Stray chamou a atenção de todo mundo e conquistou todos os corações sendo o famoso "jogo do gato". E, realmente, é muito legal e impressionante o quanto eles conseguiram capturar e reproduzir os movimentos e comportamentos do gatinho e é adorável e impossível não morrer de fofura. Mas isso passa. O que me conquistou MESMO e nunca deixou de me divertir e cativar foram os robôs.

Stray começa com você, literalmente, caindo nessa cidade subterrânea onde se passa o jogo. O cenário é um mundo pós apocalíptico onde, aparentemente, os humanos foram extintos e só sobraram esses robôs que absorveram hábitos e personalidades dos seus "ancestrais de carne". Eu acho interessante demais esse conceito e o mundo que eles criaram. Eu gosto, também, que em nenhum momento existe a discussão batida de "mas eles são seres vivos de verdade?". Você logo compra que são, e o jogo se preocupa em tratar de outros temas. Os robôs tem sonhos, aptidões, gostos próprios, medos, amores. Tem algo de muito tocante, pra mim, ver um robô querer aprender músicas novas, ou cuidar de plantas que não são vitais pra eles, porque oxigênio não significa nada pra alguém que não respira, mas eles acham as plantas bonitas e sabem que foram importantes, então cuidam. E eu sorria toda vez que meu personagem gato miava e eles olhavam pra mim com espanto, ou quando eu me esfregava nas pernas deles e ganhava um coraçãozinho no display deles. Praticamente todos os robôs são legais de conversar e eu me diverti explorando os diálogos. O único problema é que são poucas linhas por personagem, eu gostaria de MAIS. É compreensível ser limitado pelo escopo do jogo, no entanto.

A sociedade dos robôs copiou e manteve as partes ruins da humanidade, também. Então, assim como, sei lá, 99% das histórias que se passam em algo meio cyberpunk, aqui também existe uma crítica social ao capitalismo, à divisão de classes e etc. A busca principal do seu personagem é voltar ao mundo exterior de onde você veio, e na sua jornada você encontra outros que querem escapar do mundo subterrâneo, também. De novo, tem algo muito bonito nos robôs querendo ver estrelas de verdade. Ver o céu de verdade, em vez da simulação do mundo fechado deles.

Dava pra fazer tudo isso sem seu personagem ser um gato? Sim. Mas ai que está, ser um gato deixa a exploração mais interessante e a interação com o mundo mais legal também. Explorar o mundo sendo um ser pequeno, mas com habilidades de escalar e acessar lugares difíceis deixa tudo muito legal. Ver o mundo “de baixo”, também é interessante e diferente. E tudo é muito bonito. Eu não cansava de explorar porque era tudo bonito de olhar o tempo todo. E acho que o escopo ser pequeno favoreceu o jogo nesse sentido, porque as áreas eram todas do tamanho certo para não ser cansativo, quando eu começava a enjoar de um lugar, já estava na hora de ir para outro.

Stray, na verdade, é um jogo muito simples. Puzzles faceis de resolver, uma interação com o mundo que você já viu antes. Aquela mecânica de quests de “pega algo e trás pra essa pessoa”. Partes, inclusive, que são chatas e eu achei ruins, tipo um momento que você precisa “atirar” e é um controle ruim e eu não via a hora de acabar (felizmente dura pouco). Por isso, eu vi muita gente se decepcionar com ele, ou não achar tudo isso. Mas acho que essa mistura de elementos deixou o jogo único o suficiente e me fez gostar muito dele, então pra mim funcionou demais. Me apeguei muito aos meus amigos de metal, me emocionei com o jogo e já estou com saudades. Ser curto não é um defeito e ele dura o tempo que tem de durar, mas eu certamente jogaria mais um pouquinho.

Reviewed on Dec 19, 2022


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