19 Reviews liked by DanDonato96


Existe alguns jogos que o ato de jogar é simplesmente o começo da experiência, esse é um desses casos. O que ele apresenta fica com você, consome seus pensamentos e exige uma interação além de apertar botões.

É um jogo extremamente bem escrito, atuado e com uma atmosfera única.

Lindo, perturbador, criativo e intrigante.

E que no futuro nossas lagrimas fortaleçam o nosso sorriso.

Breath of The Wild foi um jogo que, mesmo com seus defeitos (aos meus olhos), foi uma das melhores experiências de mundo aberto que já joguei. TOTK pega (quase) tudo que BOTW não me agradou e trabalha em cima de formas que subverte as expectativas ruins que eu tinha (quase todas).

Templos e habilidades p/ cada templo estão de volta com bastante criatividade e engenhosidade, superando as meras 4 bestas de BOTW, mas ainda em quantidade inferior a outros jogos da franquia que costumam ter de 6 a 12 templos.

Ao invés de mais templos, retornam as inúmeras shrines (132, argh). Ao menos elas são todas distintas e oferecem desafios mais curtos pra trocar por corações/resistência, não tomando tanto tempo, mas ainda mantendo a pulverização de design que ao meu ver cansa bastante no jogo.

Os novos poderes são estupidamente engenhosos e levam não só a inúmeras ideias de quebra-cabeça, como também adicionam qualidade de vida e praticidade na exploração do mundo. Do ponto de vista de poderes, TOTK é extremamente diferente de BOTW, já que substitui todos os de seu antecessor.

Só o Ultrahand adiciona toda uma camada de experimentação e expressão do jogador ao permitir construir estruturas e engenhocas. Nas redes sociais a gente vê o nível insano que as mentes mais desocupadas conseguem produzir, é ridiculamente impressionante.

Fusion adiciona camadas de utilidade aos itens absurdas. As armas passam a render mais e combinações curiosas resultam em escudos ou armas bastante interessantes. Uma vibe “Monster Hunter”, onde você usa pedaços dos monstros que alteram o design das armas.

Os outros poderes são igualmente impactantes no gameplay e diferente o bastante da experiência do jogo anterior. No fim das contas, TOTK faz tudo que BOTW faz, mas com diferenças consideráveis pra justificar se chamar de sequência.

No tocante à história, TOTK segue uma direção diferente de BOTW. Ao invés de imagens com dicas de onde se encontram as cutscenes, agora temos um mix bacana de cutscenes nas missões principais e geoglífos espalhados pelo mundo com uma enorme marcação no mapa de onde se localizam. As torres agora lançam Link ao ar, permitindo identificar pontos de interesse dos céus. A exploração bem orientada leva o jogador aos pontos onde se encontram as cutscenes que contam o que aconteceu com a princesa Zelda, enquanto os eventos principais complementam outro lado e outro momento dessa história.

No fim das contas, a experiência é não só melhor, mais muito melhor que BOTW, apesar de se passar no mesmo mundo e mapa. Isso não se torna um problema em matérias de localidades, já que todas foram alteradas para simbolizar a passagem de tempo, com pessoas e atividades diferentes.

Mas se BOTW tinha um mapa colossal criando um jogo muito extenso e muito inflado, TOTK segue na mesma linha. E as 165h de BOTW me ensinaram que não há tanta recompensa que justifique a exploração livre. Dessa forma, em 90hs terminei TOTK, com uma sensação muito boa de ter sido uma experiência satisfatória e energizante para o futuro da série, contrariando expectativas que eu tinha anteriormente.

This, kids, is what art looks like.


also l o a t h s o m e d u n g e a t e r

O que esse jogo faz em termos de game design, criatividade, escala e evolução é absurdo e ofusca qualquer problema que eu tenha encontrado. Ele pega a base sólida de Breath of the Wild e vai MUITO além. Entrega set pieces memoráveis, uma história decente, chefes criativos e também coroa tudo com o melhor final da franquia. E tudo isso enquanto ainda mostra uma completa BRUXARIA em termos técnicos. Tenho até medo de imaginar como foi fazer a programação desse jogo e fazer tudo rodar minimamente bem no hardware do Switch (que, convenhamos, é uma torradeira).

Tears of the Kingdom é um daqueles jogos raros. Ele é especial. É uma obra-prima. E entre diversas outras obras-primas que iluminam essa indústria, se mostra uma conquista gigantesca de Aonuma, Fujibayashi e todos os malucos da Nintendo que tiveram a coragem de executar isso aqui. Afirmo sem receio algum que demorará um bocado para vermos algo do mesmo calibre na franquia e, por consequência, em qualquer estúdio.

Simply an incredible follow up to an already great game.

Eu esperava um bom jogo, mas fui completamente surpreendido, ele é espetacular. Tudo no game me prendeu, o sistema de combate é excelente, a história é muito boa, a OST é maravilhosa e passa uma vibe das composições do Vangelis em Blade Runner. Algo que me impressinou muito foi a variedade nos objetivos das missões, nunca fica repetitivo, sempre tem algo novo. Não seria um jogo da From Software sem bosses, e eles entregam, são vários excelentes. Sendo completamente novo no gênero e na franquia sai de ACVI em completo êxtase, e mesmo que tenha algumas coisas que poderiam ser melhores como mais cutscenes, e poder ler os diálogos das lutas após passar, não incomoda muito e nem tira o brilho do jogo, é mais um acerto gigantesco da From Software.

Minha primeira experiência com a franquia não poderia ter sido mais prazerosa e surpreendente, já que além de ter um loop de gameplay muito viciante de tão refinado e ágil que é, me provou novamente que a From simplesmente não erra mais

HEY! TCHA! HEY! HEY! TCHA!

Uma grata surpresa! Por mais que ele seja bem repetitivo e clichê - o que é inerente ao seu gênero - Hi-Fi Rush é um jogo de ritmo e plataforma 3D que te atrai pelas cores vibrantes, boas lutas de chefe e todo o carisma das personagens, muito pela dublagem ser de alto nível. Aqui encontra-se o principal aspecto de um videogame: diversão!

Nota final: 75/100

Um jogo cheio de estilo e identidade que acerta em quase tudo que mira, o combate poderia ter mais variação, o mesmo vale para os cenários, mas o que entregam aqui já é algo para celebrar. Uma sequência pode transformar o que é ótimo em excelente.

Venba

2023

Há alguns anos um filme com proposta de comédia me arrebatou lágrimas copiosas e saí em um estado deplorável do cinema. Este filme, "Click!", doeu no fundo da minha alma com suas cenas dramáticas que me deram um soco no coração e mostraram como família me afeta de uma maneira tão profunda.

Paralelamente, obras e jogos com temática de comida me atraem bastante pois sou entusiasta da culinária, e apesar da preguiça habitual, curto muito sentar pra cozinhar com os amigos, encarando o desafio de reproduzir uma receita.

Cooking Mama, Battle Chef Brigade, Culina, Cook Serve Delicious, são alguns títulos que já joguei e cada um com suas propostas diferentes em cima da temática de culinária. Mas Venba se destaca de uma forma bem distinta de cada um desses jogos.

Normalmente, o processo de preparo dos alimentos é uma série de minigames, focada em imitar e simular as etapas do processo de forma lúdica. Venba opta por ser bem mais simples que seus colegas, adotando uma abordagem mais focada em "desvendar" um livro de receitas deteriorado com o tempo, passada de mãe para filha, de maneira que o jogador precisa muito mais entender a ordem de executar as etapas do que simular o ato de realizá-las.

Entretanto, o gameplay é apenas um pretexto pra desenvolver um aspecto ainda mais importante de Venba: a memória afetiva que envolve os pratos que comemos. Acredito que este é seu mote principal, uma vez que é a ponte que liga o gameplay à narrativa.

O roteiro intercala as cenas de diálogos similares ao gênero Visual Novel com trechos de gameplay, e sempre relacionando estes com memórias da personagem principal, Venba, em contraposição aos momentos atuais de sua vida.

Quando está na cozinha, Venba se distrai dos problemas do cotidiano e tenta resgatar suas raízes culturais por meio da reprodução das receitas tradicionais que sua mãe preparava quando morava na Índia, embalada por canções indianas que sempre tocam em seu radinho.

Ela e o marido são imigrantes que se estabeleceram no Canadá na cidade de Toronto, e juntos constroem sua família enquanto lutam contra as adversidades internas e externas.

A narrativa de Venba intercalada com o gameplay explora temas como infância e adolescência, problemas familiares, desemprego, preconceito racial, necessidades financeiras, vocação x subsistência, perda familiar e acima de tudo, o amor.

Por meio de uma sutileza emocionante, tece sua trama com intensidade dramática contida em seus elementos visuais e ludonarrativos, abrindo mão da verbalização que caracteriza o famoso "show, do not tell", tão comum e apreciado pela crítica literária e de cinema.

Em sua breve duração, afinal o jogo tem pouco mais de 1h, Venba oferece emoções encrustadas em seu duo jogabilidade e narrativa que denotam uma vivência real, com uma carga dramática humana e dolorosamente verossímil.

Quanto mais experiente e vivido você for, provavelmente mais irá encontrar em Venba algo relacionável, verdadeiro e emocionante, capaz de arrancar lágrimas, bater uma bad ou ressoar em suas memórias de diversas formas, negativas e positivas.

Afinal de contas, estamos todos de passagem, a vida é um sopro, e nem sempre conseguimos dedicar o tempo que gostaríamos com aqueles que amamos. Mas nunca subestime o poder que tradições familiares, raízes culturais e laços familiares possuem. Especialmente a comida que você come.

Tenho que começar falando que esse é um dos melhores jogos da história, tudo nele é de uma complexidade e genialidade assustadora. É um jogo perfeito em tudo que se propõe e um triunfo para a mídia e arte em geral.

Após Elden Ring eu achei que levaria anos para jogar algo do mesmo nível, mas não tive que esperar muito, o texto desse jogo é com certeza um dos melhores dessa mídia, e a reatividade de tudo é assustadora. A trilha sonora é um espetáculo a parte, lindissima que eleva muito a experiência. Os personagens são outro ponto a se destacar, eu me apeguei a todos, poucas vezes vi tantos personagens interessantes em um jogo.

Apesar de ter algumas que podiam melhorar, como o final ser um pouco mais longo pra cada personagem, sem parecer corrido como é no game, e a parte técnica que precisa de alguns ajustes, mas que nem isso mancha essa experiência que irei me lembrar para sempre. Um dos 10 melhores jogos que já joguei e o melhor jogo de 2023 com folga.

Obra prima.

Não só um dos jogos mais sistêmicos e densos que já joguei, como também um exemplo de narrativa própria da mídia explorada ao máximo, fazendo uma transposição impecável do D&D pra entregar uma experiência em que quase tudo da sua imaginação pode ser feito.

Conseguir equilibrar uma densidade sistemica com toda apresentação extremamente ambiciosa é algo que eu nunca vi outro jogo fazer como BG3, resulta em uma das experiencias mais imersivas que embora altamente experimentativa a sensação de que eu estava em uma jornada coesa quase sempre me acompanhou. O jogo as vezes voa proximo demais do sol resultando em um port problematico para PS5, e eu não me apeguei a nada de uma maneira mais pessoal, fora aquilo que me fez amar, a minha propria jornada extremamente divertida e recheada de momentos memoraveis. Ele voa antes de andar mas voa muito alto.