11 reviews liked by Kryzan


Os pintos me assustaram bastante no início do jogo, mas conforme você vai pegando vários pals, dá pra ir se acostumando, principalmente depois de aprender a lidar com os ovos. Após um certo tempo, já consegui até sentar nos pals e fazer eles darem leite. Muito divertido!

incrível, simplesmente incrivel, a ambientação desse jogo é um absurdo, corrige alguns bugs do jogo anterior e adiciona muito a história, não preciso nem falar dos designs e trilha sonora, é tudo muito bom, a gameplay é fluida e divertida e eu amo como os personagens novos fazem voce jogar de maneiras diferentes.

Poucos jogos legitimamente me deixaram tristes por simplesmente terem acabado, me deixando com um sentimento de saudade que dificilmente é reconfortado pelos jogos que vêm a seguir, e pra minha surpresa, em um jogo que eu mergulhei sem grandes expectativas, aconteceu mais uma vez.

Laços familiares são muito mais complexos do que unicamente compartilhar do mesmo sangue, laços familiares se constroem, se fortificam com a convivência. E sendo o grande foco principal do jogo, a mensagem é muito bem transmitida.

Quando dezenas de pessoas diferentes, com passados e costumes opostos, visões diferentes sobre diferentes aspectos da vida se vêem com o mesmo objetivo em mente, toda e qualquer diferença é deixada de lado, mesmo que de maneira inconsciente. Nobres, aventureiros, pescadores, guerreiros, médicos, vendedores, todos com uma única coisa em mente após o naufrágio do barco em que todas estavam: Escapar dessa ilha misteriosa. Juntos.

O início é propositalmente lento, e acredito que foi uma decisão muito bem acertada. Focado unicamente na investigação dos arredores em busca de sobreviventes da embarcação, a fim de estabelecer uma base para todos os náufragos, são mais de dez horas que não incomodam. Por mais que pareça não dar nenhum caminho para a história principal, um arco inteiro de construção de relacionamento entre os personagens foi essencial para criar uma conexão real com cada uma das diferentes pessoas que resgatamos na ilha.

Pessoas essas que eu vou sentir muita falta, de todas elas, sem exceção. Em especial, Dana Iclucia, maravilhosa.

Se eu falar que entendi alguma coisa do que estava acontecendo, eu provavelmente estaria mentindo.

Mas posso dizer que me senti completamente hipnotizado e imerso tanto com a estética e visual do jogo quanto com a gameplay extremamente viciante e frenética.

Mesmo com um nível de dificuldade considerável, não chega nem perto de ser frustrante, tentativa e erro definem bem o progresso, que é facilitado pelo reaparecimento instantâneo após morrermos numa fase, tal como Celeste.

E apesar de ser um jogo curto, as chances de acabar se encontrando repetindo fases e mais fases simplesmente por vontade são altas, o fator replay é muito forte e é um perigo.

Desde que vídeogame é vídeogame, jogo de mundo aberto é um saco. Depois de dropar o jogo quatro vezes, eu finalmente terminei O Anel Prístino (como foi localizado em nossa terra Tupiniquim) e ainda não sinto que absorvi tudo que a obra tem a me oferecer como consumidor.

Elden Ring é foda em tantos aspectos e é um ótimo Soulslike, mas ainda assim, eu simplesmente me sentia oprimido pela quantidade de coisa que o jogo possui. Isso não é ruim (pelo contrário), porém, são tantas e tantas coisas pra pegar (itens, talismãs, equipamentos, feitiços) e tantos locais pra explorar que eu ficava perdido, somado com a falta de linearidade, eu me sentia incomodado por boa parte do tempo - também tenho reclamação quanto as quests, que em todo jogo da fromsoftware do gênero soulslike possuem a característica de serem bem difíceis de fazer, localizar e completar sem nenhum guia (eu sou experiente na franquia, imagina isso pra um jogador que nunca jogou um desses?) e também a repetição de alguns padrões no jogo, que vou falar sobre mais a frente.

Dito isso, o jogo é incrível! Cenários lindíssimos (me lembro de descer em Siofra a primeira vez, de enfrentar o Naturalborn of the Void naquele cenário todo cósmico cujo me trouxe memórias de Bloodborne e as Dunas das Lamentações onde enfrentamos o Radahn), lore bem foda (era de se esperar vindo de um bom escritor como o George R.R. Martin!) e combate aqui é o mais sólido da franquia junto com Sekiro e Bloodborne - tudo é rápido, você consegue utilizar o especial da arma, rolar, beber o Estus (aqui no caso é Crimson Tears) rápido (tão rápido quanto DS III) e pular com um botão próprio (cortesia do nosso amado Sekiro).

Não só isso, mas o jogo possui abundância de classes, armas, upgrades, armaduras (o fashion souls desse é o mais brabo de todos), feitiços, encantos, NPC's e, pessoalmente pra mim um dos mais divertidos - a customização do seu personagem!

A character creation em Elden Ring é insana e com certeza é a mais competente da FS até o momento, o que adiciona um valor de replay ainda maior.

Gosto também como o jogo possui chuva, sol, biomas de pântano (perto ali de Liurnia), neve (lá em cima), horários como manhã, tarde e noite e de como a ambientação é suave, visto que se fosse a todos os momentos algo frenético (especialmente quando você está a galopar com o cavalo ou descansando numa Grace) seria uma merda.

Quanto a dificuldade, achei acessível e relativamente fácil, visto que você tem muito mais recursos graças ao mapa gigante e pode sair de uma área que você se sente um pouco underlevel e voltar mais tarde.

Entretanto, vejo uma falha enorme na reutilização de bosses e em geral inimigos que o jogo usa e acaba enchendo o saco depois de algumas vezes. Quanto ao último, não me incomoda tanto - Breath of the Wild tem uma variedade COLOSSALMENTE menor dos quais a única mudança é um recolor - pois o título tem bastante abundância nesse aspecto e grande variedade, porém, reutilizar bosses é muito, muito chulo, e é algo que se repete nas dungeons frequentemente.

Isso nos leva a um dos problemas do jogo: As dungeons.
Por si só, já são um pé no saco da porra e trazem o jogo um pouco pra baixo. São todas muito parecidas (parece um roguelike, parece que foi gerado proceduralmente ou algo assim KKKK), mal iluminadas, inimigos similares que se repetem e, como se já não bastasse, muitas delas (não lembro se todas) requerem que você, o player, encontre uma alavanca para prosseguir à área do boss e isso é um cu! - não pela dificuldade, mas sim por ser TEDIOSO. Por fim quando você está prestes a encontrar o chefão e curtir a experiência, é um boss que você já enfrentou... que broxante.

Devo dizer também que acho a OST de Elden Ring a mais fraca dos soulslikes da FS junto com Sekiro, e não, elas não são OST's ruins, pelo contrário, são ótimas e caem como uma luva nos temas e cenas do jogo, porém, acho um pouco inferior.

Diante disso, Elden Ring é até o momento, o melhor mundo aberto Breath-of-the-Wild-like que joguei, só que definitivamente não vou voltar pro jogo. Tem seus problemas sim, tem seu midgame bem mais ou menos, tem suas dungeons chatas com seus bosses repetitivos, tem as quests padrão fromsoftware de FODASE tu vai que usar um guia pra fazer tudo 100% MAS... A experiência como um todo ainda assim é majestosa e muito bem feita.


No passado longínquo da década de 1990, a gigante nipônica Konami se via em uma situação extremamente favorável. Tinham grandes jogos, grandes franquias e um crescimento de renda anual absurdo. Em todos os gêneros e subgêneros, eles possuíam grandes jogos de peso, fossem eles de esporte, jrpg ou de aventura. Isso tudo mudou quando a sua grande rival Capcom lançou Biohazard (localizado Resident Evil no Ocidente), firmador do subgênero Survival Horror em 1996, e, com ele, no período curtíssimo de apenas três anos já haviam criado uma trilogia de Greatest Hits no console estreante da Sony, o PlayStation, que até aquele momento trilhava uma possível jornada para se tornar o console mais vendido de todos os tempos.

Era um mercado praticamente inexplorado, antes desbravado de forma rasa por Alone in The Dark, Clock Tower e de certa maneira Sweet Home, porém, nunca lucrativo como Biohazard era. Logo, para que não se perdesse a ascenção desta onda comercial, a Konami reservou parte de seu orçamento e incumbiu seu time B da então KCET (Konami Computer Entertainment Tokyo) de criar uma competição a Resident Evil, obviamente para o mesmo console.

Assim então, o 32-bit recebia Silent Hill no início de 1999, que por ventura também se tornou Greatest Hits e aspirava por uma sequência. Esta que iniciou sua produção logo em seguida, ainda em junho do mesmo ano. Assim como Metal Gear Solid, também da Konami, Silent Hill elevava o PlayStation ao limite, diferente do recém-lançado Biohazard 3: Last Escape (Resident Evil 3: Nemesis, no Ocidente), que reutilizava diversos assets do seu antecessor, Resident Evil 2. Tudo apontava para que a sequência do novo jogo da Konami fosse o melhor imaginável. Logo após o enorme sucesso de Silent Hill, o então time B da KCET foi renomeado para Team Silent, e, como o nome já diz, foram criados com o intuito de transformar o seu novo sucesso em vários lançamentos. Alguns nomes que viriam a ser conhecidos que integravam o desenvolvimento eram: Hiroyuki Owaku, sendo responsável pelo cenário do jogo, Akihiro Imamura, antes programador do jogo e agora produtor, Akira Yamaoka, produtor de som/efeitos sonoros e compositor da trilha sonora, Masahiro Ito, diretor de arte, design de monstros e backgrounds e Satoshi Sato, animador de CGI.

Enquanto a Capcom pensava em como fazer seu quarto título numerado, com um desenvolvimento problemático que acabou gerando diversos spin-offs ou lançamentos não-numerados como o Resident Evil Survivor, Resident Evil Gaiden, Resident Evil: Code Veronica e futuramente Devil May Cry e Haunting Ground, a Team Silent dedicava-se somente a seu próximo título, este que, desta vez, não seria lançado ao defasado console 32-bit. Agora, seu mais novo projeto ambicioso visava o novo mercado em torno do promissor hardware do PlayStation 2, recém-lançado naquele período, no início de 2000.

Sem muitas informações ao público durante sua produção desde junho de 1999, foi na E3 de 2001, realizada em meados de maio, no palco da Konami, que fomos agraciados com a música "Theme of Laura", um novo protagonista, uma CGI assustadora de bonita e uma atuação invejável. Um homem adulto sendo questionado por sua mulher, esta que realça o quanto ele sempre foi esquecido das coisas, acompanhados de um som constante de metal arrastando pelo chão (eles fizeram questão de não mostrar o que ou quem causava o barulho). Poucos meses depois, em 25 de setembro de 2001, Silent Hill 2 chega as prateleiras das lojas. Na América do Norte, sua capa retrata o momento em que Angela se encontra com uma faca, encarando a si mesmo no espelho, em seu quarto - esta que tenho em mãos, o lançamento original de 2001 da América do Norte. No Japão, a capa é uma parede cinzenta repleta de papéis vermelhos, isto é, os Pontos de Salvamento no jogo, que também são recursos no roteiro - definitivamente a capa mais conceitual - enquanto a capa do continente europeu utiliza dos olhos de Maria. Voltando, o lançamento é bem recebido pela crítica e em um mês após sua chegada, já em outubro, batia mais de um milhão de vendas atingindo o mesmo patamar Greatest Hits de seu antecessor.

Diferente do primeiro título, onde estamos na pele de Harry, um pai herói que está em busca de sua filha, desvendando sobre essa cidade problemática envolvida em rituais religiosos repletos de sacrifícios, o jogador claramente consegue perceber o lado certo e errado. Aqui, a abordagem é o oposto disso. James é nojento, e não um herói como Harry. Isto inclusive afasta o público japonês em um primeiro momento - razão esta pela qual Silent Hill 3 retorna com o culto e com Cheryl - que não se vê por satisfeito nesta nova trama sem heróis nem ligações ao título anterior, com exceção da já conhecida cidade.

Algo sobre a solidão e a melancolia dos apartamentos, das ruas vazias e dos corredores estreitos com portas trancadas trazem algo familiar, mas estrangeiro. Um senso de acolhimento e exclusão que, por mais que antípoda, causam uma tranquilidade no profundo da alma, como se tudo aquilo fosse uma segunda casa. Era algo jamais antes visto e que até hoje gera diversas réplicas e continua influente. Essa aura mística e misteriosa em torno do jogo vem justamente da sua concepção inicial, que em contraste com o seu antecessor, Silent Hill 2 é mais uma trágica história de amor que um jogo de terror ou survival horror.

O fato de ser um vídeo-game e não um filme ou livro, é justamente o que faz o título ser perfeitamente compreensível, o que dificulta ainda mais as adaptações ao cinema. Ângulos de câmera, metáforas e quebras da quarta parede conversam contigo. Munido em um combate lento regado a recursos e interações com o ambiente ou itens, fazem com que o jogador se sinta imerso na cidade da névoa. São pequenas nuances que dão forma a um trabalho esculpido com esmero. Relatar como cada detalhe foi pensado e aprimorado para que sejas incomodado seria um eufemismo: é claro que foi.

Tudo isso começa em uma premissa simples: James recebeu uma carta de sua esposa Mary, falecida há três anos. O conteúdo da carta insiste que ela o está esperando em um "local especial" deles, na cidade de Silent Hill. Não é preciso pensar para concluir que uma pessoa morta não pode escrever uma carta, e mesmo ciente desse fato ele vai atrás de sua amada sem se importar com o que o aguarda.

Assim como em obras clássicas como "O Pequeno Príncipe" e "Alice no País das Maravilhas", quando o leitor é jovem, a obra possui um sentido que, quando adulto, não só se altera como também se mistura e recebe um novo significado, tornando-se ainda mais carinhoso. Entretanto, Silent Hill 2 não traz necessariamente a influência destes clássicos, mas sim de obras como "Crime e Castigo" de Dostoiévski, "Jacob's Ladder" de Lyne (uma das chaves do jogo se chama Lyne House Key, referência direta), "No Language But a Cry" de D'Ambrosio, "Eraserhead" e também "Blue Velvet" de Lynch.

O roteiro, com seu princípio compreensível, consegue introduzir novos personagens e novas localidades com primor graças ao uso dos ambientes e música como forma de narrativa. Por exemplo, o banheiro no apartamento em que encontramos Eddie ou do espelho no quarto de Angela te dão sinais do que ocorreu por ali. É implícito mas perceptível. Evidente que, transmitir emoções não é algo simples de se fazer especialmente em uma obra retratando mentes conturbadas, portanto isso é coroado graças a dublagem etérea e surreal dos personagens: todas as performances são feitas de forma distante, serena e principalmente sem propósito ou motivação aparente - ninguém está motivado o suficiente para conseguir feitos ou perseguir sonhos, eles estão à deriva nesse plano-existência, sem autoconsciência.

A trilha sonora e efeitos sonoros sendo uma das melhores de todos os tempos compostas por Akira Yamaoka, faixas como "White Noiz", "Forest", "Alone in Town" e "Null Moon" causam um distanciamento com o lado pesado e incômodo do jogo, entregando ao jogador um momento de paz e reflexão, enquanto "Betrayal", "Blank Fairy" e "Fermata in Mystic Air" desconfortam e fazem questão de arrepiar o mesmo, causando um contraste monocromático entre segurança e insegurança, certeza e dúvida. A divulgação do jogo feito em seu trailer, estreiava a faixa "Theme of Laura" e, segundo o próprio (trecho retirado do Making of Silent Hill 2, gravado pela francesa TV Fun e contido na edição europeia do jogo) "[...] Eu demorei três dias pra compô-la (risos) [...] "Eu não acho que a melodia seja a coisa mais importante da música, entretanto, eu queria algo com uma melodia triste, mas com uma batida forte. Acima de tudo, eu queria ter certeza de que as pessoas sentissem algo quando ouvissem as músicas, que causasse algo nelas."

Tratando-se do design de som, o compositor também não poupou as comparações com a franquia da Capcom " [...] Em Bio (Resident Evil) os sons são algo mais formais, são mais convencionais, quase como se nós estivéssemos acostumados a ouvir isso. Já em Silent Hill 2, tentei fazer algo que fosse desafiar a sua mente, como se os sons estivessem passeando por debaixo de sua pele. O que eu quero dizer com isso é criar uma reação física ao jogador como apreensão e desconforto." Dessa maneira, os pequenos murmúrios quando se aproxima em um dos quartos dos apartamentos, o som de cavalgar que se aproxima de forma rápida em torno do protagonista ou até mesmo o som similar ao arfar de um cachorro que o acompanha assim que desce a caminho do cemitério, acontecem.

Quanto a CGI do título, Sato faz uma leve comparação com as CGI em Final Fantasy, dizendo: "[...] você vê, em Final Fantasy, todos parecem perfeitos. Quando criei Maria, fiz questão de desenhar imperfeições no rosto dela... [aponta para um pôster do jogo, com Maria na arte] Eu acho que... ela é morena. Não é loira. Ela é morena, ela pinta o cabelo." e diz o mesmo sobre personagens como o Angela e Eddie, "[...] Angela deveria ter em volta de 16, 17 anos no jogo... (complementa) porém você vê essas sombras? (aponta a parte do queixo) Tentei fazer essa animação facial parecer um pouco... desconfortável, mais velha." e um adendo, a dubladora que contrataram era a única que não se assemelhava em idade com a personagem, também proposital. Ito então finaliza "A pupila dele (Eddie) é um pouco maior, se comparar com a dos outros personagens. A direção dos olhares dele, parecem ser opostas. E, sabe, o olhar dele se move primeiro, do que os outros personagens... Fiz isso de propósito."

O combate é um tanto lento assim como a movimentação, mas em perspectiva da época, os jogos de terror com controles de tanque passavam por essa mesma realidade. Não só isso, mas acredito que um combate mais rápido traria mais problemas que soluções ao jogo, afinal, o protagonista não é nenhum lutador experiente ou atirador de elite. A variedade de equipamentos também é bem pequena, o que é compensado com uma gama de finais que o jogador pode causar dependendo de coisas específicas que faz ao longo da campanha, trazendo um fator replay bem-vindo mas que definitivamente poderia ter incluído mais equipamentos.

O icônico Pyramid Head, ou como referido no manual "Red Pyramid Thing" estreia aqui, sendo parte da psiquê de James Sunderland, que utiliza um enorme capacete em formato de pirâmide feito de um material parecido com aço, usado para simbolizar o peso que o protagonista carrega em sua vida após o ocorrido com sua esposa. Como visto em um quadro no jogo, ele retrata a importante e recorrente figura do Carrasco. Inspirado em quadros de Francis Beacon, a ideia inicial era criar um Carrasco que utilizasse uma máscara por todo o tempo, para que ao longo da jornada, James descobrisse que aquilo era um humano por debaixo daquele véu. Então, Ito levou o conceito um pouco mais a frente, segundo ele: "[...] O triângulo tem seus lados retos e isso resulta nisso pontiagudo, esse aspecto agudo sugere uma possiblidade de dor. O formato triangular também ajuda a explicar o papel do monstro no jogo[...]"

A temática principal que envolve aqui é culpa, ou pelo menos, uma parcela dela. Cada um tem sua culpa, e como não se existe uma deusa Iustitia na vida real que pode pesar e julgar cada um, trata-se da mente do indivíduo. No entanto, na sociedade, a mente do indivíduo vale menos que o bem-estar coletivo. Veja bem, ao procurar um emprego, ao sair na rua, ao postar algo na internet, vale mais o consenso que têm de você, do que o que você realmente é, no interior - que talvez seja o que importa. A moralidade é complexa.

No fim, tens de saber o que queres para consigo mesmo, e com isso chegamos ao fim da obra. Como já dito, o jogo possui uma gama de finais, e cada um desses tem relação com como James trata sua culpa. Toda essa decisão final já seria dolorida o suficiente, no entanto, graças a uma das melhores performances já entregues a arte dos vídeo-games por parte de Monica Taylor Horgan, a leitura da carta final de Mary é arrepiante e beira a perfeição. Tanto beira a perfeição que, por parte da Team Silent, fizeram questão de que a atriz não tivesse lido esse script até que fosse o dia de gravar. Graças a isso, o choro e melancolia que você vê no final é realmente o choro dela ao ler.

Assim como várias peças de arte que acabam por receber mais reconhecimento com o passar do tempo que no próprio período em que são produzidas, Silent Hill 2 permanece como um dos jogos mais importantes da história e recebe vários projetos por parte dos fãs, como o Silent Hill 2 Enhanced Edition, que trouxeram todas as texturas e gráficos do jogo a maior qualidade possível, melhorando as fontes e aumentando a framerate do jogo, além de claro, ser agraciada por novos fãs, mods, um remake e uma adaptação aos cinemas dirigido pelo francês Christophe Gans. Quanto a Team Silent, há um falso consenso de que o estúdio de desenvolvimento manteve-se com os mesmos integrantes ao longo de toda sua jornada, entretanto, isto é falso. Embora o núcleo da Team Silent seja Masahiro Ito, Akira Yamaoka e Hiroyuki Owaku, muitos membros foram para outros projetos. No caso do compositor Yamaoka, após o lançamento de Shattered Memories (2009) e o visível declínio da franquia, viu uma oportunidade de transferir-se e assim fez, iniciando outra etapa de sua carreira na Grasshopper Manufacture, fundada por Goichi Suda. Keiichiro Toyama, diretor do primeiro título, fundava uma divisão dentro da Japan Studio, conhecida como Project Siren (ou Team Gravity como passou a ser reconhecida décadas depois) que após alguns anos resultou nos títulos da saga Siren, Gravity Rush e o recém-anunciado Slitterhead. Satoshi Sato hoje trabalha na Nintendo há mais de uma década, sendo diretor de arte em diversos jogos da franquia Mario vs. Donkey Kong e Paper Mario.

É curioso que grande parte dos times talentosos e benquistos da Konami sempre seguem o caminho de desmanche. Seus funcionários usualmente procuram abrigo em outras companhias, não que isso seja uma surpresa vindo de uma empresa dirigida pela poderosa família Kozuki. De acordo com um relatório feito pela Nikkei, constam supostas alegações como:
Tratar os seus funcionários como prisioneiros, com câmeras não para segurança, mas sim para monitorar os seus movimentos em adição aos cartões de ponto com o objetivo de garantir que seus intervalos de almoço sejam como estipulados, caso contrário divulgam o nome do trabalhador em todo o setor como forma de humilhação;
Randomizar e alterar os endereços de e-mail da maioria dos funcionários a cada poucos meses, dificultando a comunicação entre eles fora do ambiente de trabalho monitorado;
Reatribuir desenvolvedores de jogos que não são vistos como úteis para empregos como guarda de segurança, pessoal de limpeza ou trabalhadores de fábricas de máquinas caça-níqueis;
Colocar ex-funcionários na lista negra e tentar impedi-los de encontrar novos empregos na indústria;
Ameaça de tomar medidas legais contra ex-funcionários que dão entrevistas à mídia.
Um dos incidentes mais chocantes relacionados a esse assunto foi a tentativa de prisão por homicídio no escritório da Konami em 2021. Um ex-funcionário agrediu seu ex-chefe batendo-lhe na nuca com um extintor de incêndio, supostamente devido a assédio de poder. O agressor foi preso e acusado de tentativa de homicídio. Isto mostra o quão extrema a situação na Konami pode ser para alguns trabalhadores, e culmina no estado deplorável e vergonhoso cujo seus produtos se encontram há mais de uma década.















Esse aqui era pica, irei listar todos os Pros dessa joia esquecida pelo tempo:

- Dava pra se passar por mulher e ganhar skin
- Chat era só azaração e pegação séria
- dava pra estourar tartaruga na porrada com umas aranha mecanica
- dava pra arranjar namorada que provavelmente era um homem querendo skin
- usar hack a doidado

infelizmente são tempos que não voltam mais

lindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindolindo

Sem dúvidas, há valores espalhados aqui e ali. Tem uma boa ambientação, que se aproveita bastante da câmera fixa, e mecânicas curiosas pro estilo de narrativa. Me chamou a atenção ideias tipo a dos totens, ou o uso do sensor de movimento do controle, que gera situações bem interessantes, como a fuga no final.

E, de longe, a melhor coisa deste jogo é as sessões com o Dr Hill. Embora não tão bem aproveitadas no fim das contas, são muito intrigantes as divisões de capítulos apresentadas pelos discursos confusos e metalinguísticos dele, que se intensificam e se tornam mais agressivos naquele cenário abstrato. Bem legal.

Agora, uma coisa que realmente não tem, é sutileza e naturalidade. Não apenas no aspecto textual, com personagens caricatos e diálogos ridículos, como no âmbito da direção das cenas mesmo. É visível o jogo encaixando os ocorridos e moldando as rotas, esse modelo de narrativa ramificada foi pouco polido e nota-se os personagens tomando ações forçadas só para ligar a próxima parte. Num geral, tudo é muito duro, até mesmo como a gameplay interage com a mudança dos sentimentos de cada situação.

E, por fim, a história em si que é conduzida através de tudo isso. Eu sei que eles estão simulando um terror americano genérico, mas não consigo ver a vantagem disso. Realmente não apetece o paladar reger uma atmosfera tensa com decisões cuidadosas, pra gerar uma imersão genuína, em um roteiro tão estúpido. É tudo tão caricato e forçado que simplesmente não dá pra levar muito a sério. "Clichê" e "cringe" são duas palavras muito eficientes em descrever grande parte do roteiro.

Com uma boa história e personagens, e polindo a construção da narrativa de rotas, teríamos um ótimo jogo, mas acabamos num terror pastelão e robótico. Até diverte e distrai, mas não passa muito disso.


This review was written before the game released

Maybe the real Epistle 3 was the friends we made along the way