Wow, que jogo incrível... É o meu GOTY de 2023 sem nenhum pingo de dúvida.

TOTK não é uma aula de game design, é um mestrado inteiro. É uma conversa totalmente harmoniosa entre jogador e os desenvolvedores. As mecânicas são a forma pela qual você se sente naquele mundo e pode mexer com ele a seu bel-prazer, tudo é palpável e maleável.

Você faz as coisas do seu jeito, você arruma suas próprias soluções. Tá com a cabeça cheia e não quer ficar pensando em puzzle? Sem problema, monta uma estrutura com um balão e mais algumas coisas, tente dar um jeito de pular tudo aquilo. Na grande maioria das vezes você vai conseguir fazer isso. E essas possibilidades tornam o jogo único por definição: cada jogador tem sua própria run e faz, ou deixou de fazer, coisas completamente diferentes de qualquer outro jogador.

Ainda falando de game design, eu xinguei os devs mentalmente em 90% das Shrines que eu entrei: "Filho da p... Como conseguiram pensar nesse puzzle?". Foi algo além de orgânico, em todo momento eu senti que o jogo sabia dos meus conhecimentos nele. E ele brinca muito com isso. Em vários momentos, ele pega uma lógica ou regra já estabelecida e a QUEBRA totalmente com uma safadeza sem vergonha... E isso também quebra o que eu já disse sobre você conseguir arranjar suas próprias soluções, eu sei, mas isso vai além da sua esperteza mesmo. Você vai se deparar com um problema e pensar "Hmmm, ovo tenta o truque do foguete com o escudo e trolla o jogokkkkkkk", mas em tal puzzle esse truque não vai valer. Não por impossibilidade, mas porque o jogo previu o que você faria. O jogo quebra as regras que ele mesmo inventou.

Esse jogo executa o melhor meio de ensinar que existe: você descobrir por si só através do ambiente ou através da lógica daquele mundo, dos seus poderes. Sem nem usar palavras além do conceito das ferramentas. Você vai ter que parar e observar, imaginar as várias possibilidades de soluções pra resolver aquilo.

A música é absurdamente linda, dá pra sentir, apenas as ouvindo, o carinho e o respeito que tiveram com as músicas da franquia. É fantástico. Cada região tem seu próprio tema e todas são boas, sem exceção.

Sinceramente, tô nem aí pra toda aquela discussão de gráficos que jogaram em cima do TOTK. Pra mim é bom o suficiente e cumpre com o que prometeram e com o que eu esperava. Então é irrelevante na minha opinião.

Prefiro mil vezes o que o TOTK fez: achar os glifos nas gramas pra ver as memórias e o desenrolar da história. Um dos meus problemas com BOTW era que você tinha que procurar por lugares e ângulos específicos pra ver as memórias. Me senti com mais vontade de explorar aqui do que em BOTW.

A narrativa por si é ok, não é o melhor ponto, mas entretém até o fim. Particularmente eu esperava um pouco mais, pensava em algo mais sombrio, algo como Majora's Mask em relaçãoo a Ocarina of Time. Mas funciona de qualquer forma.

Por fim, só irei apontar uma coisa que me incomodou: apesar dos ótimos puzzles das Shrines, não gostei das recompensas. Era muito frustrante quando você ficava meia hora a mais resolvendo os puzzles extras, só para no fim receber um item porcaria ou um âmbar qualquer que vale 10 rúpias. A recompensa mais desanimava, em alguns casos, do que te motivava. Me senti mais afim de fazer tudo pelo maravilhoso level design. E isso não só rolou com as Shrines, mas também com um acampamentos de Bokoblins ou qualquer outros bichos. Tu ficava minutos batalhando contra hordas, depois ter aquela ceninha do baú abrindo e a dopamina disparar, mas quando o abria vinha uma lança que dava 3 de dano. MUITO OBRIGADO JOGO.

Mas é isso. Foi provavelmente o melhor jogo que já joguei, então nem preciso dizer que vale a pena jogar.

Reviewed on Jun 19, 2023


Comments