Todo mundo tem aquele "jogo dos sonhos" que não existe e gostaria muito que fosse criado. Um dos meus foi realizado, mas ainda não chega lá.

Ao ser anunciado, BPM- Bullets Per Minute me deu um vislumbre de que esse conceito de FPS "Boomer shooter" de ritmo era totalmente possível e de que havia pessoas pensando como eu. Infelizmente, ele era um roguelike, o que tirou quase toda a minha vontade de jogá-lo.
Eis que Metal Hellsinger é anunciado, jogo a demo, amo, e espero ansiosamente por uma boa promoção. A hora chegou.

O conceito é maravilhoso, a trilha sonora é excelente, meu cabelo vai quase até a cintura e adoro os dois gêneros que ele mistura. O fato de eu ter gostado e os motivos pra isso são óbvios, então vou pular essa parte e dizer que eu quero muito que esse jogo tenha uma sequência, porque acho que ele apenas arranhou seu potencial completo. Nessa sequência, eu mudaria muitas coisas pra melhorar a experiência.

A história e sua apresentação servem muito bem ao jogo, que sequer precisava disso. O caminho a se seguir é claro, e o próprio jogo o apresenta no fim. A exposição de lore no meio dos desafios é dispensável, e eu mesmo pulei tudo, o que nunca faço.
O cenário do inferno, ou melhor, diferentes infernos, dá uma liberdade infinita de criação. Logo, é um desperdício imenso que só fiquemos entre cenários genéricos de inferno, neve, tumbas, e a mistura desses. O design da maioria dos demônios não demonstra personalidade nem evoca nenhum tipo de sentimento, é tudo muito comum.
O mesmo vale pras armas, tirando o nosso companheiro PAZ, que são versões levemente estilizadas de armas que estamos acostumados em jogos, sem acrescentar nada musicalmente característico nelas. Eu acabei ficando maior parte do tempo com os revólveres duplos e a escopeta, pois as outras armas não tem o impacto e utilidade no nível em que um jogo desse merece. Isso também acontece porque só é possível carregar duas por vez, ao invés de todas, o que é convenção do gênero e foi mudado pra pior aqui.
A implementação da trilha sonora na jogabilidade é quase perfeita, mas escutar os mesmos tipos de metal de novo e de novo, transitando entre power metal, death metal melódico e afins, onde todas as músicas tem uma marcação de tempo e instrumentalização igual mudando apenas a velocidade faz com que várias músicas acabem se misturando, mesmo com os vocalistas distintos. Ainda assim, há algumas que se destacam. Há também as que se repetem demais, como a dos chefes, que acompanhando a música, se repetem até o penúltimo. Eles perderam uma oportunidade enorme aqui de fazerem chefes marcantes e distintos estilo Metal Gear Rising: Revengeance, o que me parecia tão óbvio! Se não há orçamento pra fazer um chefe diferente pra cada fase, tenha menos chefes, mas bons e únicos.
Como se não bastasse, o caminho até eles sofre os mesmos problemas que cada um desses aspectos sofrem. As oito fases não se parecem só em visual, trilha sonora e inimigos. No level design, elas parecem variações da mesma sendo repetida durante todas elas, e assim como os chefes, não são muito bons. As arenas e os caminhos até elas variam muito pouco, explorando muito mal a verticalidade e o que poderia se diversificar entre elas. Nunca há nada interagível e os caminhos sempre são corredores quase retos, fazendo com que a freneticidade não tenha um descanso sequer. Doom Eternal mostra como sessões de plataforma podem equilibrar muito bem isso, e imagino o quão legal poderiam ser essas sessões de forma rítmica.
A penúltima fase se destaca não só pelo cenário diferente, mas ainda genérico, mas também por apresentar verticalidade e caminhos mais interessantes pra se navegar nas arenas. Parece até que não foi feita pelos mesmos freelancers que fizeram o resto dos níveis (nada contra essa classe, é assim que eu pago esses jogos).

Com todos esses elementos se misturando e se repetindo sem descanso, o jogo se torna... repetitivo. A última coisa que um jogo de ritmo baseado em pontos pode ser. Ao invés de me fazer querer rejogar atrás de pontuações melhores, ele me faz pular até os desafios cuja as recompensas não me interesso, pois os perks não mudam a gameplay o suficiente em sua maioria. A duração curta do jogo é perfeita, pois se durasse mais ficaria realmente cansativo, e isso tá vindo de alguém que rejoga Sonic e Devil May Cry atrás de ranks cada vez maiores e tem dois Guitar Heroes dentre os jogos mais jogados da vida.

Esses são os pequenos grandes problemas que impedem Metal Hellsinger de ser a materialização de um dos jogos dos meus sonhos. A protagonista também precisa de mais personalidade, assim como todo o resto que deveria se entregar e entrelaçar com o tema e cultura do metal e seus mais distintos subgêneros.
É uma janela pro paraíso, e espero que quando a Enigmata bater em seus portões, esses problemas tenham sido corrigidos.


Hi-Fi Rush, me aguarde!

Reviewed on Mar 01, 2024


5 Comments


1 month ago

Concordo com tudo que foi dito, só não posso concordar mais porque eu fui impedida de zerar o jogo por motivos de crash e pelo jeito isso é algo comum desde a demo e sem correção. Pra mim se tornou mais cansativo pelo simples fato de rejogar uma fase mais de 554513 vezes tentando fazer que nao bugue, isso com uma possível tendinite na mão que fez o trabalho se tornar ate doloroso.
Minha mao chegou ao inferno, 5/5, o jogo cumpre seu nome
@cellerepe Isso é muito ruim. Minhas mãos também chegaram ao inferno junto dos meus pulsos!

1 month ago

23:59:
- Puts como minha mão dói, esse jogo tá levando meus pulsos pro inferno.

00:00:
- Hi-Fi Rush, me aguarde!
@CDX FPS tem que ser no mouse e teclado. Hack n' slash tem que ser no controle. O controle não mem machuca kkkkk

1 month ago

Hahahaha! XD

Nossa, ainda bem que jogar tiro no controle é suave pra mim, senão eu tava fodido também.