Black Mesa é uma experiência nova, e me fez bem enxergá-lo desta forma desde seus primeiros momentos, pois, ainda que seja surpreendente em matéria de fidelidade (sobretudo em sua primeira metade), ainda segue sendo uma reimaginação, isto é, tomando certas liberdades quando oportuno, sem muitas preocupações. Só o ato de estar neste universo sob uma outra engine, novo visual, nova trilha, efeitos e animações incomuns até para a própria source e mínimos detalhes alterados na campanha, já o transforma em algo diferente o suficiente para, em hipótese alguma substituir o original. Isso somado ao trecho final do jogo retrabalhado, faz Black Mesa soar muito mais como uma jornada alternativa. Isso não o diminui, muito pelo contrário, o excelente proveito que tive deste jogo se deve a esta liberdade que os desenvolvedores acataram.

Senti que o gamefeel é significativamente diferente de Half Life, ao correr, pular e até no gunfight. Além disso, a atmosfera me transmitiu um ar mais épico principalmente nas set pieces que foram muito engrandecidas pela nova trilha sonora feita originalmente para o Black Mesa. No geral, a sonoridade segue uma linha de Eletro Industrial, mas que nos trechos em Xen surpreende com o que parece ser um New Age, lindíssimo.

Falando em Xen, sim, achei tão linda e divertida como dizem. Este último terço do jogo valoriza demais a obra, isso porque julgam esta etapa em Half Life como a pior e mais chata, e ainda que eu não ache de todo ruim, devo admitir que adorei o como a refizeram em Black Mesa. Uma das minhas críticas ao original é que as repentinas sessões de plataforma introduzidos nestes trechos eram incovenientes e nada divertidas, mas aqui são melhor aproveitadas e vem acompanhadas de novos conteúdos em formato cenários, set pieces e puzzles. Até o storytelling fizeram direitinho, investindo muito bem no worldbuilding para contar a história, através da apresentação do ambiente, da reação dos personagens e etc.

Destaco que a experiência de ter visitado esta Xen foi bem mágica, um agrado aos meus sentidos e me encantou num tom contemplativo. A paleta de cor escolhida para o céu, com fortes tons de roxo e azul, somado a linda cena das criaturas alienígenas voando, tudo ao som de uma relaxante e meditativa música cujo a melodia é tecida por um vocal gostosíssimo… Enfim, finalizou com chave de ouro. Sério, escuta isso.

Black Mesa reflete acima de tudo coragem e cuidado por parte da desenvolvedora que ousou reimaginar uma obra considerada tão importante e intocável. Conclui o jogo admirando ainda mais o trabalho duro de 16 anos da Crowbar Collective, que não à toa teve seu lançamento e comercialização permitido pela própria Valve. Essa liberdade e incentivo que a empresa dá aos fãs é virtuosa para suas franquias e me faz ansiar por mais projetos assim.

Reviewed on Nov 11, 2023


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6 months ago

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