5 reviews liked by NicoNicoGames


Super interessante e muito único. Os conceitos são profundos e criativos, e são explorados num universo bem concebido, através de uma narrativa cativante cheia de twists, onde até os red herring são bem naturais. Fora do texto, a direção é ótima e a execução técnica é excelente. Há boas ideias e bastante variedade de recursos para compor uma estrutura bem completa de gameplay. Muito bacana.

Entretanto, não consigo ignorar um fator que realmente arrasta muito a experiência com o jogo: A quantidade de missão fútil obrigatória. Eu percebi bem cedo que o jogo se exaustaria rapidamente se eu me mantivesse fazendo side quests e entregas opcionais, então passei a me focar totalmente nos objetivos principais, mas mesmo assim ainda me cansou muito a frequência com que o jogo estacionava o andamento da história e das interações importantes para me segurar apenas com missões frívolas.

O fator "walking simulator" é bem interessante a princípio, mas se desgasta demais com a quantidade de pedidos "filler" que nos são encarregados só pra tomar tempo entre cada passo da narrativa. Além de parar de inovar bem cedo, nos mantendo num ciclo repetitivo de caminhadas árduas pelas montanhas de neve. Por conta desse formato, muitas vezes eu terminava minha jogatina insatisfeito, sentindo que progredi muito pouco na minha aventura, mesmo tendo gastado um bom tempo jogando. Foi algo que fadigou consideravelmente minha relação com o jogo.

Em suma:
Muitas vezes se torna chato pelos enxertos, parece que preencheram artificialmente entre uma parte e outra, mas é uma experiência bacana. Há bastante sobre o que refletir nas camadas mais substanciais, e considerável "Kojimismo" nas camadas mais superficiais. Sem dúvidas muito ímpar.

Gostaria de iniciar esse textinho com meus elogios, então vamos começar ressaltando os valores do jogo.

Primeiramente, ostenta uma trilha sonora tão boa quanto o esperado e tem gráficos bem bonitos (a iluminação é ótima). Mas o que eu mais apreciei não está no audiovisual, e sim na gameplay, pois o que me cativou no jogo foi as batalhas.

Remodelando a jogabilidade para algo mais fluído, eles conseguiram um resultado fascinante. Porque os confrontos em tempo real são muito dinâmicos, mas ao mesmo tempo preservam um pouco o formato de turnos com aquelas barras de ação. É extremamente divertido e muito bem bolado, nunca vi nada do tipo. Além de único e criativo, honra o estilo do jogo original. Foi uma excelente adaptação, as bossfights são bem empolgantes.

No texto, eu até gostei de como o mistério é alimentado com o Sephiroth aqui e ali, mas o que eu mais aprecio de verdade é o Cloud. O caso dele é muito interessante, pois ele é colocado naquele papel genérico de protagonista edgy e desapegado, só que o restante da obra não dá pano pra esse arquétipo. Toda a história e os personagens que o cercam só o arrastam pra rotinas mundanas comuns e situações cada vez mais embaraçosas, então o jogo subverte totalmente o ideal de protagonista e brinca muito com o personagem. Eu adorei isso e acredito que possa ser um excelente trabalho de personagem se esse fator for bem desenvolvido e deixar de ser apenas cômico.

Encerrando os elogios, dou uma moral pro Barret, que faz um ótimo papel na party, e digo que a reta final teve uma crescente interessante (os últimos momentos são bem empolgantes).

Agora, iniciando os problemas do jogo, vamos começar com o maior deles: Fora das batalhas, tudo é extremamente travado e mecânico.

Diferente da gameplay, não foi conduzida uma boa adaptação nos dramas e nos momentos sérios da história. Há dezenas de passagens pacatas que tentam nos conectar com o mundo e os personagens, mas nenhuma delas é nem um pouco natural. São momentos importantes pra criar atmosfera, retratar ambientes e aproximar os personagens, só que é tudo MUITO artificial e nada orgânico. A atuação é extremamente forçada e caricata, a direção só começou a ser ativa na reta final do jogo (nas partes mais tensas), e nenhuma das relações dos personagens passa nenhuma credibilidade. Os dramas chegam a ser cômicos de tão plásticos.

Eu entendo que há uma forte suspensão de descrença e que não deve-se exigir realismo desse tipo de obra, mas toda a parte viva da história PRECISA EXALAR VIDA. E nesse quesito, é um fracasso total. Existe um conflito de tom estridente na estrutura do jogo, onde ela acerta num propósito (ação e batalhas) e falha no outro (dramas e atmosfera).

Sinto que o formato do jogo foi elaborado visando totalmente as missões principais e os momentos em que a história progride com ação (onde há muito valor de gameplay) mas negligenciando completamente a transposição desses momentos autênticos. Eu não joguei o jogo original, mas consigo visualizar esses momentos funcionando melhor no estilo de RPG limitado dos anos 90, então deduzo que eles tiveram muita dificuldade com a tradução dessas partes pra um modelo cuja escrita vai além de uma caixa de texto.

Bom... Mudando um pouco o tópico, eu realmente gostaria de falar sobre a Tifa. Nenhum personagem aqui é muito bom, mas vejo valor no Cloud e no Barret. Como citei antes, eles agregam para a história. Porém, faço questão de manifestar minha decepção gigante com a eternamente louvada heroína desse jogo. A Tifa é um dos personagens mais rasos e genéricos que eu já vi na vida. Não houve o mínimo de esforço pra conceber essa figura, gosto de brincar dizendo que a personalidade dela é definida por "gostosa". É tão fácil visualizar como ela poderia ter um carisma meio desleixado que relaciona bem com a função de brawler dela e traria virtude pro grupo, mas é apenas a menina gentil genérica sem um pingo de encanto, até o visual dela é sem identidade. A Aerith não é muito elogiável também, mas acredito que a figura meiga dela comunique melhor com o papel que ela exerce na história, então tá perdoado.

Enfim... Voltando um pouco à gameplay, também queria manifestar minha insatisfação com tudo que não se encaixa nas batalhas boas que citei lá em cima. Pois fora da ação, o jogo se resume a apêndices pra enrolar o ritmo da história e puzzles extremamente travados e sem graça nenhuma. Os momentos que se destacam mesmo são as missões dos reatores e o resgate à Aerith, todo jogo fora disso é simplesmente triste.

E sendo chato aqui pra dar um toquezinho final nos meus problemas, eis uma instância que eu nunca imaginaria falhar: A legenda. Com um mínimo conhecimento de japonês, já foi evidente pra mim que a tradução não estava coletando com precisão os diálogos. Muito esquisito.

Conclusão:
A experiência é muito 8 ou 80. De missões empolgantes com ótimas batalhas e maravilhosa trilha sonora, pra puzzles chatos e dramas mecânicos com personagens muito mal transpostos. O ritmo é uma montanha russa.

5.5/10

PQP MANO, que negócio bom do caralho

Zerar esse jogo dentro do contexto da pandemia foi bastante emocionante. Tirando os diálogos bizonhos e as bossfights desnecessárias, é um jogo extremamente redondo.

sou uma putinha do Lovecraft e cadelinha do Dark Souls