Icewind Dale trata-se de um CRPG lançado nos anos 2000, época que, para mim, trata-se da era de ouro dos CRPGs. A versão que joguei, a Enhanced Edition, trás conteúdo extra diretamente de Baldur's Gate II, como itens e equipamentos, o que para alguns é algo positivo, mas para outros, nem tanto. Como grande fã de Baldur's Gate, eu vejo essas adições com bons olhos. Esteticamente, Icewind Dale: Enhanced Edition possui todo aquele charme dos CRPGs com visão isométrica dos anos 90 e início dos anos 2000 – o que não é surpresa dada a já mencionada data de lançamento do jogo e o fato de que, assim como Baldur's Gate I & II, por exemplo, o jogo originalmente ter sido feito na Infinity Engine – , mas por se passar em Icewind Dale, uma região coberta de neve ao norte de Faerun, ele se diferencia dos demais jogos feitos na Infinity Engine por seguir com uma estética que dissoa um pouco daquela estética medieval, vista na esmagadora maioria dos CRPGs, ao adotar elementos da cultura escandinava, por exemplo.

Seu combate é em tempo real com pausa e se baseia na segunda versão de Advanced Dungeons & Dragons, assim como Baldur's Gate I & II e Planescape Torment, onde incorpora elementos como o THAC0 e o AC que, grosso modo, são a probabilidade de acerto de um ataque e a defesa dos personages. Sua história e narrativa não são nada além de medíocres, sendo apenas plano de fundo para porradaria franca. Inclusive, é nesse aspecto que Icewind Dale mais se difere de Baldur's Gate e de Planescape Torment: enquanto este último foca em elementos narrativos (construção de mundo, construção e desenvolvimento de personagens, etc) e o primeiro busca um equilibrio entre combate e esses mesmos elementos narrativos, Icewind Dale: Enhanced Edition foca quase que exclusivamente no combate. Desde o primeiro momento somos postos para combater hordas e mais hordas de inimigos, e o ritmo não diminui nem por um segundo durante toda a sua duração. Portanto, caso esteja esperando por personagens carismáticos e uma construção de mundo muito bem feita, Icewind Dale: Enhanced Edition pode não ser para você. No mais, eu admito ter um fraco pelos jogos da Infinity Engine, então não deixo de amar este jogo e de considerá-lo um clássico absoluto do genero. Por fim, deixo minha recomendação do mesmo para todos os fãs de CRPGs que queiram brincar com o combate de AD&D em sua segunda edição, ou apenas reviver aquela nostagia do final dos anos 90 e inicio dos anos 2000.

Beyond Divinity mostra-se inferior à Divine Divinity em todos os aspectos possíveis, desde elementos mais técnicos e objetivos, como, e.g., o level design, a questão da otimização do jogo e o sistema de progressão, até elementos mais subjetivos, como, e.g., a extrema linearidade do jogo, o carisma dos personagens e do mundo em que estamos inseridos e sua história e narrativa. Sou categórico ao afirmar que este trata-se de um verdadeiro retrocesso em relação à seu antecessor, Divine Divinity. O que o salva de ser um total fracasso, no entanto, é seu combate que permanece tendo uma relativa qualidade, mas nada que mereça destaque ou que eleve a qualidade do jogo como um todo. Dito isso, não consigo recomendar este jogo a ninguém, nem mesmo aos mais assíduos fãs da franquia Divinity.

Atualmente, a série Divinity é relativamente conhecida entre os apreciadores de RGPs e foi aqui, com Divine Divinity, que tudo começou. Apesar das entradas posteriores na série, como os Original Sin I & II, possuírem um combate tático por turnos, focado estratégia, em Divine Divinity temos o clássico combate em tempo real com pausa e que não utiliza um sistema de TTRPG (Table Top RPG) como base, o que faz com que este se aproxime muito mais ao de um action RPG, como Diablo, do que ao de um CRPG clássico, como Baldur's Gate I & II, por exemplo. Mesmo assim, o jogo ainda conta com diversos elementos dos CRPGs clássicos, como uma resposta e dinâmica do mundo frente às escolhas do jogador e skills não relacionadas ao combate, como o lockpick e pickpoclet, por exemplo. Sua história e plot são fenomenais; a cosmologia da série Divinity é um prato cheio para os amantes de alta fantasia, e estes, em consonância com a narrativa nada linear presente no jogo, formam um pacote robusto.

Visualmente, o jogo possui uma ótima direção de arte e uma identidade visual muito forte, que conta com o charme dos RPGs com visão isométrica do final dos anos 90 e inicio dos anos 2000. Por fim, cabe mencionar alguns defeitos do mesmo, sendo eles relacionados principalmente a problemas de compatibilidade com hardwares mais modernos, o que ocasionou, na minha experiência, eventuais crashes e problemas com baixo FPS no jogo. Há também alguns bugs relacionados aos NPCs do jogo, como o seu desaparecimento, e que, por vezes, acabam travando certas quests do jogo. Felizmente não houve nada que impedisse o meu progresso na quest principal ou, sendo sincero, na esmagadora maioria das quests do jogo, mas esse tipo de problema deve ser mencionado. No mais, Divine Divinity é um ótimo jogo, clássico absoluto do gênero. Recomendação fortíssima!

Para aqueles que não estão cientes, Lionheart: Legacy of the Crusaders é um CRPG oldschool com visão isométrica, um dos últimos antes do declínio do gênero, ao lado de The Temple of Elemental Evil, outro jogo fantástico e o qual pretendo, muito em breve, rejogar e avaliar por aqui! Retornando a Lionheart, o jogo adota o mesmo sistema de combate encontrado nos dois primeiros Fallouts, o sistema SPECIAL, e, embora não figure entre os meus sistemas favoritos (Pathfinder e AD&D 2ª edição ocupam essa posição), minha única crítica nesse aspecto está relacionada a algo que ocorre em seu end-game, momento em que o jogo torna-se praticamente um pseudo-hack and slash. O que acontece é um favorecimento de certas builds em detrimento de outras. Em particular, builds melee parecem ser preferidas em uma boa porcentagem da segunda metade do jogo, embora haja ocasiões pontuais em que builds ranged parecem ser as únicas viáveis naquele ponto, o que evidencia alguns pontos fracos de game design.

Quanto a sua apresentação visual, ela é espetacular: o charme dos CRPGs do final dos anos 90 e início dos anos 2000 está presente em Lionheart. Tanto a direção de arte quanto os gráficos são excelentes; no entanto, Lionheart peca por não ter suporte nativo para resoluções mais altas, o que, de certo modo, é compreensível, dada sua idade. Sua ambientação e a presença de diversas personalidades históricas, apresentadas com zero acurácia histórica, são aspectos que merecem destaque e que dão um charme e um tom bastante único para o jogo. Quanto à sua história e narrativa, ambas são razoáveis, sem se destacar como em Baldur's Gate I & II ou em Planescape Torment, e seriam aspectos bastante sólidos do jogo caso os desenvolvedores tivessem dado mais agência ao jogador pois, apesar de se tratar de um CRPG, o que me pareceu é que nossas escolhas pouco importam para o desenrolar do jogo. Por fim, dito tudo isso, o meu veredito é que Lionheart: Legacy of the Crusader trata-se de um excelente jogo para àqueles apaixonados por RPGs, principalmente os CRPGs mais old school. Recomendo fortemente!

Possuo uma relação insólita, para dizer o mínimo, com esse jogo. Se, por um lado, eu odiei basicamente todos os aspectos imagináveis a seu respeito, por outro, eu não conseguia parar de jogá-lo. E quando eu digo que "odiei basicamente qualquer aspecto a seu respeito", não se trata de uma hipérbole: gameplay, narrativa, controles, fator de rejogabilidade, IA, bugs ou qualquer outro aspecto de um jogo que vocês imaginarem são todos horrível, ao meu ver, em Invictus: In The Shadow of Olympus. Todavia, algo nele fez com que eu não conseguisse parar de jogá-lo (talvez, minha indignação com o mesmo? Quem sabe) e, com isso, consegui ultima-lo. No mais, simplesmente estou começando 2024 DAQUELE jeito em relação a jogos, hein...