Hi Fi Rush foi uma grata surpresa para todos nós!

Adotando um lançamento completamente fora do comum sobretudo em meio a indústria do hype, Hi Fi Rush nos atinge de maneira inusitada, nos prende com seu excelente ritmo e nos cativa com toda sua personalidade.

Adorei acompanhar a história do jovem sonhador Chai, que faz de tudo para conquistar o seu sonho de se tornar um rockstar, mesmo inicialmente não estando nas melhores condições para tal. Afinal, seu braço aparenta estar machucado e portanto, a fim de consertá-lo, topa ser voluntário do projeto Armstrong que visa realizar a substituição cibernética dos membros do corpo.

No entanto, o que teoricamente era para ser a chance de Chai dedicar sua vida a ser uma estrela, acaba se tornando um pesadelo em razão do acidente que ocorre durante o processo. O dispositivo MP3 cai em seu peito enquanto as modificações estão sendo feitas e acaba se fixando ao corpo, se tornando parte dele, quase como um coração.

E como um defeito DEVE ser eliminado segundo os termos do projeto, toda a empresa se dedica em perseguir e acabar com Chai.

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Hi Fi Rush é mais um exemplo que aproveitou algum gênero de videogame e juntou com o estilo dos jogos de ritmo, tal como ocorre com Metal Hellsinger e BPM: Bullet Per Minute, que são bons exemplos que trazem essa veia musical especificamente para o FPS. Mas diferente destes, aqui vemos a ação rítmica em formato de Hack ‘n’ Slash. Então como já é de se esperar, o foco são combates que incentivam agilidade, reflexo, a construção de combos e principalmente RITMO, que neste caso, é incorporado em TODOS os sentidos.

Tudo neste jogo é dotado de ritmo, seja dentro ou fora do gameplay. Isto é, presente tanto no ato de se movimentar, atacar, defender e concluir os trechos de quick time event, quanto no que cerca o jogador, como todo o cenário em volta cujo os elementos constituintes também seguem e respeitam o BPM (batidas por minuto).

O que destaca o jogo de outros exemplos que adotam essa mistura de gêneros é que ele não se basta só nas qualidades essenciais e já esperadas como funcionar responsivamente e entregar uma ótima seleção de músicas. Em Hi Fi Rush, não só temos trilhas originais e licenciadas em sinergia com a obra como também há acertos em tudo que ele se propõe a fazer.

O combate está longe de ser raso e o level design linear não abandona a exploração graças aos segredos que guardam coletáveis genuinamente úteis, por exemplo. Além disso, a narrativa adota um bom humor que em conjunto de personagens carismáticos se torna divertida de se acompanhar e adiciona à sua história uma leveza, mesmo quando escancara temas nada confortáveis como exploração no trabalho e abuso de megas corporações.

A direção artística também colabora com essa personalidade e leveza. O jogo tem uma identidade forte e uma beleza que só cresce com o quão fluido são as cutscenes e suas transições para momentos de gameplay. Fora a dublagem em PT BR, que foi a que optei para a minha experiência. Ouso dizer que uma das melhores que temos para o nosso idioma.

Hi-Fi Rush é uma obra que me parece ter sido lapidada com muito carinho, uma experiência que celebra o vídeo game com muita paixão direcionada à música. Não à toa o MP3 vai parar no peito de Chai, representa simbolicamente seu coração, essencial a sua vida. Quando enfim me imergi no jogo e “peguei o ritmo” (o que não demorou muito) me vi passando quase que naturalmente por cada batalha das fases, como se sentisse em mim cada batida.

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Antes de sair da Tango Gameworks, Shinji Mikami fez questão de formar excelentes game designers experientes o suficiente para liderar seus próprios projetos e dar vida às suas ideias. Profissionais que oferecem um futuro promissor para a desenvolvedora, sobretudo agora com a chegada de Hi-Fi Rush, uma prova de que não vão se limitar somente ao terror e ao macabro como outrora acreditamos que fossem.

Ansioso para o futuro.

Reviewed on Sep 30, 2023


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