Apesar de hoje em dia ninguém com pelo menos dois neurônios duvidar que o meio interativo pode contar grandes histórias, alguns gêneros específicos são percebidos como narrativos por excelência — RPGs, adventures, visual novels — enquanto outros são considerados mais... Performativos? É, acho que essa palavra serve.

Acho que nenhum gênero sofre mais com essa dicotomia que o de plataforma. No limite, a história é considerada quase irrelevante para jogos do tipo, com o foco quase sempre sendo na solidez mecânica e level design. Claro, essa dicotomia é falsa. Não faltam exemplos de games de plataforma com narrativas fortes: Prince of Persia, Limbo, Inside, Braid, Metroid... e Gris.

Gris é antes de tudo uma experiência pessoal. A personagem principal encontra-se sem voz, num mundo sem cor e em ruínas, e cabe a você guiá-la para reconstruir o mundo e regenerá-la. Uma metáfora para depressão e superação sutil como o coice de uma mula, mas realizada de forma efetiva usando as ferramentas do gênero com maestria.

Reviewed on Nov 05, 2020


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