Nunca outro título me passou tanta realidade mórbida como Disco Elysium. A narrativa, os personagens, e o ambiente são tudo tão reais que causa até desconforto.

Os cenários e situações em que o protagonista é colocado demonstra o ser humano na sua forma mais íntima e sem filtros sociais, afinal de contas você está dentro da mente dele. Ao longo dos diálogos, diversas partes do cérebro do protagonista interagem e comentam suas decisões e interações. Partes químicas, lógicas, emocionais, etc.

Grande parte da narrativa é pautada de acordo com o envolvimento político do jogador, abrindo brecha pra um roleplay que depende de valores pessoais e ética. Sem papas na língua. Se você age como fascista, o jogo te chamará do que você é e ponto.

O worldbuilding, apesar de excepcional, é apresentado ao decorrer do jogo de forma preguiçosa usando o famoso clichê de protagonista que sofre de amnésia. O problema aqui mora no simples fato de você ter histórico com alcoolismo mas depois pode escolher não ter, sem nenhum tipo de consequência.

Quanto a dublagem: uma das melhores que já vi em um videogame. O Final Cut trouxe essa feature mudando a obra da água pro vinho. Foi definitivamente crucial essa escolha pra eu amar essa experiência.

Disco Elysium é uma obra sensacional que merece ser lembrada por anos. É realmente uma pena o estúdio ZA/UM ter tido conflitos internos com os autores do jogo pois nunca veremos uma sequência ou algo na mesma pegada feito pela mesma equipe. Torço pra que seu legado inspire muitos outros que estão por vir.

Reviewed on Mar 06, 2024


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