Killer7 é, por qualquer lente tradicional, um jogo disfuncional, irritante e incoerente. Sua história surreal não faz o menor esforço em se tornar clara para o jogador, todas as mecânicas agem com o propósito de distanciar o jogador de convenções pré-estabelecidas pelo seu gênero, e o seu tom varia muito grosseiramente entre horror, drama político e comédia. O jogo faz de tudo para alienar o jogador, jogando fora qualquer senso de segurança e expectativa que ele pode ter da obra. E é assim, com todo o leque de possibilidades se apresentando como uma verdadeira incógnita, que ele te prende. Killer7, ao não fazer o menor esforço em querer reciprocar o interesse do jogador, acaba criando uma atração magnética para quem tem a paciência para se deixar ir em uma viagem em que, embora ele não pareça ser bem vindo, será sem dúvidas uma que jamais esquecerá.

Não consigo falar com certeza se Killer7 é um comentário genial sobre política, metanarrativa, ou entretenimento em geral - ou se é apenas nonsense japonês feito pra zoar quem busca por significado nesse tipo de obra. Creio que ele caminha uma linha tênue, da largura de um fio de cabelo, entre os dois, e é o tipo de obra que estava (e ainda está) além de seu tempo. Não é uma recomendação fácil para ninguém, e posso contar em uma mão os momentos em que me diverti com ele; porém, se você é, como eu, um desses que acredita que jogos tem potencial artístico inigualável, esse seria um dos (difíceis) argumentos que provariam seu ponto.

Reviewed on Nov 03, 2020


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