Pitfall! 1982

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6h 50m

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2 days

Last played

September 17, 2022

First played

September 16, 2022

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31 de 32 tesouros. Trinta. E. Um. Fodendo. Tesouros.

Ok, vamos dar uma pequena marcha ré.

Já joguei Pitfall antes, mas só agora realmente joguei Pitfall. O que quero dizer é que minhas experiências anteriores com o jogo se limitaram a rodar ele num emulador, dar uns pulinhos por cinco minutos, falar "é, é um jogo velhão mesmo" e ir fazer outra coisa.

Essa foi minha experiência com a maioria dos jogos do Atari 2600 por muito tempo. Quem olha pro meus logs pode pensar que sou imune à barreira da idade, mas não é bem assim. A verdade é que não sou lá tão jovem assim (31 anos e contando), então as gerações 8 e 16 bits fizeram parte da minha infância. Já coisas mais velhas que o NES por muito tempo pareceram irremediavelmente datadas. Foi só nos últimos 5 e tantos anos que comecei a expandir meus horizontes para temporalidades lúdicas mais longínquas. Ou, em bom português, deixar de ser fresco na hora de jogar jogo véio.

Pitfall é um monumento histórico. Se Donkey Kong firmou as bases dos jogos de plataforma, foi Pitfall que transformou plataforma num gênero específico, desmembrando-o de forma clara dos maze games e arcades de ação. Esta é uma verdadeira aventura focada no domínio do movimento - talvez não a primeira, mas certamente a mais influente.

Mas mais do que um simples monumento a ser contemplado, Pitfall ainda é um game que vale a pena ser jogado. Se seu aspecto visual pode ser rudimentar para alguns (ou "cheio de charme", como diriam outros), uma vez em movimento ele se prova incrivelmente moderno. Sua intuitividade nascida de sua limitação técnica esconde certas profundidades, como o fato de ser necessário usar de forma inteligente os atalhos subterrâneos para se pegar os 32 tesouros à tempo, ou como cada obstáculo o caminho mais otimizado é o da esquerda, não da direita.

Algo que veio em minha mente enquanto eu o jogava era como o game, anacronicamente, me lembrava o subgênero contemporâneo de "precision platformer". Apenas passar pelos obstáculos é uma tarefa relativamente simples, mas o limite de 20 minutos para pegar todos os tesouros impede o jogador de se mover ao próprio bel-prazer. Literalmente cada segundo conta. No momento em que você entra numa tela, já é preciso fazer uma série de decisões: quantos pulos dar? Pego a corda agora ou espero ela voltar para ser mais seguro? Será que dá tempo de correr até a metade da tela antes do lago me engolir? A jornada de alguém com Pitfall assim se torna não muito diferente de um jogador moderno com Celeste ou Super Meat Boy, uma série de tentativas, erros e pequenas vitórias determinadas por pulos de um pixel feitos no último segundo.

Depois de quase sete horas com o game e inúmeras tentativas enfim cheguei perto da glória. Com o caminho mais eficiente gravado em minha mente e cada obstáculo impresso em minha memória muscular, me senti um verdadeiro Indiana Jones em busca dos 32 tesouros.

Dos quais só consegui 31. Com 22 segundos restando para pegar o último tesouro, só me deu tempo de passar por mais duas telas e sofrer internamente pensando que pulo eu poderia ter feito de forma mais eficiente, nas telas em que fui cauteloso demais esperando jacarés se moverem ou um lago drenar e deslizes inconvenientes que me torturariam para sempre.

31 de 32 tesouros. Trinta. E. Um. Fodendo. Tesouros.

(obviamente tentei de novo depois com save states e rewind. me envergonho mas não me arrependo)