Esse jogo me deixou com um sabor meio amargo, é difícil não tentar assimilar Dead Space com The Callisto Protocol sabendo da presença de Glen Schofield na produção do jogo, mesmo assim, tentei imergir na prisão de Ferro Negro de TCP com a mente aberta mesmo sabendo de suas críticas.

O combate do jogo é interessante, o sistema de esquiva traz uma boa sensação quando bem aplicado pelo jogador, mas logo nas primeiras horas de jogo você percebe que a arma corpo-a-corpo vai ser a ferramenta que você vai usar pelo menos 80% do jogo inteiro, tornando a armas de fogo desse jogo um complemento de dano, e não o foco primário, o que não seria um problema, se o combate não fosse extremamente repetitivo.

Os cenários de Callisto Procotol são lindíssimos, toda direção de arte é fantástica, é inegável o trabalho envolvido nessa parte, mas não posso dizer o mesmo de seu design de mapas, que pouco recompensa o jogador por explorar, praticamente todo seguimento é linear, sem nada que o jogador possa pegar no meio pelos cantos do mapa, e em raras ocasiões vai haver algum tipo de backtracking, e não tenho o que dizer do sistema de save desse jogo, simplesmente uma das piores ideias já feitas.

A história demora muito para engajar, personagens custosos de criar algum vínculo e quando de fato o enredo quer provar o contrário toma uma decisão minimante duvidosa que pode ter sido o último prego no caixão para muitos jogadores.

Need For Speed: Undercover do PS2 foi um jogo desenvolvido pela Exient Entertainment, na época, responsável também pelos portes de Carbon e Prostreet para o Nintendo DS. Enquanto a equipe primária (Black Box) cuidava do projeto principal para o Xbox 360 e PS3.

É visível que o porte foi realizado de certa forma com certa agilidade, para intercalar com o lançamento do jogo na nova geração, e para isso, foi necessário criar um jogo do zero, tanto devido à limitação gráfica, quanto ao tempo de produção, Undercover do PS2 utiliza muitos assets de títulos anteriores.

O mapa é o mesmo do Most Wanted, apenas moldado de uma forma diferente, removeram o clássico filtro marrom-acinzentado e adicionaram mais estruturas para contribuir com uma estética mais 'tropical'. Os sistemas de customização e a UI de gerenciamento de performance do carro são também emprestados do Need For Speed: Carbon, a única coisa que foi mantida nesse porte foi a história do jogo original, com cutscenes que vão contando a narrativa conforme você sobe seu rank no modo carreira, participando de eventos.

Graficamente falando, Undercover é um dos piores jogos da saga que foram lançados para PS2, visto que títulos anteriores como Most Wanted, Carbon, Underground e até Hot Pursuit 2 tinham uma direção visual muito valorizada.

O jogo também sofre com constantes perdas de frames, sendo muito instável principalmente em eventos que possuem muito tráfego. Construções e principalmente carros surgem do nada, o que pode causar uma certa frustração em corridas, a sua jogabilidade é surpreendentemente agradável, tendo controles responsivos e diretos.

Ainda sim uma das coisas que mais podem incomodar nesse jogo é o rubber banding dos pilotos, que podem ganharem um salto de velocidade absurdo e até teletransportar para trás do jogador se ficarem muito distantes, ainda sim há vezes que a IA dos corredores simplesmente desliga e eles ficam com os seus carros parados por um bom tempo.

O que mais me irritou foram os eventos de polícia, onde se já não bastasse, a IA dos policiais também possuem rubber banding fazendo das perseguições uma das tarefas mais insuportáveis do jogo, chegando em momentos que os veículos saem em uma velocidade tão anormal que você mal tem tempo de reagir, assim como as viaturas sempre surgem infinitamente por todos os lados, impedindo você de conseguir escapar.

Apesar disso Undercover foi uma experiência no geral agradável, não tem nada que faça ele se destacar, a sua história é medíocre e todo conteúdo é reutilizado de outros jogos, mas sua gameplay e trilha sonora transformam a experiência para algo bem divertido e afável.

Um jogo que tinha com uma proposta muito interessante no papel, mas que infelizmente foi muito mal executado.

Os personagens são desinteressantes, jogabilidade repetitiva, combate chato, inimigos são literalmente uma esponja de balas, enquanto te derrubam com poucos tiros, a inteligência artificial dos aliados é tenebrosa.

Esse título só vale a pena ser jogado acompanhado de amigos.