Playdead não decepcionou com Limbo, e não seria com Inside que isso aconteceria. Belos seis anos de trabalho.
Uma frase que poderia definir tal jogo, pelo menos na minha visão, seria "o desconhecido chega a ser divertido". Não sabia de nada sobre ele e sendo bem sincero até agora tô tentando entender a estória... se é que tem uma de fato ou se os criadores quiseram que nós interpretássemos da nossa maneira.

A gameplay se baseia em game de plataforma com puzzles. Nós controlamos um garoto em um mundo bem hostil e bizarro onde teremos que passar por diversos desafios em busca de algo.
Enquanto em Limbo (spoilers para quem não jogou ou assistiu sobre) nós estamos em busca de nossa irmã, em Inside somos apresentados ao seu universo, do que ele é composto e sua natureza.
Em nenhum momento, repito, em NENHUM momento do jogo somos apresentados a algum texto ou diálogo. Apenas os cenários, NPC's e suas ações nos contam uma estória (ou tentam).

Não senti nenhum cansaço por conta dos puzzles, muito pelo contrário, eles se unem tão bem com "o que deve ser feito" e "o que eu posso fazer?" Não são desafiadores, vai por mim.
Chega a ser bem intuitivo e adicionam na narrativa com espaço para interpretação.
Os gráficos a princípio não parecem serem grande coisa, mas conforme você vai avançando acaba percebendo que caiu no conto de "Quantos detalhes, hein? há quanto tempo aquilo está ali? Que coisa é aquela no fundo? Calma, volta, vi algo... não dá pra voltar, corre!" e assim sucessivamente.
E o jogo usa bem seu ambiente 3D para um personagem (de certa forma) 2D, eles casam bastante.

O som foi um fator que me prendeu bastante. Recomendo fones de ouvido.
Não existem tantas músicas em Inside, mas ele cobre essa falta com seus sons ambientes bem feitos. As músicas servem mais para construir a atmosfera de cada área ou qual sentimento o nosso personagem está sentindo no momento como medo ou tensão, e isso também serve de aviso ao jogador para ele tentar agir rapidamente.
Mesmo que nosso personagem não tenha um rosto, ainda assim ele consegue se expressar bem através de seu corpo.

Eu achei bem natural as mudanças de cenários que vamos encontrando ao longo da gameplay. É algo tão dinâmico que você às vezes só segue em frente para saber o que virá.
Mas cuidado, a curiosidade pode matar o gato.
E às vezes precisamos morrer para entendermos o que deve ser feito naquele instante.

O jogo é curto, fazendo você gastar apenas 2h ou 2h e 30min no máximo.
Mas caso queira estender esse tempo, existem áreas secretas que, ao encontrarmos certos objetos neles, desbloqueiam um final alternativo. É uma motivação ao fator replay.
Inside reforçou ainda mais o meu pensamento de que um jogo não precisa ter muitas horas de duração para se mostrar capaz e deixar uma memória em quem jogou.

Um jogo indie ambicioso onde cada puzzle ensina de maneira indireta as mecânicas (simples) e narrativa.
Ele não se repete, coloca o jogador em momentos de tensão bem colocados (até hoje lembro daquela... coisa na água), suas animações e física são bem feitas, seus cenários são minimalistas, dá dicas ambíguas sobre seu universo e faz você ficar incrédulo/agoniado/confuso com toda a sequência final.

Reviewed on Nov 03, 2023


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