Exoprimal, a mais nova IP da Capcom, apresenta um cenário maluco em um primeiro momento, humanos utilizando trajes altamente tecnológicos para enfrentar dinossauros advindos de portais. Pegando toda a proposta de Team Fortress 2 e Overwatch, Exoprimal consegue levar essa proposta a um novo nível com uma mescla interessante de PvE com PvP.

A obra propõe através de um sistema de partidas a competição entre 2 equipes de 5 jogadores, um sistema de combate mesclado, tendo exotrajes de ataque a distância, de combate corpo a corpo, tanques e curandeiros. A grande sacada da Capcom, é usar uma temática que parece maluca que por si só apela ao público pelo seu caráter único, seres humanos em trajes tecnológicos matando dinossauros, e a partir daí construir todo o sistema de partidas que acabam por servir a história que é bem contada e sem apresentar nenhuma ponta solta eu seu enredo.

Tem-se um trabalho excelente na história da obra, é possível ver um trabalho minucioso na construção dessa, é realmente notável ainda mais considerando que a maioria dos jogadores consideram essa como o elemento menos importante. Toda a temática de viagem no tempo, paradoxo de Bootstrap acabam por dar sentido ao que foi proposto na jogabilidade.

A forma que a história é apresentada serve diretamente a jogabilidade, é difícil contar uma história maluca em jogo de partidas, o diretor resolve esse embate fazendo uma história fragmentada através da recuperação de dados perdidos durante a realização das partidas. A jogabilidade neste momento serve a história, desbloqueando determinados eventos únicos durante as partidas conforme os jogadores avançam no descobrimento dos mistérios e tem acesso às diversas cinemáticas. Chega ao ponto de desbloquear um sistema único de combate com um Super Chefe e os ao invés da competição entre os 5 jogadores tem-se a aliança entre eles que torna o combate de 10 jogadores contra o chefe. A atmosfera de mistério ronda toda a obra, ela é presente e se faz necessária para a exploração dos portais dimensionais temporais. O objetivo é incerto, o inimigo é desconhecido, tudo o que se tem é o que está apresentado a frente do jogador, portais abrindo indefinidamente e jogos de guerras intermináveis. A exploração dessa atmosfera é bem executada, é trabalhado diferentes detalhes que enriquecem a história e a torna extremamente impactante e importante. O desejo de sair da ilha coincide em algum momento com a necessidade de salvar o universo, e pelo excelente storytelling, o percurso da história até esse momento faz total sentido.

O sistema de partidas é bastante interessante pois eles mesclam inteligentemente o PvE com o PvP, durante um primeiro momento os jogadores competem entre si para qual equipe realiza mais rapidamente as tarefas entregues pelo Leviathan, ao concluir as tarefas as equipes são mandadas para a segunda etapa, a etapa final, que pode tanto ser um embate PvP como PvE, os embates PvP apresentam diversos modos: empurrar a carga até o objetivo, competir por domínios de pontos, carregar um martelo com energia e quebrar estruturas, as opções são diversas e essa parte é bastante inspiradas em jogos com Team Fortress 2 e Overwatch, já essa parte final enquanto PvE continua com a proposta de primeira parte da partida, concluir objetivos mais rápidos que a outra equipe, porém nesse momento os objetivos são diversos, vão de destruir certas estruturas, carregar determinados pontos, ou matar dinossauros gigantescos, é um PvE diferenciado que sai do monotonia da primeira parte da partida que basicamente se resume a matar hordas de dinossauros.

Pensando na construção das personagens, essa é dada de forma gradativa e foca nos detalhes mais importantes da construção das características e personalidade das personagens. Nenhum fato é exposto caso ele não tenha importância direto na construção do enredo ou das personagens, a Haruka só é introduzida quando importa, as versões de outras dimensões da tripulação são mostradas para contrastar e valorizar as individualidades de cada um, as decisões são bem tomadas pelo diretor, ele não alonga e não diminui o que realmente importa.

Em relação a jogabilidade, gostei bastante dos exotrajes, cada uma com características únicas e com um grupo de habilidades interessantes e bem diversas, talvez poderia haver um melhor trabalho na construção de build já que se resume a equipar um implemento e 3 modificadores. Poderia se pensar em uma construção mais elaborada do exotraje, seria algo como se aproximar mais de um Warframe e Destiny 2 e se afastar de Overwatch e Team Fortress 2. Entendo que isso acabaria por ter um impacto direto na parte PvP do jogo, mas provavelmente iria empolgar os jogadores que gostam do PvE.

O maior problema do jogo está claro e talvez seja reclamação da maioria dos jogadores, a repetitividade, esta é gigantesca e acontece demasiadamente, principalmente no começo do jogo, sinto que demora muito para ser apresentados os outros modos PvE e PvP. Acho que nas primeiras 15 partidas devo ter jogado pelo menos 13 sendo PvP com o modo de empurrar a caixa, acaba sendo chato demais, deveria estar disponível mais rapidamente o modo de controle de ponto, caçar dinossauros gigantes, o embate dos martelos, enfim, há uma demora para começar a variação de fases. Semelhante a Overwatch é impossível escolher exatamente qual tipo de objetivo terá na partida, ele é aleatório, porém acho que poderia haver uma melhoria no algoritmo de escolha das fases, se o jogador jogou as últimas 4 partidas com o objetivo de empurrar a caixa, a fase seguinte tem que ter grandes chances de ser o domínio de ponto ou os martelos, por exemplo, a variação é importante.

Esteticamente a obra é fantástica, o nível de detalhes é muito bom, tanto nos exotrajes quanto nos dinossauros, o realismo nesse último é surpreendente, até mesmo a qualidade gráfica dos personagens é boa, Alders, Maj, Sandy e Chief, todos são muitos bem modelados, a equipe de design da capcom está de parabéns.

Concluindo, Exoprimal surpreende ao seu modo, saindo de uma premissa maluca a obra consegue entregar uma história que comporta esse universo e essa premissa além de corroborar toda a jogabilidade que é apresentada. O carro chefe das partidas com a jogabilidade é muito bem trabalhado, combate fluido, ágil e estratégico, reúne características de títulos consagrados e dá um ar único e novo, traz elementos de TF2 e OW, mas também carrega característica de Warframe e Destiny 2. A surpresa é mais positiva do que negativa, a obra possui problemas e isso é inegável, porém esses problemas podem ser contornados com futuras atualizações, não é algo intrínseco do jogo onde não cabe mudanças, e provavelmente essas mudanças virão junto com o sistema de seasons que está para chegar.

Reviewed on Oct 08, 2023


Comments