"How can i expect to shape the world when i can't even shape my own life...?"

Eu poderia escrever uma baita review filosófica sobre cada conceito existencialista da obra, mas me conterei a comentar sobre os principais fatores técnicos e minhas opiniões.
Sua maior qualidade, após sua gameplay, é o seu "World Building", em seu maior significado, afinal, a obra é sobre a construção de um mundo. É irônico o contraste de uma execução tão viva em um mundo tão morto, é lindo como tudo se mistura a esse simples fator, sua temática vazia, desde seu visual, expressando uma mistura de terror com isolamento, cinza em grande parte, e perfeitamente imersivo; sua música, que transita entre o rock/metal emocionante para o melódico desconfortante; seus personagens, com opiniões próprias sobre o mundo atual e como deveria ser moldado, além das almas e monstros, bem humorados e únicos em interação; e até mesmo seu sistema de gameplay, onde você consegue transformar inimigos em aliados, após essa destruição, sociedades de monstros foram criadas, todas com bases instintivas, ao precisar de alguém, você conversa com ele, o chama, o ameaça, o convence para que ele lhe ajude, até mesmo seu sistema combina com sua temática de desespero após tal evento, de alguma forma lidar com a situação atual.
Sua gameplay é perfeita, disparadamente a melhor de JRPG's que já joguei, com seu sistema de "Press Turns", levemente complexo mas que quando aprendido se torna satisfatório de executar, saber todas as formas de ganhar press turns e se aproveitar disso, batendo em fraqueza, utilizando buffs e debuffs, esquivando, executando o máximo proporcionado pelo combate. É um sistema que o jogo lhe apresenta e o obriga a aprende-lo, gosto como é uma moeda de dois lados, onde os inimigos também se aproveitam do mesmo que você pode fazer, e caso você não se aproveite, o inimigo se aproveitará. Destaco suas boss battles, afinal, são inúmeras, e a grande maioria extremamente bem feitas, em especial as dos candelabros; e novamente elogiando a OST, que transmite bem a emoção necessária para todas as lutas. Eu poderia falar sobre o sistema do Cathedral of Shadows, mas seria tedioso demais de ler, apenas concluo que também é executado de ótima maneira, tendo como único problema o que corrigiram no remaster, que é a escolha das skills.
Seu texto em geral é simples, porém profundo e denso, inserindo perfeitamente o jogador naquele mundo, expressado muito pelo ambiente e seus habitantes. Como dito antes, a obra é sobre a construção de um novo mundo após o fim do anterior, e cabe a você ver a opinião de cada personagem e decidir qual deles você acha que propõe um mundo melhor, qual deles oferece a melhor "reason"; já vi dizerem que as reasons são radicais e imbecis, mas todas eu acho cabíveis e otimamente justificáveis baseado no personagem que as oferece, o que os levou a pensar naquela forma, até mesmo as que acho impossíveis de concordar, como a da Chiaki, há um bom subtexto para tal. Preciso dar um destaque para a melhor personagem, a Yuko, que passa por um texto muito bonito de descobrimento e autorreflexão, com seus pensamentos para o mundo sendo refletidos em si mesma, além da evolução gradual dela.
Seu visual, feito pelo great Kazuma Kaneko, além de ajudar na coesão temática, também carrega uma identidade muito boa, com bases religiosas e alegóricas, como no design nos demônios e personagens, sendo extremamente estiloso e expressivo; suas dungeons também, que executam muito mais do que o padrão "ir do ponto A ao ponto B", com individualidades, bom visual e bons enigmas (há um ou outro que são um saco, mas no geral gosto deles).
Eu, como fã de DMC, tenho uma necessidade extrema de dedicar um parágrafo para a existência do Dante nesse game. Otimamente bem caracterizado, ironicamente mais bem caracterizado do que no DMC2, junto de cada referência visual em seus ataques ser muito legal para um fã da franquia, além de ser um ótimo personagem para se ter na party.

Reviewed on Oct 23, 2022


2 Comments


1 year ago

Parabéns pela review! a propósito, gostaria de ver você analisando a obra em seus pontos existencialistas

1 year ago

Já ouvi falar malzão de como SMT representa trans, gays e a comunidade LGBT+ em geral. Tem alguma coisa assim no Nocturne?