"Rule of Rose" é uma obra de arte perdida no tempo, pois muitos não compreenderam sua estética e temática.

Ousado e artístico, este jogo conseguiu me prender do início ao fim com sua narrativa construída simulando um conto infantil. Os capítulos divididos por história, misturados com a ambientação, davam ao jogo um aspecto tão único, uma identidade ausente nos jogos de terror atuais, tornando-o um vinho digital. A história é muito boa e confusa, pois demoramos a entender que tudo se passa na cabeça da Jennifer e em seu passado. Logo, a alternância de cenários do dirigível para o orfanato pode causar essa confusão. Inclusive, Jennifer é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores personagens femininas de um jogo de terror. A história se desenrolando em torno dos traumas vividos na infância e sua construção me fizeram olhar para a personagem e dizer: ARTE! O capítulo final é simplesmente reconfortante e forte, especialmente por conta da amizade da protagonista com o Brown, seu único e verdadeiro amigo. O laço de amizade dos dois me derrubou, que ódio.

Infelizmente, o jogo realmente possui um sistema de combate muito ruim, sendo a principal queixa contra o jogo, mas a escolha é lógica. Não podemos exigir que uma garota de 19 anos, abalada psicologicamente, tenha o mesmo comportamento que um policial ou militar treinado, mesmo em um jogo. Realmente, às vezes, irritou, mas foram poucas as vezes que exigia confronto (inclusive o boss final é ridículo de fácil), o que não prejudica o jogo, já que é um Survival Horror, então não é para lutar mesmo. O sistema de arquivos do jogo também deixou a desejar, uma vez que muitos dos documentos encontrados não eram registrados, somente os contos. Isso não atrapalha na compreensão da história, mas teria sido uma boa adição para quem gosta de ler. Porém, para compensar, gostei bastante de explorar os cenários e caçar itens utilizando o Brown; achei a interação dele na gameplay bem divertida, servindo também como guia.

A ambientação e a trilha sonora foram incríveis; a estética dos anos 30, os gráficos e os personagens bem construídos, tudo é magnífico e bem feito, ficava surpreso ao lembrar que era um jogo de PS2 e não de PS3.

Por fim, "Rule of Rose" foi incompreendido em sua época e ainda o é atualmente, antes pela sua temática (que foi muito exagerado o drama na época) e agora por sua mecânica, mas isso ainda não impede o jogo de ser uma obra-prima do terror e digno de remasterização ou remake.