O grande trunfo desta trilogia, em termos narrativos, continua sendo a construção de Lara Croft; e o jogo busca aprofundar e evoluir essa personagem, que aqui deixa de ser inexperiente e insegura como no capítulo anterior, para se tornar uma das protagonistas mais casca-grossa da história dos videogames; sendo uma personagem extremamente carismática e imperfeita (no melhor sentido possível para imperfeição).

A narrativa tem mais qualidade aqui, considerando que não tem as enrolações e melodramas de Tomb Raider (2013), mas o jogo falha e desenvolver seus personagens (com óbvia exceção de Lara), e se você quiser entender a motivação dos vilões, e até dos aliados, passará muito tempo coletando áudios e documentos espalhados pelas fases, e tendo que ouvir / ler todos.

Em termos gerais, a história de Rise segue sendo um de seus aspectos menos interessantes, ainda que cumpra seu papel em fundamentar toda a aventura proposta aqui. Lara quer concluir o trabalho de seu pai, que foi ridicularizado e considerado louco antes de morrer, e em sua jornada, cruzará com a Trindade, e vivenciará novas alianças, traições e reviravoltas.
O jogo resgata elementos da mitologia da personagem, como fato de ela ser de família rica e filha de um grande arqueólogo, lhe atribui traumas pela perda de seu pai, e torna toda a jornada da protagonista algo bastante pessoal.

O gameplay é exatamente o mesmo proposto em Tomb Raider (2013), e alterna entre sessões de ação com muito tiroteio, exploração, resolução de puzzles, além de alguns elementos típicos de RPG, com melhoria de equipamentos e obtenção de habilidade. Nada aqui reinventa a roda, mas tudo funciona como deveria funcionar.

Uma coisa que me agradou muito no jogo foi seu maior foco na ação; pois por mais que não estejamos aqui diante de uma mecânica de gunplay refinada, a forma como a ação é conduzida por meio de hordas de inimigos, cenários explodindo em tempo real, fugas alucinadas e cinematográficas, e muito satisfatório.

O jogo também melhorou a exploração, que já era excelente no jogo anterior, com tumbas ainda melhores aqui, e puzzles mas desafiadores (de dificuldade intermediária), o que gera mais satisfação na resolução destes.

Graficamente, Rise é um jogo lindo, não só nos modelos de personagem, mas nas ambientações também. O jogo já abre mostrando do que é capaz com efeitos de neve e nevasca, e os cenários são variados e engajantes, e vão de templos antigos, a florestas e montanhas. É tudo muito bem-feito e caprichado.

Apesar das melhoras inquestionáveis, por ser a mesma estrutura, e aplicar as mesmas mecânicas do jogo anterior, Rise possui elementos de gameplay que só podem ser vivenciados nas dificuldades mais elevadas, sendo inúteis na dificuldade normal, como, por exemplo: a obtenção de medicamentos de cura. Por mais que essas mecânicas sejam necessárias nas dificuldades mais elevadas, o fato de serem descartáveis na dificuldade padrão denota contra o jogo, já que a forma padrão foi a pensada para a maioria dos jogadores experenciarem sua jornada, e ninguém é obrigado a saber, desde o início, que o jogo é melhor na dificuldade equivalente à difícil.

Em conclusão, Rise of the Tomb Raider é um avanço claro para essa franquia, sendo um jogo muito divertido e palatável a maioria dos públicos, mas não reinventa a roda; é um jogo que refina os elementos de seu antecessor, que agradará sem dificuldade os já convertidos, sendo, sem dúvidas, o ponto alto da trilogia.

Reviewed on May 23, 2024


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