Farlight 84 é visivelmente um jogo resultante de inúmeras fontes alheias e não apresenta muitas particularidades próprias. Suas maiores qualidades já foram anteriormente replicadas por diversos outros títulos do mesmo gênero, que hoje se encontra em total saturação justamente pela falta de originalidade e engenhosidade presente em cada jogo. Contudo, mesmo sem ser tão atraente numa primeira olhada, Farlight 84 consegue proporcionar uma experiência sólida de diversão para aqueles que buscam um Battle Royale mais simples e direto. Com uma trocação de tiro satisfatória, personagens com habilidades variadas e uma permissiva mecânica de jetpacks, suas partidas são sempre divertidas em algum nível. Quando comparado com as outras opções do gênero, como Fortnite ou Free Fire, que quase não dão mais espaço para que novos jogadores possam se divertir, Farlight 84 pode ser uma boa pedida para quem quer apenas aproveitar de algumas horas com seus amigos num bom e velho squad do abalo!

NieR: Automata é uma belíssima joia rara que está internamente escondida numa pedra bruta. Por mais problemáticos que alguns de seus aspectos técnicos sejam, como os gráficos visivelmente ultrapassados, um combate limitado e uma enorme quantidade de paredes invisíveis totalmente desnecessárias, o jogo ainda é responsável por proporcionar uma das maiores catarses que já tive com toda minha trajetória com videogames. Admirar esse mundo belo e pós-apocalíptico, acompanhar sua história reflexiva e filosófica, explorar as ruínas deixadas por uma civilização derrotada e desafiar as numerosas formas de vida mecânicas ao som de uma trilha sonora estupenda construiu, sem muitas dificuldades, uma das experiências mais fortes que tive nesses últimos anos, elevando meu apego em cada novo desfecho dessa marcante aventura. Infelizmente, as excentricidades de seu criador acabam afastando aqueles menos acostumados com o ato de sair das suas zonas de conforto. No entanto, para aqueles dispostos a apreciar as singularidades do brilhante Yoko Taro, NieR: Automata se mostrará uma emocionante jornada completamente inesquecível!

Mad Max é um jogo totalmente genérico e derivativo de franquias conhecidas nesse meio de jogos de mundo aberto. Por trás de toda a bagagem que carrega da icônica série de filmes do George Miller, o jogo entregue pela Avalanche Studios sofre com problemas notáveis de falta de inspiração e de diversidade de elementos para nutrir essa campanha. Após cerca de 5 horas explorando ruínas, saqueando acampamentos inimigos e explodindo comboios, o tédio toma conta e muito das tarefas deixam de ser prazerosas, tornando-se apenas em obstáculos para impedir o avanço do jogador. Obviamente que, considerando o valor que você consegue encontrar para esse jogo atualmente, pagar R$ 4,50 por 15 a 20 horas de jogatina é algo razoavelmente positivo mesmo para quem acabe não gostando tanto do jogo, como foi o meu caso. Entretanto, falando de um ponto de vista mais analítico, Mad Max não valeu meu tempo investido em praticamente nenhum sentido. Olhando como alguém que adorou o que foi apresentado naquele filme lá em 2015, esse jogo é uma decepção um tanto que inesperada.

Ori and the Will of the Wisps é tudo que o maior fã dessa série poderia esperar. Apresentando uma nova fase de uma história profunda e tocante sobre amizade, amor e autodescobrimento, essa sequência brilha ao expandir as possibilidades de seu gameplay, introduzindo novas mecânicas e levando essa jornada para outro patamar de qualidade. Indo desde a evolução em seu combate, até a notável melhoria em seus visuais e set pieces, tudo que esse jogo apresenta é uma versão aprimorada daquilo que aprendemos a amar lá em 2015. E tudo isso sem perder sua essência... Assim como ressaltei lá no meu texto para o Ori and the Blind Forest, Ori and the Will of the Wisps continua sendo visualmente impecável, textualmente brilhante e mecanicamente satisfatório. Uma aventura sem igual para qualquer amante de projetos independentes inspirados no gênero Metroidvania, novamente graças a mais um trabalho exemplar da Moon Studios, agora ampliado pelos altos investimentos dado pela própria Microsoft!

Maquette parecia ser a nova joia bruta da Annapurna, trazendo mais uma experiência única e cheia de inventividade para uma mídia saturada e que carece de novas ideias. Seus visuais conquistavam qualquer amante de obras independentes, além de contar com uma trilha sonora poderosa e uma premissa curiosa, utilizando proporcionalidade como a base de seus puzzles. Não foi preciso muito tempo para eu perceber como suas mecânicas eram divertidas e caprichadas, o que me motivava a ficar verificando as possibilidades que se abriam em minha mente para cada novo desafio que aparecia em meu caminho. Contudo, essa mecânica não foi o suficiente para me fazer ignorar os problemas de desempenho da versão de PC, com uma taxa de quadros extremamente instável e oscilante, tornando a experiência num verdadeiro sofrimento físico e mental. E já não bastasse isso, a própria obra perde seu fascínio após sua metade, o que ampliava cada vez mais a minha frustração pelo potencial desperdiçado e pelos problemas técnicos que permanecem incorrigíveis até hoje. Diante do que parecia ser um novo clássico do gênero de puzzles, Maquette se contenta como uma obra que alterna entre ser divertida e irritante, além de ser particularmente uma decepção para mim, que coloquei tanta esperança nesse título.

2007

Diante tantos jogos rítmicos que cercaram minha infância, é engraçado que seja justamente o osu!, o único que conseguiu me prendeu durante todos esses anos. Mesmo tendo começado há jogar simplesmente para tentar melhorar minha mira em FPS, o que obviamente se provou inútil, osu! me conquistou pela inigualável emoção que eu sentia ao evoluir minhas habilidades individuais, conseguindo completar mapas cada vez mais difíceis e desafiadores. O ato de "jogar uma música", segurando meu combo e passando de sessões complicadas me cativou de uma forma que eu não consigo mais esquecer, fazendo com que eu nunca conseguisse abandonar esse jogo por mais de alguns meses. Além disso, por ser uma comunidade mais puxada para o lado oriental da força, com a criação de mapas mais voltadas para o J-pop e aberturas de animes, os mapas conseguem transmitir ainda mais a emoção das batidas, criando experiências inesquecíveis, como Image Material, FREEDOM DiVE ou Blue Zenith. De verdade, é outro nível de diversão!

O gênero de RPG costuma ser injustos às vezes, uma vez que, com a evolução das tecnologias, a excelência técnica e exploração de novas mecânicas vem se tornando o grande elemento chamativo para novos jogadores, tomando o espaço de obras antigas e já ultrapassadas. Por sua vez, The Witcher é um velho de guerra nessa história, com sistemas e ideias visivelmente datadas e que já não refletem mais as prioridades dessa nova leva dos amantes de fantasias. Contudo, mesmo após mais de uma década desde o seu lançamento, ele ainda continua firme em seu conceito. Apresentando um universo rico, repleto de singularidades e ambiguidade em cada personagem, The Witcher não se rebaixa ao maniqueísmo barato, entregando uma trama aonde bom e mau se dá apenas baseado no ponto de vista de cada um. Para aqueles que buscam uma história em que suas ações reflitam de verdade no mundo, esse ainda continua sendo uma ótima escolha para se fazer!

Ori and the Blind Forest é visualmente impecável, textualmente brilhante e mecanicamente satisfatório. Explorar a Floresta de Nibel será, sem dúvidas, uma aventura marcante para aqueles que estiverem dispostos a imergir dentro dessa obra, tanto ao desbravar seu complexo e desafiador mundo, assim como em apreciar sua narrativa intimista presente durante toda a jornada. Compreender uma história tão sentimental, mesmo sem quase nenhum diálogo é de um feito incrível dessa obra. Contudo, alguns problemas pontuais fazem parte do conjunto, trazendo sistemas de combate exageradamente simplificados, o que poderá cansar e afastar alguns jogadores. Ainda sim, a experiência final é sólida o bastante para entregar uma das melhores sensações com um jogo desse gênero. É uma homenagem incrível ao gênero Metroidvania, graças a um trabalho exemplar da Moon Studios.

Alien: Isolation é o típico jogo que vai muito além do susto, preocupando-se muito mais com uma construção sólida de tensão e medo para atingir seus ideais de desespero. Contando com um trabalho impecável na criação dos ambientes abandonados de Sevastopol, um design de som invejável e um assassino feroz e desalmado para aterrorizar o jogador, o jogo consegue traduzir com maestria o sentimento de isolação em uma instalação espacial tomada pelo caos. Cada objetivo era acompanhado de uma insegurança enorme, me deixando cada vez mais amedrontado em prosseguir na minha missão. E mesmo com eventuais deslizes, como uma repetição exagerada de tarefas bem parecidas, taxa de quadros baixa em cutscenes ou a inteligência artificial dos inimigos desligando simplesmente do nada, eu não consigo não ver esse jogo como um clássico do terror moderno. Para alguém que estava afastado há tanto tempo do gênero, Alien: Isolation me puxou com tudo para dentro desse espiral de pavor e receio!

2018

É difícil falar de Hades com a verdadeira emoção que você tem ao jogar. Mesmo após mais de 100 horas em um único save, eu ainda continuo sendo tentado pelas forças desse jogo, me convidando para realizar mais algumas tentativas de escapar desse reino de punição eterna. E esse talvez seja o maior mérito dessa obra, criar essa afeição pela sua experiência. Alinhado de belíssimos visuais, um combate rápido e responsivo, uma trilha sonora que alterna entra o melancólico e o caótico e, principalmente, uma história familiar cativante, Hades conseguiu criar momentos inteiramente gratificantes num gênero onde raiva e frustração sempre reinaram. Mesmo as minhas mortes mais dolorosas se transformavam em mais conhecimento sobre cada uma dessas histórias, além de trazer bastante aprendizado e mais itens para me ajudar numa próxima tentativa, alimentando esse ciclo eterno de fugas. Tendo tudo isso em mente, minha única tristeza fica pelo fato de eu ter demorado tanto para finalmente me afundar nesse profundo Reino do Hades. Pela quantidade de vezes que me mandaram ir pro inferno, eu deveria ter jogado bem antes...

Death's Door é uma das obras mais convidativas dos últimos tempos. Alinhando seus belíssimos visuais, trilha sonora encantadora, level design complexo e narrativa intrigante, todos os elementos presentes ampliavam um jogo extremamente coeso e ciente de seus objetivos. Seja ao explorar um cemitério críptico, uma assombrosa mansão estranhamente repleta de vasos, as ruínas inundadas de uma antiga catedral ou os picos gelados das montanhas, jogar Death's Door nunca soava como algo cansado ou forçado. Infelizmente, seu combate não correspondeu as expectativas, perdendo várias oportunidades de criar algo ainda mais cativante em meio aos diversos acertos do jogo. Apesar disso, foi um enorme prazer passear por todas essas portas da morte e dar fim para algumas almas perdidas, me deixando curioso pelos próximos passos desse estúdio tão promissor. Após tudo que foi aprendido em Titan Souls e agora em Death's Door, tenho certeza que podemos esperar por uma nova obra-prima surgindo novamente do cenário de jogos indies.

Diante das inúmeras jornadas que já experienciamos em videogames, Journey surge com enorme destaque para os inúmeros viajantes que completaram essa jornada. Mesmo com a pouca presença de mecânicas mais elaboradas e um objetivo aparentemente cansativo, realizar a peregrinação ao topo da montanha sempre se mostrava uma aventura sólida e gratificante. Seja ao deslizar entre as dunas, explorar as ruínas de sua civilização antiga, contemplar as belezas arenosas da região ou a singela interação com um companheiro anônimo, tudo em Journey se mostrava belo e instigante. Criar laços fortes com o mundo e os outros jogadores encontrados ao longo dessa jornada era quase que uma mecânica por si própria, e ao concluir meu objetivo, eu me via inteiramente deslumbrado com o que a Thatgamecompany, desenvolvedora do jogo, conseguiu me fazer sentir. É um clássico imperdível para amantes do gênero walking simulator, mas recomendo para todos que buscam se encontrar em meio ao deserto de suas vidas!

Sempre tive muita confiança na PlatinumGames, considerando um histórico de jogos com títulos tão fortes, como Bayonetta e Nier Automata. Mesmo com toda a defasagem em aspectos gráficos ou narrativos presentes nessas obras, o combate nunca chegou perto de ser um problema em nenhum desses casos. Envolver inimigos em combos ou lutar contra chefes gigantescos sempre foi extremamente satisfatório quando se tratava da PlatinumGames, então é um choque que esse seja justamente o aspecto central da minha frustração com Metal Gear Rising. Absolutamente tudo que me incomoda está relacionado com algum problema nessa área, deixando uma dúvida do quão diferente poderia ser com um pouco mais de capricho de seus desenvolvedores na época. De qualquer forma, o resultado está aí. Divertido em certos momentos, irritante em vários outros. Para o meu começo nessa franquia, só espero que toda a furtividade do famoso Solid Snake não me decepcione da mesma forma que a vibe frenética do Raiden me decepcionou.

Quando finalmente criei coragem e decidi me aventurar nessa série por volta de maio de 2020, eu me apaixonei instantaneamente por seus sistemas complexos, mas visivelmente compreensíveis. Duelar contra os incontáveis inimigos da obra sempre me trouxe um misto gratificante entre frustração e satisfação, que me envolveu numa das maiores jornadas que já tive com videogames. Por sua vez, Dark Souls II entrega muito do que eu sempre gostei na série, mas com deficiências conceituais gritantes e que me fizeram questionar o quão frustrante seria toda essa experiência caso tivesse jogado no momento errado. Dark Souls II é um bom jogo, com muito potencial para cativar apesar das críticas que recebe, mas é inegável que possui suas falhas que podem estragar a experiência para jogadores que não estiverem acostumados com as mecânicas da série, expondo deficiências no seu game design, que devo mencionar que já eram presentes na série, mas que aparecem de forma muito mais intrusiva por aqui. Não me entenda errado, Dark Souls II merece sua atenção por ainda conter parte da essência da série, mas apreciar da maneira correta é fundamental para extrair o máximo dessa experiência. Por isso, vá perder seu tempo com outro jogo da série e depois volte para desbravar esse impiedoso reino de Drangleic. Com toda certeza, a experiência será muito mais gratificante!

Costumo dizer que o xingamento é libertador, então talvez essa pudesse ser a melhor versão de um jogo para portar minha descarga diária de toxicidade gratuita sem que eu precisasse ser apenas mais um imbecil em outros jogos online. Infelizmente, como deu para notar, o efeito foi tão o contrário que até me deu dor de cabeça durante essas poucas horas que joguei. Com isso, suponho que a minha visão já esteja bem clara, mas se por acaso você está querendo desestressar um pouco ofendendo alguém, não acredito que esse seja o local ideal. Afinal, o humor proveniente de crianças do fundamental até tem seu charme, mas necessita muito de uma mente mais relaxada, o que é quase incoerente atualmente, considerando que nós vivemos no século XXI. Ainda sim, para alguém que buscava ofensas de alto nível, eu me indago se alguém realmente insulta os outros desse jeito. Imagine quando insultar um brasileiro num péssimo dia, tadinho...