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Sua influência e impacto são vistos em tudo que veio após ele, sua qualidade e status como um dos maiores jogos de todos os tempos é incontestável. Revolucionário, profundo e emocionante, Final Fantasy VII é marco na história não só dos games, mas da mídia e ouso dizer da arte em geral.

----- CONTEXTUALIZANDO A INOVAÇÃO

Esforços narrativos e cinematográficos não eram exatamente coisas novas no mundo dos games, outros títulos da própria franquia Final Fantasy, por exemplo, já tinham mergulhado nisso, mas as limitações tecnológicas e de orçamento eram fatores extremamente limitantes. Muitos experimentos aconteceram com a chegada do PS1 em 1995, a possibilidade de fazer jogos em 3D também traziam uma série de desafios e território inexplorado. Entre o lançamento do PS1 e a chegada de Final Fantasy VII, os esforços e inovações nos games em quesito de cinematografia e narrativa foram um tanto quanto tímidos e rudimentares, com jogos se preocupando muito mais na questão mecânica de espaços tridimensionais e suas possibilidades de jogabilidade.

Resident Evil (1996) apresentou o grande público aos modelos 3D em cenários pré-renderizados, Super Mario 64 era a grande referência de movimentação e game design em 3D. Marcos importantes, mas que não contam exatamente com um foco narrativo, seja em complexidade, mensagem ou execução.

Tendo isso em perspectiva, é ainda mais impressionante que em 1997 a sétima entrada da já consagrada série Final Fantasy tenha chegado a níveis tão altos de qualidade narrativa e feeling cinematográfico, algo que apesar de também se tratar de um experimento, parecia tão mais refinado nesse quesito que qualquer coisa disponível nos consoles naquele tempo.

Desde sua primeira cinemática, Final Fantasy VII se posiciona como não só um avanço de storytelling esperado de uma sequência, mas de um pulo geracional de qualidade narrativa e ambição artística, uma declaração firme e confiante do potencial dos games, uma revolução.

----- UMA NOVA HISTÓRIA, PARA UM NOVO MUNDO

O nível de apresentação de Final Fantasy VII é nitidamente inovador para a época, mas também é necessário levar em conta exatamente aquilo que está sendo expressado com CGs bonitos e cutscenes. Diferente da maioria dos outros jogos da franquia, gênero e mercado naquele tempo, FF7 começa com uma visão industrial e cyberpunk, com um personagem desconhecido pulando de um trem com a missão de explodir um reator de extração de recursos naturais do planeta para a geração de energia.

Com um breve resumo pode ser uma premissa simples, mas o cenário, as temáticas e principalmente como o jogo cresce a partir dos seus momentos iniciais, introduzindo mais temas e nunca abandonando aqueles que estão na obra desde suas primeiras cenas, apresentavam características pouco abordadas, extremamente políticas e filosóficas e que até na atualidade a grande maioria das grandes empresas tem MEDO de abordar em seus jogos. Desde seu primeiro momento, Final Fantasy VII se posiciona como uma obra que tem algo a dizer e que vai esculpir a sua mensagem em seus próprios termos, com coragem para divergir da indústria e da franquia, mesmo sendo um jogo de altíssimo orçamento.

Apesar de muito se falar sobre os temas de Final Fantasy VII, o verdadeiro holofote está nos personagens extremamente carismáticos, profundos e singulares. A "party" de FF7 é, na minha opinião, o melhor conjunto de personagens de todos os tempos, principalmente levando em conta toda a sua diversidade e a forma como nada parece fora de lugar. FF7 é uma história sobre deter imperialismo capitalista, sobre salvar o mundo de uma ameaça ancestral, mas principalmente, sobre os personagens e seus dramas pessoais.

Nunca entro em muito detalhe sobre as tramas dos jogos em minhas análises e pretendo manter esse padrão, mas é impossível compor o meu ponto sobre a qualidade da história de FF7 sem dissecar um pouco o personagem principal, Cloud Strife, como ele é profundo, inovador para a época e uma resignificação do heroísmo e masculinidade.

Cloud começa o jogo como um mercenário frio, arrogante e socialmente distante, pouco mais que um homem forte com uma espada gigante, seguindo exatamente a idealização patriarcal da imagem do "homem alfa", aquele que faz sua vontade pela força e ímpeto. Essa imagem de machão que ele se esforça pra manter é gradativamente destruída quando conhecemos mais Cloud e sua vida, sabendo de seus traumas, complexos de inferioridade e também o fato de que por boa parte do jogo o Cloud sofria de falsa memória e estresse pós-traumático, literalmente projetando uma idealização própria personalidade estóica para poder suportar a dor de estar vivo.

Cloud Strife só é capaz de estar bem consigo mesmo e de superar os desafios da trama quando, após mais da metade da duração do jogo, ele é capaz de aceitar à si mesmo e à sua infância com a ajuda dos outros personagens da trama. Final Fantasy VII coloca em seu papel de protagonista um personagem extremamente falho, frágil, inseguro e traumatizado que para poder completar sua aventura, tem que ativamente confrontar seus traumas e problemas, se distanciando de uma figura masculina idealizada. Cloud é o verdadeiro herói masculino, um personagem que, assim como a maioria dos homens, apenas tenta usar uma máscara que projeta um senso opressivo e limitante de masculinidade que deve ser quebrada para que algo melhor floresça. Nesse sentido, por não ser o herói masculino estóico padrão que apresenta ideais de força, firmeza e segurança, Cloud consegue acessar a essência do que realmente é masculino, a essência das inseguranças, traumas e complicações causadas pela construção patriarcal tradicional.

Apesar de eu entrar em um pouco mais de detalhes só sobre o Cloud, todos os personagens de Final Fantasy VII são muito interessantes e multifacetados de forma que engrandecem a história à uma das melhores narrativas da mídia.

----- O PLANETA ESTÁ SANGRANDO

FF7 ostenta confiantemente seus temas e mensagens, nos botando no papel de um grupo ecoterrorista que ativamente luta contra uma organização privada imperialista, mas também existe muita nuance no discurso político e ético da obra. A todo momento o jogo também mostra os sacrifícios que são feitos em nome do bem maior, como mesmo lutando pela vida do planeta, os protagonistas da história também acabam de alguma forma ou outra causando algum mal no processo, assim assumindo suas contradições e dando diferentes perspectivas sobre os paradigmas que se propõe a dialogar sobre.

Explodir um reator faz com que a energia vital do planeta para de ser sugada, mas e o que acontece com todas as pessoas que dependiam dessa energia? Civis inocentes que apenas habitam dentro de um sistema muito maior que eles?

Final Fantasy VII apresenta sua ideia de luta pela justiça, pela vida e pelo futuro, mas também não tenta maquiar um processo que é de forma inerente violento e controverso, as vezes também assumindo que as mudanças radicais não são sempre a melhor maneira mais saudável de se resolver as coisas, mesmo que necessárias. Em sua inúmeras críticas ao capitalismo, imperialismo, militarismo e masculinidade, é fácil principalmente para quem não jogou/entendeu o jogo de entender essas temáticas de uma forma muito caricata, mas é algo que desde de o clássico de 1997 é tratado de forma bem sensível.

A forma como regimes imperialistas manipulam informações e espalham propaganda, a dura contradição de lutar pelo "bem maior" se utilizando de violência, as diferentes perspectivas e traumas que os processos revolucionários causam, o encontro da tradição com o advento tecnológico, tudo isso é de alguma forma tratado dentro do mundo do jogo.

Muitas vezes os campos políticos anticapitalistas são uma escolha de pessoas que tentam de certa forma "fugir" das contradições e males políticos, como se meios revolucionários comunistas ou anarquistas fossem "limpos" e inteiramente corretos, em busca de um caminho justo, sem dor e sofrimento. Nessa Perspectiva, aquilo que FF7 evidencia é que a revolta nunca e limpa e de certa forma também gera impactos negativos que podem fomentar mágoas que são capazes de virar históricas. O caminho político assim não é apenas uma escolha moral em busca de uma utopia, mas uma aceitação e reflexão sobre o sacrifício para que a vida continue da melhor forma possível, que nada pode ser composto apenas do "bem", pois não existe uma criação ou ideologia do ser humano que também não carregue um potencial destrutivo que é intrinsecamente nosso como espécie.

----- E A LUTA CONTINUA

O sistema de batalha e as mecânicas de progressão de FF7 são em sua grande maioria simples, mas geram um ritmo de combate e gameplay que é muito agradável e instigante. Quando uma batalha ocorre, o jogo muda para uma "arena" onde os modelos 3D espetaculares para a época se mostram num sistema de combate por "turnos" que já naquela época tentava flertar com o combate por tempo real. Não existem turnos propriamente ditos em FF7, mas um sistema chamado ATB (Action Time Battle) que consiste em uma barrinha que se enche e depois de cheia, possibilita que o personagem faça uma ação, as barrinhas nunca param e manejar a ordem e efetividade de ações numa batalha contínua que era apresentada com ângulos de câmeras cinemáticos e efeitos de ataques e magias impressionantes era um grande chamativo do jogo.

A grande mecânica do jogo é a MATERIA que são itens que possibilitam o uso de certas magias e técnicas de combate, toda Materia tem um potencial de evolução num processo paralelo ao XP ganho pelos personagens como em qualquer outro JRPG, esses pontos de Materia são chamados de AP. Todo o balanceamento do jogo, desde equipamentos até as armas e Bosses, são feitos pensando na quantidade e poder das Materias que o jogador tem acesso no momento. Esse sistema faz com que em FF7 você efetivamente esteja sempre progredindo com um objetivo a curto prazo em mente, como passar um nível de uma Materia ou passar um nível de personagem.

Para padrões modernos, Final Fantasy VII ainda retém uma velocidade e um estilo que o tornam um JRPG por """turnos""" muito agradável de se jogar e mecanicamente viciante em muitos momentos.

----- IMPACTO METEÓRICO

Final Fantasy VII pode ser considerado o primeiro jogo de altíssimo orçamento da história, os tais AAA, e esse investimento pesado da Squaresoft (atual Square Enix) e da Playstation fez com que o jogo se tornasse uma obra prima e um clássico instantâneo, vendendo milhões de cópias, solidificando a franquia Final Fantasy e o gênero de JRPGS no ocidente e formando uma espécie de "receita de bolo"' cinemática e narrativa para a indústria inteira.

Quase 30 anos depois e Final Fantasy VII ainda é um forte fenômeno cultural com símbolos populares e extremamente reverenciados. Uma obra basilar para praticamente tudo que véio após ela e eterno objeto de comparação, pro bem e pro mal. O jogo também foi o ponto de reconhecimento de Tetsuya Nomura, renomado artista e game designer que ganhou muito destaque após a produção desse clássico e passou a trabalhar em muitos projetos, de destaque se encontram "KINGDOM HEARTS" em que ele é diretor, além de "The World Ends With You" e muitos outros títulos da franquia Final Fantasy.

Com posição firme no "Videogame Hall Of Fame" e um legado que dura intacto até hoje, Final Fantasy VII é um marco histórico em todas as métricas possíveis.

----- O CICLO CONTINUA

Meu primeiro jogo, a história da minha vida e carregando os temas que formaram minha visão política e de vida, Final Fantasy VII é uma celebração do amor, da busca pela identidade e da coragem de lutar pelo planeta mesmo quando tudo parece perdido. Uma obra e narrativa de proporções tão grandes e ambiciosas, mas que ressoa pessoalmente para muita gente diferente, esse jogo é mais do que eu consigo colocar em palavras. O Tiago de 5 anos ainda vive dentro de mim, bisbilhotando dicionários pra entender os diálogos e revirando o mapa inteiro em busca do próximo objetivo, o Tiago de agora ainda sente o mesmo sentimento de maravilha e amor por tudo que essa obra me apresentou. Obrigado, Final Fantasy VII.




Poucos jogos assumem para si a proposta e ambição de ser um "simulador de vida" e, mesmo com todas as suas limitações, The Sims 3 é o maior e o melhor expoente do gênero.

Antes de tudo creio que produzir uma crítica à The Sims 3, ou qualquer outro jogo da franquia, se utilizando de "parâmetros tradicionais" e uma lógica padrão de avaliação de jogos de simulação é um tanto quanto equivocado. As mecânicas e sistemas de The Sims podem parecer simples e rasos para o jogador de simuladores médio, mas The Sims funciona de uma forma muito singular que busca produzir um fantasia (ou fantasias) muito específicas. A complexidade e longevidade das mecânicas de certa forma pouco importam, além de que elas trabalham de forma mais silenciosa que o normal, os seus pontos brilhantes não são tão aparentes, mas qualquer alteração feita sem muita ponderação acaba por criar uma experiência simplesmente desagradável, como em The Sims 4, que é um lixo.

The Sims 3 é simplesmente perfeito em sua proposta, o esforço mais refinado da série e que se mantém muito agradável em tempos atuais, a ênfase no aspecto social da vida, os avanços gráficos e mecânicos que melhoram a qualidade de vida da fórmula, é até difícil falar algo sobre esse jogo que não seja apenas elogios repetitivos.
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A CASA DE BONECAS

Muito mais sobre aquilo que o jogo te deixa fazer e os desafios mecânicos que ele proporciona, The Sims é, em sua essência, sobre a fantasia de simular uma vida, uma aventura, principalmente para o público que passa por uma socialização feminina.

Algo que se repete muitas vezes nas descrições sobre The Sims é:
"É como brincar de boneca virtual"

Assim, pelo menos ao meu ver, o mérito de The Sims 3 está na sua capacidade de gerar cenários e situações que em muito se assemelham à uma brincadeira de bonecas e os cenários que nelas são imaginados. The Sims 3 pode não contar com desafios ou sistemas super complexos e imersivos, mas essa é a intenção.

Assim como Doom te dá fantasia de ser um super soldado lutando no inferno ou Fallout te dá a fantasia de um sobrevivente num mundo pós apocalíptico, The Sims busca a fantasia do "imaginar uma vida", imaginar uma família, criar uma casa, ir ao trabalho, cozinhar, uma ludificação da vida cotidiana que muitas vezes é ignorada.

A "fantasia do cotidiano" por algum motivo é tratada necessariamente como inferior ou chata se comparada à maioria das outras, mas ela também age como uma válvula de escape e até mesmo celebração e representação de elementos tradicionais da socialização feminina que, não por acaso, também são tratados com menor importância na vida real.
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POTENCIAL E CAPITALISMO

Por mais que a versão base de The Sims 3 por si só já seja o melhor expoente de seu gênero, não é difícil ver uma problemática muito grande em como The Sims 3 se vende como produto e experiência.

No "boom" dos conteúdos extras pagos para download e da internet nos jogos num geral, The Sims 3 foi completamente REPARTIDO e vendido separadamente, decisão não tomada pelos devs do jogo, o pessoal da Maxis, e sim pela MALDITA EA Games. Por mais que a versão base de The Sims 3 seja um ótimo jogo, ter que não ironicamente pagar 1500 reais para ter tudo que um jogo de 2009 pode te proporcionar é simplesmente abusivo e qualquer chance de piratear algo da EA é uma oportunidade a ser capitalizada.

Expansões como a vida de universidade ou a temática da Isla Paradiso são adições muito interessantes e bem trabalhadas, mas estão presas atrás de um paywall absurdo que só se intensificou na indústria.