Dandara é o melhor jogo brasileiro que já joguei, e também o jogo mais brasileiro que já joguei.
Usar a cultura e folclore brasileiros não é algo novo no mundo dos games, mas os games que joguei que fazem isso sempre dão um tratamento mitológico para esses elementos - eles estão lá para dar aquele toque de originalidade, mas estão distantes da vivência do brasileiro moderno padrão. Não é muito diferente, nesse quesito, da mitologia grega ou nórdica: fascinante e certamente parte da história dos povos que a originaram, mas não parte de nosso cotidiano.
Não há nada de errado com a abordagem mitológica, mas o caminho seguido por Dandara é outro. O uso simbólico da guerreira negra do período colonial pode à primeira vista enganar, mas o jogo quer contar uma história que fale com qualquer brasileiro urbano moderno. Assim sendo, toda a trama se passa em uma urbe brasileira moderna: Belo Horizonte.
Não literalmente, é bom deixar claro. Dandara se passa na cidade de Sal, um lugar mágico e com arquitetura desnorteante que só pode ser trafegado com as habilidades incríveis da heroína. Mas Sal É Belo Horizonte. As ruas, as lojas, as estações abandonadas, até as pichações: tudo é um transplante da Belo Horizonte real, ressignificado e rearticulado para satisfazer essa fantasia urbana sobre liberdade, sonhos e mudança.
Não consigo imaginar um encaixe mais perfeito para essa ambientação do que o gênero de metroidvania. Também não consigo imaginar um complemento melhor do que a original mecânica de movimentação do jogo, em que Dandara navega entre as plataformas saltando e desafiando a gravidade. Sal é desnorteante, caótica e nem sempre faz sentido. É preciso explorar a cidade de ponta a ponta para entendê-la, com caminhos menos óbvios sendo quase sempre os únicos possíveis. Quase sempre seu objetivo é "logo ali" - frase que qualquer mineiro sabe o real significado.
Será que eu gostaria tanto desse jogo se eu não fosse brasileiro e morasse em Belo Horizonte? Provavelmente não. Mas o fato de Dandara se comunicar tão bem com minha realidade e se tornar uma experiência ainda melhor com isso só o torna ainda mais especial.
Usar a cultura e folclore brasileiros não é algo novo no mundo dos games, mas os games que joguei que fazem isso sempre dão um tratamento mitológico para esses elementos - eles estão lá para dar aquele toque de originalidade, mas estão distantes da vivência do brasileiro moderno padrão. Não é muito diferente, nesse quesito, da mitologia grega ou nórdica: fascinante e certamente parte da história dos povos que a originaram, mas não parte de nosso cotidiano.
Não há nada de errado com a abordagem mitológica, mas o caminho seguido por Dandara é outro. O uso simbólico da guerreira negra do período colonial pode à primeira vista enganar, mas o jogo quer contar uma história que fale com qualquer brasileiro urbano moderno. Assim sendo, toda a trama se passa em uma urbe brasileira moderna: Belo Horizonte.
Não literalmente, é bom deixar claro. Dandara se passa na cidade de Sal, um lugar mágico e com arquitetura desnorteante que só pode ser trafegado com as habilidades incríveis da heroína. Mas Sal É Belo Horizonte. As ruas, as lojas, as estações abandonadas, até as pichações: tudo é um transplante da Belo Horizonte real, ressignificado e rearticulado para satisfazer essa fantasia urbana sobre liberdade, sonhos e mudança.
Não consigo imaginar um encaixe mais perfeito para essa ambientação do que o gênero de metroidvania. Também não consigo imaginar um complemento melhor do que a original mecânica de movimentação do jogo, em que Dandara navega entre as plataformas saltando e desafiando a gravidade. Sal é desnorteante, caótica e nem sempre faz sentido. É preciso explorar a cidade de ponta a ponta para entendê-la, com caminhos menos óbvios sendo quase sempre os únicos possíveis. Quase sempre seu objetivo é "logo ali" - frase que qualquer mineiro sabe o real significado.
Será que eu gostaria tanto desse jogo se eu não fosse brasileiro e morasse em Belo Horizonte? Provavelmente não. Mas o fato de Dandara se comunicar tão bem com minha realidade e se tornar uma experiência ainda melhor com isso só o torna ainda mais especial.
3 Comments
sabia que a galera era de BH , mas não sabia que a cidade era baseada na nossa.
gostei muito de como essa review soou como uma das mais pessoais até então.
gostei muito de como essa review soou como uma das mais pessoais até então.
Obrigado por comparecerem à minha TED Talk.
heatten
3 years ago