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Terminei. Oh que bagunça é esse jogo; mas o que ele é para mim não mudou: Um guilty pleasure.

Os dois primeiros capítulos de Danganronpa cobrem uma execução excelente de atmosfera e premissa, não necessitando de casos e personagens rebuscados, havendo valor na simplicidade das tragédias.

Infelizmente, quanto mais a estória passa a ser sobre si mesma e seus temas e menos sobre a força de seu conceito, mais Trigger Happy Havoc se torna uma visual novel cansativa. O mistério em torno da escola é algo válido de se explorar, se sua resposta não fosse atroz (com algumas nuances legais), e a temática transforma esperança e desespero em termos completamente novos, os banalizando devido a uma repetição descuidada.

A vilã com certeza é divertida ao se expressar, mas não passa de uma embalagem colorida e vibrante que em fato não cobre muito conteúdo. Acho interessante a ideia do antagonista ser tão desconexo do senso comum que combatê-lo se torna inútil — daí o dito desespero que a vilã quer passar assume uma forma minimamente convincente. De resto, ela fez o que fez porque she's so craaaaaazy guuuuys you can't take her anywheeeeeere.

O protagonista também não é muito bom. Uma justaposição artificial de caracterização que o faz relacionável por ser genérico ao mesmo tempo em que carrega virtudes dignas de louvor. Como essas duas formas de caracterizá-lo interagem? Não o fazem. Ao final do dia, Naegi é um símbolo de esperança apenas porque sim. Sua vitória contra o desespero jamais parece uma vitória pessoal, já que o Supremo Estudante Sortudo jamais teve um arco que fizesse de seu triunfo verdadeira catarse. Se quer um bom exemplo de como isso poderia ser feito, esta mesma franquia nos mostra, sendo Shuichi de longe a melhor coisa do final do v3, mas isso é assunto pra outro dia.

Danganronpa tem uma das apresentações de conceito e introduções mais eficientes que já vi, que iludem o jogador pela premissa. Tal ilusão se desfaz a medida que Trigger Happy Havoc se desenrola numa trama de casos de qualidade variável, personagens rasos, temática francamente imbecil e um mistério instigante enquanto sua estúpida resposta final não é revelada. Mentiria se não dissesse que gosto das interações de personagem, mas elas não são nada em comparação com as sequências.


Capítulo 1: 6.5/10
Capítulo 2: 6.5/10
Capítulo 3: 4/10
Capítulo 4: 6/10
Capítulo 5: 3/10
Capítulo 6: 4/10

Um jogo amável, consciente de sua natureza idiossincrática e com boa escrita de personagem.

Infelizmente, é extremamente inconsistente. Mas é o melhor que temos da franquia até então. Destaco o cast de personagens.

O final é... bom(?). Presta. Mas faz um estardalhaço sobre a saturação de uma franquia com poucos títulos. Danganronpa não tem conteúdo o bastante pra sustentar o tom que adotaram com o twist final. Felizmente, o trabalho de personagem em cima disso foi ótimo. Já o temático... acerta e erra.

Um bom(?) jogo. Uma experiência válida com estes personagens, mas também uma decepção pelo fato de suas inconsistências o impedirem de ser a grande peça de arte que poderia ser. Há excelência aqui e ali, mas não é uma constante de Danganronpa v3, já que sua maior consistência é ser inconsistente.

Dedicarei um texto inteiro para cada capítulo do jogo, então deixo aqui um breve resumo:
Capítulo 1: Ótimo, boa class trial.
Capítulo 2: Bom, boa class trial.
Capítulo 3: Estrume.
Capítulo 4: Bom, ótima class trial.
Capítulo 5: Quase ótimo, class trial corrida.
Capítulo 6: Uma bagunça decente.

Goodbye Danganronpa: 6/10

QUE BAGUNÇA DE FINAL!
Mas, é razoavelmente bem escrito... o melhor da franquia, se isso diz algo...
Há o que funciona, há o que não presta.

Hei de elaborar.

AllStarApologies: 6/10

Um capítulo mediano fortalecido pela Sakura. Hei de elaborar.

A Next Generation Legend! Stand Tall, Galactic Hero!

4.5/10

O que o puxa para o território negativo é a trial. Hei de elaborar.

Boys Life of Despair: 6/10

Bagunçado, mas suas virtudes o mantém decente. Hei de elaborar.

To Survive: 6/10

Uma introdução decente. Hei de elaborar.

Voyage Without Passion or Purpose

7/10

Uma salada mista levemente decepcionante. Hei de elaborar.

Live and Let the Languid World Live

7.5/10

Hei de elaborar.

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Transfer Student from Beyond the Grave: 3/10
(Algo como um 3.5, pelas minhas considerações finais)

Eu não tenho muita paciência para com este capítulo. Um quase completo desastre, com as únicas ressalvas de iniciar o ótimo desenvolvimento de personagem da Himiko, que merece maior apreciação, quando oferecer uma despedida decente para a Tenko, uma personagem marromeno.

Minto, há na Vida Diária bons momentos. A formação do trio principal é doce de se acompanhar, e pra uma personagem tão desinteressante no início do jogo, Maki até que se mostra decente, e melhora a cada capítulo. Eu preferiria que a moça tivesse características estéticas mais interessantes, ou que outro personagem com tais características a substituísse, mas ela assume um papel essencial a partir daqui que não posso negar sua funcionalidade, especialmente como uma escada brilhante para a caracterização não do Kaito, não do Shuichi, mas do Kokichi. O simples fato do Supremo Líder do Mal deixar escapar ódio genuíno pela Maki em suas piadas é peça fundamental para a caracterização de um antagonista que detesta assassinatos. E esta característica é fundamental para entendermos Kokichi e suas ações de moral questionável para acabar com o Jogo da Morte posteriormente. É uma caracterização escrita brilhantemente por baixo da camada superficial que Kokichi usa como máscara por não confiar em ninguém.
Mas, pra ser sincero, este capítulo não muito do que há de bom no Kokichi fora dos momentos em que ele convence Himiko a mostrar mais suas emoções.

O que mais recebe foco no capítulo, primeiramente, é a criação do Conselho Estudantil. Uma ideia bacana no papel, mas terrivelmente executada. Angie Yonaga converteu os alunos mais fracos mentalmente para o seu culto, e começa a tomar atitudes ditatoriais para tornar a Academia seu paraíso ideal, sem assassinatos. O que me dá nos nervos é a ótica através da qual Angie é vista: não como uma pessoa de fé genuína que acredita que esta pode salvar seus amigos, mas cujo fanatismo lhe leva a extremos desagradáveis. Não. Angie é escrita como uma manipuladora que usa de sua religião para enganar os dr mente fraca. Uma abordagem batida, cansativa, e que neste contexto, não tem nada de interessante a dizer. É só mais do mais puro "lol religious people are manipulative", e me dá nos nervos. Não ajuda a personagem em si, com seu otimismo tóxico e alergia a apresentar quaisquer emoções com nuances, me dar nos nervos. Este capítulo destruiu qualquer simpatia que eu possuía pela Angie.

Mas, sabe... não é o pior tratamento que um personagem do elenco recebe neste capítulo...

Korekiyo Shinguji. Por onde eu começo? Pelo fato deste imbecil ter cometido um assassinato perfeito apenas para depois cometer outro em que é óbvio que ele é o culpado? Pelo fato dele ter aceitado a presença do Shuichi no ritual, tendo cometido um crime na mesma sala em que estava o Super-Colegial Detetive? Pelo truqe imbecil da gangorra? Por ele ter admitido matar a Tenko, sendo que na cena do crime dela estava a evidência de que ele também matou a Angie? Pelo incesto e esquizofrenia?

Sinceramente, creio que todos entendem o que há de errado com o Korekiyo. Me limito a falar que é o personagem de quem mais gosto ironicamente, e que o breakdown dele na trial é sensacional. Ambos atores de voz, japonês e americano, deram o seu melhor para nos entregar um colapso deliciosamente hilário e satisfatório de acompanhar na trial.

Falando na trial, ela é tão ruim quanto toda a fandom concorda. O crime da Tenko é estúpido; a Lie Bullet é idiota, por haver INÚMERAS outras maneiras de provar que a Tenko não se matou; o K1B0 serve como Ex Machina pra mostrar como estava o círculo; demoram a suspeitar do Korekiyo MESMO TENDO SIDO ELE QUEM SUGERIU E ORGANIZOU O RITUAL EM QUE A TENKO MORREU, CÉUS! QUE CASO ESTÚPIDO!
Por outro lado, o crime envolvendo a Angie é aceitável, em termos de escrita. Não bom, mas não o lixo fumegante que é o assassinato da Tenko.

Sei lá... ao menos a execução do Kork é boa... ao menos da pra rir... ao menos os momentos dramáticos da Himiko são genuinamente ótimos...

Mas, apesar de todos esses "ao menos", as faces negativas do capítulo deixam uma impressão muito maior, e me fazem não querer subir a nota para um 4/10, apesar das qualidades que aqui existem. Acho que é ao menos válido dar um meio pontinho a mais. Sei lá. Ainda é um capítulo merda.

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A Thin Live That Divides Heaven and Hell: 7/10

O capítulo 2 é inferior ao primeiro. Imagino My Class Trial, Our Class Trial seja difícil de superar por ter uma carga dramática tão eficaz em sua conclusão. Mas fato é que assim o capítulo é escrito para causar uma excelente primeira impressão no espectador, mas sem isso, é um tanto básico, apesar de bem escrito.

Com a direção que o segundo capítulo assumiu, ele poderia superar o primeiro caso mantivesse-se consistente até o final. Ele tem coisas melhores que o capítulo introdutório do jogo: a segunda class trial é um tanto mais interessante do ponto de vista de um mistério de assassinato, além de possuir um ritmo mais adequado em comparação à lentidão da primeira trial. A Vida Diária faz, ao meu ver, o melhor uso que pode do cast; tanto dos personagens dos quais nos despediremos em breve, quanto dos que serão importantes mais tarde. O capítulo introduz suficientemente bem a amizade entre Kaito e Shuichi, o início do caos implantado por Kokichi, a forma como ele maipula Gonta, a Maki aos poucos saindo de sua casca pra se tornar relevante. A única introdução de arco em torno da qual tenho sentimentos mistos é quando Angie converte Himiko para seu culto. A Super-Colegial Mágica virá a ser bem aproveitada como personagem, e fico feliz que a escrevam conscientemente aqui; mas Angie começa a mostrar sua caracterização problemática e maniqueísta como uma fanática religiosa. Não gosto dela, mas estenderei meus pontos no capítulo três.

O brilho da Vida Diária, pra mim, são os dois arcos sobre depressão desenvolvidos. O de Shuichi e o de Ryoma. O Super-Colegial Detetive assume brilhantemente o papel de protagonista e tem seu ótimo arco continuado, com o apoio de Kaito para manter a promessa à falecida Kaede.
O de Ryoma é bom também, e gosto de todas as decisões de escrita que o envolvem. Infelizmente, por mais que o capítulo tenha feito a ele justiça em sua morte, creio que ele seria um sobrevivente tão perfeito que matá-lo é um desperdício. O baixinho é bom, mas creio que poderia ser melhor...

A outra personagem relevante neste capítulo é Kirumi Tojo, a assassina. Seu plano é brilhante e oferece um bom mistério, mas a personagem em si tem seus problemas. Por mais que eu ache que ela encarne uma perfeita mentirosa manipuladora ao evocar a memória de Kaede na trial, sendo uma versão melhorada de Celeste de DR1, sua backstory abusa de exageros, atrapalhando o que é, em geral, uma boa personagem. É difícil levar todo o papo de Ministra tão a sério quanto os personagens levam, e, embora aprecie como Kirumi é caracterizada como oposta a Ryoma, as informações de sua parte que estabelecem essa oposição estão repletas de saltos de lógica. Sério, não havia nenhuma outra backstory pra dar que justificasse seu assassinato e motivação fora ser a freaking Primeira Ministra do Japão?

Falando da trial em si, ela é tão boa quanto a primeira, pior dramaticamente, mas um mistério de assassinato mais cativante. A única coisa que me dá nos nervos é a mentira mandatória que nos faz defender a Maki. Eu entendo a ideia temática de escolher confiar nos outros, e faz sentido com o personagem do Kaito, mas é uma decisão um tanto irresponsável por parte do Super-Colegial Detetive mentir na trial pra defender alguém que pode muito bem ser o culpado poucos dias depois de ter condenado Kaede à morte por seu crime. Acho que o sistema de Perjúria precisava ser muito bem justificado em cada trial. Na primeira foi, nesta, não.

A Thin Line That Divides Heaven and Hell é um bom capítulo, infelizmente vítima de falhas pontuais, mas mantém o bom gosto que dá de jogar Danganronpa v3.

Capítulo 1: 8/10

Coeso. Dá cada passo necessário para contar sua estória, apenas restando detalhes estranhos comuns a Danganronpa para eu reclamar. Algumas ideias pastelonas aqui, algumas desculpas esfarrapadas acolá, mas nada que comprometa o capítulo. Este tem uma dad execuções dramáticas mais eficientes da franquia graças aos seus bons personagens e ótimas interações. Uma boa estória contida dentro de si e ao mesmo tempo boa preparação de terreno para o que vem a seguir. Kaede e Shuichi são excelentes aqui.

Tornei realidade o sonho de jogar Crash 3. O completei em uma noite.

Unironically better than Shrek the Third.

My father loved this game.