Quebrando vários moldes da série, Final Fantasy XII é único e um verdadeiro tesouro para amantes de JRPGs.

Dentro da franquia, Final Fantasy XII sempre foi visto como uma entrada estranha, mas ainda assim, apaixonou milhões de jogadores que apostaram no jogo, sendo recompensados com uma excelente aventura RPG, cheia de belos visuais que encantam até hoje em um mundo fascinante e uma abordagem única de exploração livre e combate.

Após Final Fantasy Tactics e Vagrant Story, a Square Enix nós leva novamente ao mundo de Ivalice, criando a série de jogos Ivalice Alliance e definindo como talvez o melhor mundo já criado em um Final Fantasy.

E vamos começar aqui por ela: Aqui nos é apresentado uma Ivalice em guerra entre os grandes impérios de Arcadia e Rozarria, e no meio destes fica as terras de Dalmasca e Nabradia, que pretendem se manter neutros nesta guerra, contudo, por seu posicionamento estratégico e por fazerem fronteira com os impérios em guerra, acabam sofrendo ataques de ambos os lados. O Rei Raminas estava pronto para assinar um tratado de paz entre Dalmasca e Nabradia a fim de unificá-los, e para isso, a sua filha Ashelia havia se casado recentemente com Lord Rasler, príncipe de Nabradia, mas em um avanço das forças armadas de Arcadia, Rasler é morto, assim como o Rei Raminas, e dias depois Ashelia é dada como morta por suicídio, assim Nabradia foi incorporada ao território de Arcadia.

Nossa aventura começa com o órfão Vaan em Dalmasca, que vê a cidade sendo obrigada a receber uma visita de Vayne Solidor, o herdeiro do trono de Arcadia, que irá apresentar um projeto de incorporação de Dalmasca ao Império Arcadiano. O garoto que sonha um dia ser um pirata dos céus pretende invadir o castelo de Dalmasca para por as mãos em qualquer coisa preciosa que puder encontrar, e então se depara com os piratas Fran e Balthier que tiveram a mesma ideia enquanto de fundo o castelo está sendo atacado, na fuga há algumas revelações, coisas acontecem e Vann descobre que acabou de entrar em uma aventura ainda maior do que um dia sonhou.

Aproveitando da premissa, é importante enfatizar que FFXII aborda temas mais adultos, como vingança, até onde o poder altera as pessoas, a conquista pela liberdade, julgamentos prematuros que afetam toda uma sociedade e uma política irresponsável, oportunista que busca favorecer poucos e fazer justiça como bem entender. Tudo isso ambientado em um mundo incrível graças a uma impressionante direção artística e sensação de locação, cheia de ambientes distintos, designs dos personagens e criaturas que parecem reais o suficiente para torná-lo vívido, único e inesquecível.

Na jogabilidade o jogo imediatamente difere dos demais, possuindo uma enorme profundidade e que é reforçada ainda mais quando temos o Active Dimension Battle refinado como sistema de combate que aproxima o jogo de um action RPG. Ao contrário do que era tradicional, os monstros agora são visíveis na tela e basta entrar no campo de visão para começar o combate. Sendo assim, você pode realizar os comandos normalmente ou utilizar do sistema de gambits, que basicamente automatiza as ações e reações dos personagens às situações, puxando bastante dos conceitos de programação, é tão lindo ver o quanto esse sistema funciona bem e como é possível virar uma batalha a seu favor graças as seus gambits bem configurados.

Nessa versão do jogo, além das muitas melhorias gráficas e diversos ajustes resultando em uma excelente otimização, nos somos apresentados ao sistema de profissões baseados nos 12 signos zodiacais, introduzidos para balancear a dificuldade e ampliar as possibilidades. O jogador pode escolher duas profissões para cada personagem e resetar a qualquer momento. Cada job possui seu próprio tabuleiro de licenças que funciona como uma árvore de habilidades ou progressão. Ao desbloquear as casas do tabuleiro através de pontos, você abre casas adjacentes e assim progride para conseguir níveis diferentes de armas, acessórios, magias e melhorias, como aumentar seu HP ou seu dano físico. Ter duas profissões aumentam as possibilidades de criar um estilo próprio pra cada personagem.

E com um mundo bem construído, não se pode faltar coisas pra se fazer. Final Fantasy XII tem um dos melhores fatores replays da franquia e fico impressionado como que tanto conteúdo cabia em apenas um CD de PS2 e ainda possuindo gráficos excelentes da época. O tempo de duração da campanha principal é de 30 a 50 horas, podendo esse número aumentar para mais de 100 horas se for buscar tudo que o jogo esconde e oferece: caçadas, quests secundárias, bosses opcionais, summons, dungeons, itens, trial mode... enfim, essa sensação de descobrimento e evolução constante mesmo após a finalização do game me deixa maravilhado e é o tipo de coisa que torna uma platina gostosa de obter.

Meus únicos problemas com o jogo são os extremos: o protagonista e o vilão. Vaan é criado para ser o personagem principal porém possui uma história tímida que é rapidamente abafada logo nas primeiras horas de jogo. E o vilão que por possuir pouco tempo de tela não dá tempo do jogador construir uma relação com ele, sendo outros vilões da trama muito mais emblemáticos e que roubam mais as cenas. Entretanto, todos os demais personagens aqui são bem desenvolvidos como padrão na série e aqui bato palmas.

Devido à forma como quebra com o que era considerado convencional e perfeito na aclamada série, Final Fantasy XII nos mostra que é possível ser diferente e mesmo assim elevar o patamar da franquia a outro nível, sendo uma referência pra muitos jogos posteriores. É uma experiência fantástica e que mesmo apesar do preço, vale muito a pena, é um port remasterizado mas que possui relevância triple-A até hoje. É um jogo incrível e atual não por motivos de ter envelhecido bem, na verdade é incrível e atual pois Final Fantasy XII está muito a frente a sua época de lançamento.

Reviewed on Feb 18, 2024


Comments