Portal 2, a continuação do primeiro jogo da franquia e um dos maiores títulos da Valve, empresa estadunidense que já apresentou várias franquias de renome como Half-Life, Counter Strike e Dota. Em Portal 2, é apresentado os puzzles baseado em portais, o elemento básico da franquia, junto a novas mecânicas interessantes e com uma história engraçada e um tanto surpreendente.

A obra propõe um puzzle game com uma história de background, o puzzle como apresentado no título é baseado em portais, assim como o primeiro jogo da franquia, há os portais de entrada e saída junto a outros elementos para aumentar o complexidade dos quebra cabeça. O primeiro jogo da franquia trabalha com ideia mais básicas no que diz respeito aos complementos do puzzle, é trabalhado a gravidade, perspectiva, botões e outras coisas nesse sentido, já no título atual tem-se a adição de campos de força, redirecionamento de raio laser e diferentes géis com diferente mecânicas, logo, o esperado acontece, tudo o que foi apresentado de bom mecanicamente no primeiro jogo foi aproveitado neste título ao mesmo tempo que novas mecânicas foram utilizadas que invariavelmente aumentam a complexidade e desafio da obra.

Em relação a história da obra, a grande vilã IA do primeiro jogo é trazida de volta logo no começo da campanha, junto a ela tem-se o Witley, um robô que tenta ajudar o jogador sem se expor aos perigos, e esse faz parte da já comum traição robótica. Após o grande acontecimento que implica força a dramaturgia, acontece todo o processo de recuperação da personagem junto a descoberta da origem das instalações e dos infinitos testes, junto inclusive a descoberta da origem de Caroline(a IA com voz feminina). Toda a história apresentada é recheada de humor mas com pitadas importantes de dramaticidade.

O elemento do humor que é tão característico da franquia foi preservado e bem produzido no segundo título, as conversas apesar de bobas são engraçadas e dão uma alívio cômico para todos os acontecimentos. O problema desse humor ser um tanto bobo e raso é o fato de ele em determinados momentos se tornar meio chato, não pelo conteúdo mas pela repetição do modelo das piadas.

Em relação aos modos de jogo, tem-se o modo single player que oferece a campanha e experiência padrão do jogo, nele é vivenciado toda a campanha com suas descobertas, narrativas e plots, inclusive é apresentado um final definitivo que coloca um ponto final na história vivenciada sem dar espaço para uma continuação. Além do modo campanha, há o modo de cooperativo com dois jogadores, ao invés de um humano são colocados dois robôs, o Atlas e o B-type, os dois devem trabalhar em conjunto para passar os diversos puzzles, a campanha é concorrente, ou seja, acontece no mesmo cenário e ela é de certa forma importante para certos acontecimento na campanha principal.

Há tantos outros desafios como fases personalizadas, competição entre jogadores e fases extras gerais que criam uma nova gama de opções para os jogadores que desejam investir um tempo além do padrão para finalizar a campanha, há conteúdos para os fãs que desejam continuar a explorar o cenário e serem desafios com as mecânicas de puzzles.

Neste tipo de obra, é importante a questão da dificuldade, em Portal 2 essa é bastante controlada e gradual, não há saltos gigantescos onde o jogador precisa se adaptar rapidamente, tudo é apresentado cadenciadamente para que o jogador entenda o que precisa ser feito ao mesmo tempo em que é desafiado. Apesar do escalonamento ser gradual e interessante, talvez falte ele atingir um pico maior em determinados momentos, eu pessoalmente tive dificuldade nas fases finais antes do boss, porém o boss final em si foi pouco desafiador e complexo, talvez um nível de desafio maior fosse necessário considerando este como o desafio final. Ainda em relação à dificuldade, essa só tem uma agudeza relevante e que realmente tira a paz do jogador nos desafios extras, mas lá é exatamente onde a dificuldade que está sendo procurada deve ser desenvolvida.

Esteticamente a obra é bonita, todo o modelo 3D em primeira pessoa torna a trama bem impessoal, somente no “reflexo” dos portais que é possível ver a personagem, e sempre quando é vista ela está de perfil, nunca de frente, é relativamente fácil identificar que se trata de uma mulher e depois isso é confirmado pela Caroline. O ponto é que a personagem em si é impessoal demais, ela não fala, e quando o Witley tenta comunicar com ela a forma de responder mecanicamente é pulando, logo a impessoalidade reina e a distância do jogador em relação a personagem também, por isso o falhar e a morte é pouco relevante, já que não há uma construção de empatia pela falta de relação, acredito que esse modelo seja importante neste tipo de obra. Ainda sobre a estética, o cenário é bem construído e bonito, ele é interativo e tem uma paleta padrão bem fria, sempre puxada pro cinza tornando todo o cenário melancólico e pouco aconchegante, o que funciona bem para uma fábrica abandonada controlado por IA’s assassinas.

Concluindo, Portal 2 é um obra excelente para o gênero, tanto pelo fato de os puzzle serem bem construídos com uma dificuldade ideal, como também pelos devs não terem abrido mão de contarem uma história em nenhum momento, principalmente considerando a história do primeiro jogo, uma história relativamente fraca e complementar, no segundo jogo ela é ressignificada e é dado sentido para o que está sendo vivenciado, sem contar os plots surpreendentes e o final digno apresentado. Pensando no gênero e na construção da obra como um todo há poucas falhas, e essas são de cunho mais pessoal do que estrutural, então é realmente difícil encontrar uma ideia realmente mal executada, logo, no que a obra se propõe a fazer o que é executado foi feito com maestria.

Reviewed on Feb 17, 2024


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