredito que boa parte dos fãs também tinham curiosidade de ver um jogo nesse estilo. Todas as outras mecânicas, como a de survivor, são um extra na minha opinião, entretanto, ressalto que essa adição funcionou muito bem, até porque gosto desse gênero.

Junta-se a isso vários outros fatores: o jogo ser divertido de jogar com os amigos, o conteúdo abundante para um jogo em acesso antecipado, o design das criaturas ser bem interessante (sim, eu sei que vários deles foram fortemente inspirados em Pokémon), entre outras coisas que podem ser mais pessoais dependendo das preferências do jogador.

Em resumo, ele tem vários elementos que atraem diferentes tipos de jogadores e acaba por agradar uma ampla audiência. Se alguma das coisas que mencionei chamou sua atenção, vale a pena testar – especialmente agora que o jogo está disponível no Game Pass.

É importante ressaltar que o jogo ainda tem bastante espaço para melhorias, como desempenho, correção de bugs, otimização e aprofundamento da história e dos personagens (para os jogadores interessados), e crossplay. No entanto, é reconfortante ver que o jogo está recebendo atualizações constantes na Steam e entendo também que vários desses problemas são compreensíveis se tratando de um jogo ainda em desenvolvimento.

Enfim, o que quero dizer é que não é um jogo perfeito, nem que apresenta algo totalmente inovador, mas é divertido – e no final das contas, não é isso que importa em um jogo? Ele cumpre o seu propósito.

Obs: Imagino que esse tenha sido o trabalho mais divertido da história do tradutor, imaginei a pessoa rindo sozinha enquanto trabalhava (fluido de pal é intankável kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)

Obs2: Para alguém que já tem a experiência de jogar jogo de sobrevivência com um amigo, os dois jogadores poderem mexer no mesmo baú ao mesmo tempo, deixa a gente muito feliz.