Uma gema escondida no SNES Online do switch, Kirby Sinuquinha (Ou Kirby's Dream Course se você for chato) me providenciou uma tarde cheia de risadas com minha família. É complicado fazer uma review "100% objetiva" (Se é que isso existe) de um jogo como esse, pra mim ele me lembra mais de um jogo de tabuleiro do que qualquer outra coisa que joguei esse ano, onde as mecânicas, apresentação e progressão vão bem depois da experiência entre participantes que visam proporcionar. Claro, isso pode ser dito de todos os jogos multiplayer, mas o que faz Kirby Sinuquinha se destacar nesse aspecto é sua natureza intuitiva "pick up and play". No nosso caso, jogamos sem saber regra nenhuma (Ficamos uns 10 minutos no primeiro round tentando entender como continuar depois de bater em todos os inimigos, a gente é meio bobo) mas não demorou até o jogo "clicar" - escolhendo rotas para pegar as habilidades que mais gostamos de usar, calculando trick shots de 300 QI pela parede, apelando pro bloco roubado do Sol/Lua pra trocar os pontos, são momentos que, como os melhores jogos de tabuleiro, ficam infinitamente mais doces quando você joga com alguém que aprecia a companhia.

Jogue com um amigo, o online do switch tá aí pra isso msm, se n tiver ninguém me adiciona lá SW-3297-0818-1984 my yellow kirby goes crazy

Meu primeiro Monster Hunter foi o 4U de 3DS, mas só comecei a acompanhar a série depois de me apaixonar pelo MHW. Como um "world baby", jogar Generations Ultimate me fez perceber o contexto por trás das tantas mudanças que a nova geração trouxe a série, assim como tudo o que o World faz de diferente, melhor e pior.

Gosto de ver GU como o ápice do combate da série inteira até o momento em que foi lançado, com estilos diferentes para cada arma e golpes over the top proporcionados à ambos os caçadores e monstros (Principalmente os deviants). Como uma celebração da série, o jogo também conta com o maior roster de monstros da série atualmente, embora muito do early game seja caçando quinhentas variações da mesma galinha gigante e coletando materiais. O multiplayer contém algumas das minhas lutas favoritas da série, e um sistema de lobby que funciona debativelmente melhor do que o World.

MHGU é a despedida perfeita do Monster Hunter clássico, e embora seja uma experiência difícil de engolir a primeira vista, é uma difícil de largar depois que passa pelos monstros mais criativos que infelizmente não aparecem na próxima geração. É uma iteração consistentemente boa de uma série que ganhou meu coração faz uns anos, além de uma celebração cheia de charme de tudo que faz dela um espetáculo.

Acho que gostei do jogo mais do que deveria, mas não tanto quanto esperava. Ver a trama se desenrolar enquanto você viaja entre duas timelines para impedir o fim do mundo é certamente interessante, mas no fim peca devido aos personagens não serem carismáticos o bastante pra carregar a história pra frente. Isso tem suas repercussões no ritmo geral da história, com um mid game tão chato que quase me fez desistir do jogo mais de uma vez.

Os visuais também me desapontaram um pouco, especialmente considerando o artstyle do jogo original, que foi substituído pelas caricaturas estilo anime mais genéricas que eu já vi, e alguns personagens (Eruca) perderam completamente sua personalidade do design original. O fato dos devs não só pisar em cima da arte original mas cobrar a mais para a oportunidade de jogar com ela é um ultraje prós fãs do jogo de DS.

O trunfo desse jogo é definitivamente o gameplay, uma mudança no sistema turn based traditional que as vezes te faz pensar como um jogo de tabuleiro. O combate permanece como a melhor parte da minha experiência do começo ao fim, e criar combos mirabolantes com novas combinações de personagens nunca falhou me me fazer sorrir.

Se você é fã de RPGs, recomendo você jogar um pouco pra ver se gosta das mecânicas de batalha - se sim, jogue não espere muita coisa além dele; se não, passe longe.

No More Heroes conta a bizarra jornada de Travis Touchdown para matar os maiores assassinos do país e se tornar o número 1 no ranking nacional. Pra mim seu aspecto mais memorável é que o jogo sabe o que é, um que joga sutileza pela janela e presenteia de jeito pomposo seus temas e ideias, representadas principalmente pela montanha-russa de personagens excêntricos que compõem os dez assassinos acima de Travis.

Entre esses encontros, no entanto, há um processo repetitivo de exploração e interação com a cidade de Santa Destroy, onde o jogador deve ganhar dinheiro de diversas maneiras para desbloquear as fases seguintes. O overworld, por mais tedioso que seja as vezes, reforça a temática "punk" do jogo: Não tenho a cara de pau de dizer que Santa Destroy não é nada além de um inferno em todos os aspectos, mas entendo que essa é a ideia mesmo. A melhor parte desses intervalos são os minigames de trabalhos que são adicionados a cada nível, são uma boa distração e funcionam bem pra esfriar a cabeça entre uma matança e outra.

Apesar disso, é um jogo com altos e baixos (mais altos do que baixos), cheio de estilo e atitude como nunca vi igual. Talvez seja porque nunca joguei um jogo do Suda51 antes desse, mas me tornei um fã do cara.

PSA: Se forem jogar, recomendaria a versão do Switch ou a do Wii. Joguei a versão do PC e tive alguns problemas com a mudança de resolução e o jogo crashou uma ou duas vezes comigo, mas acima de qualquer problema técnico senti que o combate (E os minigames) perde muito do seu charme sem os motion controls. Tirei meia estrela da minha pontuação por causa disso, e planejo jogar as sequels no Switch.

Sinto que Astral Chain foi uma oportunidade da Platinum de testar coisas novas e mudar um pouco a fórmula que eles já aperfeiçoaram. O jogo me agarrou quase que puramente pelo seu sistema de combate não ortodoxo, que se demonstra mais complexo do que parece devido ao enorme e sempre crescente leque de opções a seu dispor a todo o momento. Ao final do jogo (e subsequentes playthroughs) você está combando hordas de inimigos com habilidades de cada uma de suas 5 legions enquanto muda de armas para aumentar seu score, usando de centenas de combos e inputs especiais no processo - são nesses momentos que o sistema de combate é intocável.

Entretanto nem tudo são rosas, e para cada passo ora frente, a Platinum também dá um para trás. Esse jogo marca o infeliz retorno das "fases gimmick mal trabalhadas que precisam ser rejogadas pra conseguir a nota máxima", coisa que não aparecia desde o primeiro Bayonetta. Esse pra mim foi a pior parte do jogo e o que me fez desistir de conseguir 100%. Muito do jogo fora do combate não me impressionou muito, os personagens foram fracos, a história é previsível e eu não gostei muito da soundtrack. Eu gostei no entanto da ambientação em geral da cidade, e devo admitir que as missões em que você trabalha como um policial comum captaram meu interesse, mas perdem seu charme rápido.

Astral Chain é, pra mim, não só um bom jogo diferente de tudo que eu joguei ultimamente, mas uma excelente base para uma potencial sequel/franquia que refine as partes não muito bem trabalhadas enquanto mantém seu sistema de combate estupendo.

Não pense só atire nos caras nos corredores e fique animado para os caras nos próximos corredores

Who's Lila não consegue existir em qualquer outra mídia sem perder uma parte importante de si. É um deleite do começo ao fim cair no buraco do coelho e desvendar seus mistérios, mas também é de ressaltar como o jogo utiliza de sua não-linearidade, todas as rotas sempre te dão mais uma migalha de pão para correr atrás e a maioria dos finais criam mais dúvidas do que as respondem.

É também minha interação favorita de "use coisas fora do programa do jogo" que eu já vi, nunca liguei muito pra ARGs no geral mas tudo o que Lila oferece é engajante, bem feito e te compele a pensar em seus temas sobre a realidade do eu lírico em jogos interativos.

Meu único problema com o jogo.

Esse é o único videogame bom já criado

O que mais me impressionou em Sideswipe foi o quão bem ele traduz o gameplay de Rocket League para a segunda dimensão - por mais que um jogo como esse precisa ter controles simples pelos limites naturais do hardware, fiquei rapidamente bem confortável com os controles simples e intuitivos que retém muito do que fez o jogo original clicar pra mim. Logo nos primeiros minutos consegui fazer truques que ainda nem cheguei perto de fazer no jogo de PC. Acho que o que vai diferenciar um jogador bom e um ruim aqui vai ser menos a dificuldade mecânica que separa parte da playerbase do Rocket League (Principalmente do Diamond para o Champion), e mais habilidades voltadas para o game sense geral. O que me vem à cabeça quando digo isso é o gerenciamento de boost de ambos os jogadores, uma vez que, em Sideswipe, o boost regenera automaticamente quando você está no chão, o que dá aos jogadores mais controle sobre o seu boost e o do oponente.

Estou comparando Sideswipe com o Rocket League original porque, por mais que eu goste bastante das ideias apresentadas nele, não acho que ele consegue voar pelas suas próprias asas. Afinal, é só um jogo de mobile, e grande parte do público vai rejeitá-lo pela tal falta de uma dificuldade mecânica que vem com o hardware (Com razão). O sistema de progressão (praticamente idêntico do jogo de PC) não vai segurar muita gente, e para um veterano da série, desbloquear carros e chapéus que já tenho no jogo base há anos foi bem broxante. Se você for um fã de Rocket League, baixe e jogue apenas como o que o jogo é: Um passatempo rápido que você joga por umas semanas e depois deleta do celular.

Fiquei um pouco apreensivo devido à infâmia do gênero mas achei meu tempo com Machinarium mais satisfatório do que frustrante. Não dizendo que não foi frustrante, pois em algumas vezes eu acabei caindo no famoso "momento point & click" onde você sai clicando em tudo ao seu redor e testando todas as combinações do seu inventário, mas tive a impressão que o jogo tende (Mais do que outros do gênero, eu chutaria) à oferecer puzzles mais analíticos de colocar botões no lugar ou movimentar bloquinhos por uma grid ou algo assim - puzzles com um objetivo claro e regras intuitivas o bastante para que o desafio seja "eu sei o que fazer mas não sei como" ao invés de "eu não sei o que fazer".

Também ajuda que Machinarium é muito bem ambientado e caricato, a arte dos backgrounds é linda e eu gostei como os próprios puzzles analíticos que eu mencionei entram em contexto como o interior de máquinas antigas e painéis de controle de algo no cenário. Destaque especial para os robozinhos fofos e bem animados. :3 para de botar tudo na boca robô burrinho vc vai ter gastrite estomacal

Meu jogo favorito da FROM, o que não é falar muito pois só tinha jogado o Dark Souls 1, mas pular dele direto pro Sekiro só mostra o quando a empresa evoluiu de lá pra cá. O que mais me impressionou é o incrível portfólio variado de bossfights (Mesmo para os padrões da empresa) que forçam o jogador a se tornar um mestre das várias complexidades do seu sistema de combate que deixa o primeiro DS no chinelo. good game

2022

Quem me conhece sabe o quão chato eu sou com spoilers as vezes, há certas ocasiões onde não gosto das menores coisinhas sendo reveladas em trailers e vídeos e etc, porque a experiência através da própria mídia sempre será melhor do que vista de outras formas. Isso é o que mais passava pela minha mente enquanto eu jogava Tunic, uma obra que me fez muito feliz de ter essa mania boba que eu tenho, seu mundo digital praticamente te implorando para explorar todos os seus cantos e descobrir todos os seus segredos.

E que segredos, hein mano... Tive muitos momentos em que a progressão me lembra a de um Metroidvania onde você pega um item, pensa "Carai mané isso muda TUDO" e fica rodeando o mapa igual um pateta re-explorando tudo de novo. Se parasse por aí já era do meu agrado, mas Tunic é um mágico que não parava de tirar coelhos da cartola, é tanta coisa escondida a céu aberto que eu fisicamente fiquei boquiaberto duas vezes em minha jogatina. Se você baixou esperando um "Zeldinha fofo" você já é vítima de suas travessuras mirabolantes.

É difícil achar um jogo hoje em dia que fala comigo como esse jogo falou, mesmo através de sua língua críptica e esquisita. Só espero que, com essa recomendação, ele também fale, e que você se apaixone como eu.