Ambientado num dos piores períodos da história humana, marcado pela praga da peste bulbônica e do cristianismo, A Plague Tale começa íntimo e focado no que interessa: a relação dos irmãos.
Há vários jogos que não tem jogabilidades necessariamente incríveis e mesmo assim são considerados espetaculares pelo peso de sua narrativa, como The Last of Us. Esse é o TLOU da Shopee.

Segue a fórmula "jogo filminho", trazendo nada de novo ou único, com inimigos burros e jogabilidade truncada extremamente mal mapeada baseada em se esconder no mato e tacar pedra, seja pra chamar atenção ou pra matar inimigos. Sim, matamos um exército de inimigos tacando pedras. Também morremos com apenas um golpe, o que é sempre frustrante.
Nenhuma mecânica parece explorada ao máximo, principalmente a de companheiros, e os upgrades não nos dão a sensação de ficarmos mais fortes, e sim menos fracos.
É o tipo de jogo que não solta sua mão nunca, com os personagens falando, e principalmente sussurrando o tempo inteiro o que fazer, e um aviso de "R3- OLHAR" toda vez que algo acontece, mesmo que na sua frente.

A narrativa não salva. Imagina se The Walking Dead fosse sobre combater os zumbis ao invés de ser sobre família? É tipo isso que acontece lá pra metade, justamente quando entram vários personagens pra nos acompanhar. O tema de morte e irmandade fica de lado e o combate contra os ratos e a inquisição vira o principal.

Os ratos são impressionantes de se ver, assim como os belos cenários. A ambientação é um ponto altíssimo do jogo, a arquitetura é de cair o queixo. Os artistas de cenário merecem um aumento pelo trabalho espetacular, mas também merecem bronca por terem abandonado seus postos de animação facial, que são ruins, ainda mais num jogo como esse.

O maior erro desse jogo é cair nas convenções do mercado. Ele não precisava de combate, de chefes, de jogabilidade de ação no geral, mas abriu mão de uma boa execução de seus temas para se encaixar no mundo da arte comercial.

Reviewed on Feb 22, 2024


3 Comments


1 month ago

Impossível ler qualquer coisa sobre peste bulbonica e não lembrar da musica do cursinho.
Tinha um pequeno interesse nesse jogo, mas só pelo o que você descreveu+ uma cena que você me mostrou do jogo onde você mete a mão mesa pra pegar objeto na frente do inimigo e ele não te ver me fez perceber que eu vou detestar esse jogo, mas um dia darei chance.
É muito triste ver jogos(ou qualquer coisa) com um potencial imenso mas que escolhe a se adaptar e ser mais rentável, mas não culpo inteiramente o produto ou a empresa, querer vender não é errado. Mas não dar a chance de seguir um caminho novo e ser revolucionário também perde pra ideia do rentável, ninguém se destaca fazendo mesmo caminho.

Pior que isso é ver obrar com potencial imensurável, com pouco investimento financeiro.
@cellerepe Eu não acho que você destestaria nao, pelo contrário, acho que ia gostar mais que eu.
A arte nunca será verdadeiramente livre enquanto for produto.

1 month ago

"TLOU da Shopee" kkkkkkkkkk gostei, acho que deveria ser a classificação usada para sabermos que tipo de jogo é antes de jogar