O lendário criador da dificuldade nos jogos e único jogo difícil do mundo, exceto que Dark Souls também é bem mais que só um joguinho que é mais difícil do que precisa ser. Eu até diria que a dificuldade foi até de certa forma decepcionante se comparado ao que passei nos chefes de Sekiro, minha primeira experiência da From Software.

Eu diria que a magia de Dark Souls realmente começa ao alcançar a Igreja na Paróquia, você entra e pega um elevador que ainda não se sabe aonde leva e quando você percebe você está de volta a área inicial do jogo. Isso acontece várias vezes ao longo do jogo, é uma aula excepcional de Level Design e a minha parte favorita do jogo, me fez perceber o quão linear Sekiro é. O que torna isso melhor, pra mim, é o fato de que a Viajem Rápida só é desbloqueada lá pra metade do jogo, tecnicamente o final, e ainda por cima só pode se teleportar para algumas fogueiras específicas. Isso tornou o jogo melhor porque isso faz que com que você tenha que aprender as áreas, os atalhos, os inimigos e as rotas mais seguras, lá pro final eu já conseguia lembrar das áreas e me locomover de forma eficiente e natural.
E você PRECISA aprender como se locomover pelas áreas porque todas elas podem ser extremamente brutais, se você não mata os inimigos rápidos o suficiente. Eu diria que elas foram de onde o sofrimento veio pra mim; se em Sekiro as paredes que eu precisava passar eram os Chefes, em Dark Souls foram as áreas, só de eu lembrar dos esqueletos já me dá um PTSD básico.
E há é claro: as Fogueiras que me deram o maior sentimento de alívio e conforto que já senti em qualquer jogo. Chegar em uma fogueira é como tirar 1 tonelada das costas, pelo menos até você criar coragem para sair e continuar explorando. Já que muitas delas são muito separadas e você não tem Viagem Rápida desde o começo, é mais um grande incentivo para explorar com cautela e aprender a área.

Mas, surpreendentemente, não é só sofrimento. Na verdade o jogo deixa o jogador usar da boa e velha força bruta, que fez mais parte do jogo do que pensei que faria. O jogo ainda dá o luxo da sensação boa de voltar pra uma área que antes era difícil mas dessa vez conseguindo matar os inimigos em até 1 golpe. Ainda assim não é bom ficar confiável demais, principalmente ignorar inimigos, se não quando você perceber você vai estar cercado por 77 inimigos que você ignorou e te seguiram até os confins do mapa.

Sobre os chefes do jogo, eu até posso falar que foram o aspecto mais "decepcionante" pra mim. Já que eu vim de Sekiro, onde ou você aprende ou você morre, os chefes de Dark Souls foram só um pouco mais que um obstáculo no caminho. Contando com as DLCs, eu diria que de todos os 26 chefes do jogo apenas 7 me deram um problema de verdade, 4 do jogo base e 3 da DLC, que são meus favoritos, e 3 eram uma luta de múltiplos chefes. Os únicos que não venci por força bruta foram os da DLC já que só enfrentei eles no NG+, que é o que tem a maior escala de dificuldade; e o chefe final já que bem... ele era o último, não tinha muito o que aprimorar.
Mas a maioria dos chefes ainda são muito memoráveis, possuindo designs únicos e história muito boa.

Enquanto as lutas dos chefes foram meio decepcionantes algo que excedeu minhas expectativas foi as áreas, exploração e o Level Design do jogo. O jogo não se baseia em viagem rápida das fogueiras e sim atalhos colocados em locais precisos o suficiente. Dark Souls é um dos poucos jogos que já joguei em que ficar andando de lá pra cá não foi algo miserável porque os atalhos sempre apareciam e deixavam a área mais fácil de navegar depois.
E é também pelas áreas que a verdadeira dificuldade veio pra mim; seja pela quantidade de inimigos, a locomoção pelo mapa e até mesmo a localização das fogueiras. Tudo isso e a diversidade delas fazem com que o Level Design seja meu aspecto favorito do jogo... mesmo que algumas dessas áreas sejam um pouco mais complicadas do que deveriam ser.

Outro aspecto favorito foi o sentimento de superar o que parecia impossível. Eu diria que Dark Souls não foi mais difícil, porém mais injusto e mais brutal que Sekiro. Isso resultou em bem mais momentos que pareciam impossíveis ou simplesmente que levariam uma eternidade pra superar. Mas eu sempre conseguia alguma hora, na força bruta, com melhor conhecimento e até mesmo só desistindo temporariamente, que é algo que o próprio jogo ensina no primeiro chefe, às vezes algo parece difícil demais pra você, e É, é natural que você deixe para depois quando você vai estar ainda mais forte.
O momento em que mais senti isso foi nas Catacumbas, pra mim a área mais desgraçada. Eu estava em um buraco cheio de inimigos que me matavam mais rápido do que eu conseguia matar todos eles, cheguei até a matar o chefe da área mas não sabia de jeito nenhum onde e como sair. Literalmente tava me tornando um Vazio. Não queria reforçar minha arma porque não sabia se ia precisar do material depois (foi um pequeno erro, reforcem as armas). Então sem mais nada pra fazer comecei a farmar até poder usar um certo machado que educadamente peguei emprestado de um NPC que estava nas Catacumbas, engraçado que o machado requeria Fé. O machado me permitiu matar os esqueletos em um golpe e eu conseguir saí de lá e voltar para a área inicial. Meio tosco mas puta que pariu o alívio foi grande. Passei a só usar machados o resto do jogo, e pretendo só usar machados nos próximos só por causa disso.

Ficar perdido a cada 5 minutos (Matei Sif antes do Demônio Cabra, um fato que acho engraçado);
O potencial e diversidade das builds, armas e armaduras;
A história e o mundo;
Artorias e o Abismo;

Isso são só algumas ressalvas que me marcaram no jogo porém não consegui encaixar aqui mas ainda queria ressaltar.

E ainda tem tanta coisa opcional e que muita gente nem sequer pode achar na primeira vez, sejam NPCs, caminhos escondidos, áreas inteiras. Eu até fiquei chateado com o tanto de coisa que perdi na minha primeira vez zerando, deixando passar 2 chefes, 1 área, e não vendo o final de todos os NPCs que encontrei, menos 1 que morreu quando eu matei ele, mas enfim; querendo ou não, isso é bem especial e faz você querer rejogar mais.

É uma pena que não dá pra falar pra falar de tudo incrível e pequenos incomôdos que esse jogo faz sem tornar isso em um texto de 17 páginas.

Dark Souls foi uma experiência extremamente boa pra mim, principalmente porque eu percebi que ele é, ou pelos menos é um gostinho do RPG de ação que sempre quis: onde eu posso usar uma armadura pesada, arma gigante E ainda usar magia, em vez de um sistema de classe restrito que fala o que você pode e não ter ou usar no jogo.
A parte complicada é dizer se eu recomendo ou não o jogo. Definitivamente não é uma experiência agradável pra todo mundo, principalmente se você já não gosta de Soulslikes ou combate mais lento e restrito, além do fato que não é um jogo que dá muitas direções.
Mas fica minha recomendação, é só um pouco difícil falar pra quem é a recomendação.

Reviewed on Feb 16, 2023


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