Return to Grace mira um debate sobre inteligências artificiais e acerta em uma bela reflexão sobre personalidade baseada em três aspectos: empatia, controle e lógica. A personificação dessas três debate, apresenta pontos de vista e tem vontade própria. Fora isso, elas funcionam como cores primárias que, quando misturadas, geram outras bem diferentes: Pal, Mom e Jack. O nome não diz muito sem o contexto, mas é interessante comparar com pessoas do nosso cotidiano e ver como se aplica.
Claro, humanos são muito mais complexos do que três aspectos misturados, mas muitas das nossas ações giram em torno de uma lógica, de uma empatia (que pode ser vista como emoção) e controle (que é como um egoismo). Não dá pra por Controle e Empatia em lados opostos e a lógica sendo mediadora, cada um tem suas próprias características.
Escolher seguir a direção apontada pra uma mostra como nós pensamos como jogadores, já que dentro do círculo mágico, criado por meio de um conjunto de pixels e sons, nós tomamos atitudes que não necessariamente correspondem ao "vamos ver". No meu caso, sou um jogador mais empático, mas também curto desafios. Por conta disso, Pal foi a voz que eu mais segui e, por acaso, uma das que mais me divertiu.
Se tratando de história e enredo, Return to Grace é um absoluto golaço!

Há outros aspectos que devemos analisar com calma. Se você não percebeu por trailers ou comentários de outras pessoas, vou jogar agora: ele é um walking simulator. Pra mim, não é nenhum problema, já que eu curto muitos outros games do gênero, mas há um incômodo bem grande que ficou me cutucando durante toda a aventura. Grande parte das atividades complementares a andar, como abrir uma porta ou AGACHAR, é feito pelo click do mouse em momentos extremamente específicos. Então o jogo debate controle, mas tira ele completamente de nós. E não é o mesmo de outros títulos, é só… ridículo.
Junto a isso, o espaço entre um checkpoint e outro é gigante, então por vezes eu tive que recomeçar um segmento inteiro, pois o jogo não salvou.

E fecho esta curta análise elogiando a atuação de todos os envolvidos. Muito bem feita e muito bem mixada.