Como o protagonista, esse jogo veio e foi muito rápido, deixando boas marcas na minha mente, mesmo que sua presença sólida seja ausente.

Sonic Superstars é o inverso do que estamos acostumados com jogos secundários da franquia. Ele acerta muito, tem uma gameplay quase perfeita, ótimo level design e tudo que faz um bom jogo no sentido tradicional. Mas aqui falta quele tempero, aquela coisa diferente que faz a franquia se mostrar especial mesmo nos jogos ruins, e que me faz ser tão apegado a ela.

As zonas finalmente não são repetidas e os seus visuais são interessantes, sempre misturando mais de um tema, só que os seus fundos são feios demais. Cada uma traz uma mecânica diferente, e a maioria faz com que haja uma variedade bem-vinda dentre as 12 zonas. Elas são claramente adaptadas pro multiplayer, mas isso não é muito perceptível sozinho, o que é ótimo.
Joguei com a @cellerepe e descobrimos que o multiplayer não deveria nem de longe ser o foco da publicidade. Desde o anúncio me pergunto como colocariam multiplayer como uma mecânica central num Sonic clássico, e a resposta é afastar um pouco a câmera, que originalmente é tão aproximada que faz eu me perguntar se tô no Game Gear, adicionar poucas partes cooperativas e esquecer que isso existe.
Se um jogador sair um centímetro da tela, ele some e volta com um apertar de botão. O chato é que isso acontece sem parar, centenas de vezes por ato, por causa da velocidade do jogo. É quase impossível ficar junto, e a câmera parece favorecer o jogador que tá caindo, o que gera muitos momentos de raiva. Se os chefes fossem como nos clássicos, seriam trucidados no multiplayer, então fizeram eles no estilo bate-espera, mas essa espera é ENORMEEEEE! Tem chefes que tem a duração do ato completo ou até mais! Isso é a pior coisa do jogo e piora muito a experiência. Eles são chatos de se combater e ficar vendo eles no fundo atacando dá sono. Se você morrer então, se prepare pra esperar muito de novo. Demoramos 3 horas no chefe final, que é realmente difícil, mas o tempo seria cortado por mais da metade se não tivesse tanta espera. Isso é muito frustrante.

Eu quase esqueci de falar dos poderes de esmeralda, que são tão úteis que esqueço. O fato de muitos serem situacionais os torna sem graça, e mesmo que usá-los seja uma grande ajuda as vezes, eles não agregam tanto assim.

O modo batalha serve pra gastar as moedas ganhas no jogo, espalhadas por tudo quanto é canto, mas se você é um ser humano normal só vai customizar seu boneco (FAÇA ISSO ANTES DA CYBER STATION!!) e jogar umas vezes pra testar, pois não tem muita graça. A tela dividida é horrenda e ninguém vai pagar PS Plus/Live Gold/NSO com o objetivo de jogar isso.

Acabei de falar dos 3 pontos-chave do jogo, e nenhum deles são um verdadeiro destaque durante a jogatina. O que ocupa esse espaço são algumas zonas criativas e os múltiplos personagens jogáveis.

A história também deixa a desejar. Ela trás de volta as cenas animadas que se já se tornaram o padrão, mas dessa vez elas foram feitas por outro estúdio e são muito feias em comparação com as anteriores. Não espere uma narrativa no nível Sonic 3 & Knuckles, e nem mesmo uma tipo Sonic 2, que mesmo tendo menos história carrega uma carga emocional muito maior. Aqui você tem que ler um quadrinho e ver uma animação antes pras coisas fazerem sentido. O grande retorno do Fang não parece tão grande assim, sua presença poderia ser substituída facilmente. Takashi Iizuka é o responsável pela história, e surpreendentemente quebra uma de suas maiores regras, o que é ótimo. O final é tão básico quanto o de Sonic 1, só que aqui as coisas acontecem sem explicação, e parece mais básico que o primeiro pelo fato de esse tentar mais contar uma história.
Por ser canônica, ela cria dezenas de furos na história da franquia, e implica que os personagens simplesmente esqueceram dos poderes de esmeralda. O Iann me decepcionou ao unificar a timeline clássica pós-generations e canonizar quase todos os spin offs, e isso gera diversos problemas.
Depois de tantos anos, a série volta ao formato de "Last Story", e pela primeira vez num jogo clássico. Ao zerar a campanha principal, é desbloqueada uma nova com um personagem inédito e atos levemente alterados e mais difíceis. Ao terminá-la, um chefe novo é desbloqueado, e sua luta segue a chatice das outras e acontece de maneira muito confusa que não entendi até agora.

Mas a trilha sonora é ótima, né? Sempre é nos jogos do Sonic! Né? Né...?

Eu amo o Jun Senoue. Ele é um dos meus maiores ídolos musicais, cresci ouvindo suas músicas e continuo as ouvindo sem nunca enjoar. A Sonic Sonic Symphony passou pela BGS com ele, e pra sempre vou ter um pouco de tristeza por ter tido a oportunidade de ver ele tocar ao vivo. Eu acho ele um gênio do rock. Do rock.
Ele já provou mais de uma vez que NÃO SABE fazer esse tipo de música que tenta emular os sons do Mega Drive. As músicas que substituem as do Michael Jackson no Sonic 3&K da coletânea, a trilha sonora de Sonic 4 episódio um e dois, e agora Sonic Superstars solidificam esse fato. O cara é ruim nisso, e não sei por que insistem em botar ele pra trabalhar nesse tipo de música. Olha, os chefes já são ruins, mas a música os torna torturantes.
O pior nem chega a ser as músicas, mas sim a direção de áudio feita por ele mesmo. Tem músicas estilo mega drive, músicas com instrumentos modernos, músicas sintetizadas... Parece que cada compositor recebeu o número de músicas específicas que deveriam fazer e nunca se comunicaram.
Graças a deus, Jun não tá sozinho nessa- ele conta com uma equipe de compositores maior que o normal pra franquia, e dentre eles está TEE LOPES, que ao contrário do guitarrista, já provou demais que é O cara pra compor pro Sonic Clássico. Suas músicas salvam demais, e a troca entre uma dele e a de chefe chega a doer no coração. Um salve pro Rintaro Soma, que tá se destacando cada vez mais e se seguir o caminho certo pode substituir um dos três gigantes da música sônica algum dia.

O preço de $60/R$290 não se justifica, não pelo tamanho, mas por esse claramente ser um jogo secundário de orçamento mediano. Que saudades do 3DS! Esse seria um ótimo jogo de portátil tradicional. Originalmente, a ideia era que o jogo fosse todo desenhado a mão, e eu daria um rim pra que isso acontecesse, mas optaram por esse estilo 3D. Se é pra fazer assim e cobrar isso, que tragam gráficos lindíssimos, e não um jogo com cara de celular. Ainda bem que saiu pro Switch, assim eu consegui emular e zerar antes mesmo do lançamento, pois o jogo tem o maldito Denuvo que tá gerando muitos problemas no PC. Mas eu compraria se fizessem um mod pra corrigir as traduções de "Rings" e "Esmeraldas Chaos".

Mesmo sendo um ótimo jogo de início ao fim, tirando os chefes e algumas músicas, Sonic Superstars apresenta suas peculiaridades, mas falha em torná-las um verdadeiro destaque. Estamos numa nova era da franquia, onde temos conteúdo sem parar. Spin-offs são muito bem-vindos, e a franquia se subdividir em moderna e clássica é um caminho ótimo e lógico, mas se é pra ser assim, trate esses como um principal também. A Arzest e o Naoto Oshima tiveram suas chances de fazer algo especial, mas não conseguiram, e isso deu saudades da Dimps.

Trocaria por Sonic Mania 2 num piscar de olhos.