60 Reviews liked by Maia


Sea of Stars é uma ótima experiência e uma grande homenagem aos RPG da era do SNES, o visual é impecável, o gameplay é ótimo com várias mecânicas legais, boa variedade de inimigos, a ambientação é bem diversa com vários biomas, a trilha é boa e o ritmo é agradável, joguei em alguns dias por horas e horas sem cansar, apenas no final que senti uma quebra de ritmo e sinto que poderia ter ficado menor ou feito de uma maneira melhor.
A história achei legal, tem muitos elementos interessante e com potencial mas que acaba muitas vezes não atingindo com alguns diálogos sem inspiração e as motivações dos vilões fracas e má desenvolvida, mas também tem momentos grandes, personagens carismáticos, boas motivações de outros companheiros e algumas surpresas principalmente lá pra 70% do jogo.
Outros problemas são algumas travadas que aconteciam, personagens que entravam na parede ou ficavam em alguma posição que atrapalhava na hora do combate, o controle às vezes desconectava do nada e pouquíssimas vezes vi alguns erros de português, no geral é um game bem polido que dá pra zerar sem grandes problemas.

Veredito: O ápice dos jogos retrô, absoluto e indiscutível.

A onda indie dos anos 2000 e 2010 trouxe jogos de orçamento relativamente baixo que são absolutamente incríveis, e que as grandes empresas da época jamais teriam coragem de fazer. Boa parte deles fortemente inspirados pelo Nintendinho, Mega Drive e Super Nintendo: Shovel Knight é maravilhoso, Super Meat Boy é excelente, Spark e Freedom Planet são ótimos também, Hollow Knight é simplesmente imaculado e perfeito... Só pra citar os mais óbvios.

Mas pra mim nenhum chega aos pés deste aqui.

The Messenger não é só "bom".

Super Mario Bros 3 é bom.
Donkey Kong Country é bom.
Dynamite Headdy é bom.

The Messenger é o suprassumo da foderosidade, é o topo do pico do cume da montanha voadora mais alta com uma escada infinita em cima, é um jogo que acontece quando você pega o orgasmo mais intenso do sexo mais gostoso com a pessoa mais tesuda que você conhecer e mistura esse orgasmo com um puta sorvetão enorme de amarena em cima e menta em baixo, com cobertura de chocolate e paçoca no topo. É churrasco na praia com os seus melhores amigos, a galera mais divertida e alto-astral, o queijo coalho mais bem preparado com a cerveja mais gelada, a água do mar limpinha com as ondas mais intensas pra tomar os tombos mais hilários, para depois todo mundo fazer um luau com marshmallow e rir juntos no fim do dia.

The Messenger é um jogo de ação e plataforma 2D simplesmente FODA. Tudo nele é FODA. A história é hilária e mindblowing ao mesmo tempo, os diálogos são mais bem escritos que os melhores livros de comédia/filosofia, as mecânicas e as fases são mais bem polidas que a superfície do carro do Ayrton Senna, a tradução pt-BR é simplesmente a melhor que já vi na vida, o mundo é absurdamente bem construído e amarrado. A música de The Messenger MEU DEUS A MÚSICA DE THE MESSENGER não é deste mundo, eu me recuso a acreditar que um chiptune tão absurdo e perfeito foi composto por um ser humano terráqueo.

Cara, CADÊ O DEFEITO DESTE JOGO????

Você até pode não gostar de The Messenger, é seu direito. Assim como você pode não gostar de sorvete. Tudo bem, você tem todo o direito de estar errado. E eu hei de defender esse direito seu até a minha morte!
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PS: Me pergunto se alguém que não me conhece vai ler esse último parágrafo e achar que falei sério. XD

Sem sombra de dúvidas é um jogo que ultrapassa gerações. É incrível ver o que a rockstar já conseguia fazer em 2004, com um extenso mundo aberto pra epoca, uma incrível história, um monte de coisas para fazer, e a grande comunidade de mods. Todos esses elementos fazem com esse jogo se tornasse um grande clássico

Se não tivesse falas problemáticas eu poderia terminar e até dar uma nota maior, mas frases como as abaixo impossibilitaram:

Mulher diz para Bond: "Eu posso fazer alguma coisa se vc me desamarrar" e Bond responde: "Em circunstancias diferentes eu pensaria duas vezes sobre isso"

Mulher diz para dois homens negros: "Tira as mãos de mim seu macaco"

Essas são frases que não devem ditas em lugar nenhum, independentemente do tempo, mas infelizmente em um passado como 2001, eram vistas como piadinhas. Eu não gostaria nem de reproduzir isso aqui, mas fico com a sensação do dever de avisar sobre o conteúdo do jogo.

Ele até tem uma jogabilidade interessante ao mesclar as partes de ação e até mesmo direção nas fases com veículos e a dificuldade as vezes é meio esquisita ainda mais por conta dos checkpoints serem totalmente fudidos de sem noção, pois as vezes é morrer e voltar a fase toda ou metade dela.

A história não chama atenção, é um clichê bem louco e pouco explorado ou aproveitado, ainda mais pq eu simplesmente não gostou nem um pouco do tema clonagem, então levarei isso em consideração também.

A experiência estava sendo agradável até então, obviamente tinham algumas piadinhas nível James Bond, mas as duas frases que citei aparecem em sequência na penúltima fase do jogo e ambas quebraram o sentimento que eu tinha construído até então e a minha vontade de terminar. De 3, minha nota cai para meia estrela que é a nota que eu uso para tragédias que não dão para completar.

Simplesmente meu Dark Souls favorito, desde 2018 que tento jogar, mas nunca clicava comigo, e felizmente após jogar a frânquia inteira, tive uma das melhores experiências de todas nesse game.
DS3 tem muitas melhorias em relação aos seus 2 anteriores, e com certeza os gráficos são as mais visíveis; Realmente, o impacto das gerações de consoles fez muito efeito, cada lugar é mais detalhado, melhor iluminado, melhor desenhado, uma direção de arte mais aprimorada e com mais liberdade, e obviamente mais bonito, e sinceramente, após jogar DS1 e 2 em sequência, a primeira impressão com esse jogo é muito satisfátoria, e acho que se mantém lindo até os dias de hoje.
Seguindo com a gameplay, que é por MUITO, a melhor da triologia, muito mais fluída e divertida, o combate é evoluído e mais gostoso de jogar, as armas são todas bem maneiras, as armaduras em geral são lindas, e pra mim a melhor parte, as Weapon Arts, com certeza a melhor adição no combate, é simplesmente muito legal pegar uma arma nova e ao usar seu golpe especial, ele ser COMPLETAMENTE DIFERENTE de outras armas, isso trás uma variedade muito boa pro jogo, e te instiga a mudar seu jeito de jogar várias vezes.
Posso dizer também que esse jogo tem uma das MELHORES lutas contra chefes que eu já vi em todos os jogos que joguei, praticamente todos são muito marcantes e memoráveis, lutar com os bosses era quase um prêmio, acabava que olhar para o visual e imponência dos chefes sempre me deixava boquiaberto , Nameless King, Abyss Watchers, Dançarina e entre outros, e olha que nem citei os chefes de dlcs.
Pra somar as lutas de chefes, o game ainda tem uma trilha sonora IMPECÁVEL, era literalmente um show a parte no meio das lutas, eu sinceramente tenho guardado na memória a minha emoção e sensação de ouvir pela primeira vez os temas de alguns chefes no jogo, e até hoje só de ouvir o tema do Vordt eu fico arrepiado.
O jogo ainda tem mais um monte de qualidades, como uma progressão satisfatória, boas áreas, inimigos variados, ambientação fod4 e etc, mas não vou me aprofundar muito nessas.
Já que nem tudo são flores, infelizmente esse game tem algumas coisas que eu não curto muito, sendo elas:
A duração do jogo, eu acho ele consideravelmente mais curto que seus anteriores.
O excesso de fan service, que por mais que tenha MUITAS coisas legais e seja bem divertido, em outros momentos acaba dando um ar de falta personalidade/conteúdo próprio.
O mundo é bem menos interligado que o DS1, usando MUITOS teleportes, e tendo muitas fogueiras, chegando ao ponto de que em uma área tem uma bonfire na frente da outra.
E basicamente é isso, eu amo muito esse jogo, foi uma experiência incrível e marcante, encerra de forma maestral essa triologia lendária, e sem dúvidas alcançou o mais alto nível da série até seu lançamento

Eu nunca tinha entrado de cabeça no mundos dos CRPG mais tradicionais como Disco Elysium ou Divinity (ambos só testei), sempre achei que não era pra mim, mas a euforia por Baldur's Gate 3 me fez ficar de olho, tava preocupado de fazer uma burrada mas resolvi comprá-lo e foi uma decisão bem acertada.
BG3 é um RPG na sua mais pura definição, eu pessoalmente nunca joguei tanto DeD mas o que eu joguei você sente no game, é uma história inicial simples mas que tem personagens bem diferentes com carisma que tem backstory interessante e missões pra cada jornada dos personagens. Como o game funciona pra mim é uma coisa de doido, como um personagem que tá com você pode se virar contra ti por outros objetivos e realmente ir embora, você ir enfrentar um inimigo antes dele fazer algo maior e isso impactar a história com cutscenes diferentes e um final distinto é louco e inacreditável, isso é fantástico.
O gameplay é ótimo, um RPG que é necessário muito cuidado e com muitas opções e possibilidades, usar itens pra ficar invisível e ignorar certos inimigos que podem ser muito desafiadores pro seu nível porque Baldur's Gate 3 está longe de ser fácil, fiz um final no modo explorador e ainda foi desafiador pra caramba, ok que não sou nenhum grande jogador principalmente de RPG mas tomei bastante porrada kkkk. As dungeons são insanas, bem grandes mas não enjoativas com puzzles simples que ás vezes me deixou preso por eu ser meio lerdo. As missões secundárias também bem grandes e com personagens próprios e histórias diferentes.
A trilha é ótima, principalmente a de batalha e de certas localizações.
Os gráficos são ótimos, não aproveitei ao máximo por ter um PC bem razoável, longe de nova geração mas quem tem uma máquina forte deve ter um visual bem agradável.
De negativo que tive foi alguns turnos os inimigos e aliados não controláveis demoravam pra atacar/agir, o mapa muda dependendo da região que você está, gostaria que fosse apenas um grande mapa, a inteligência artificial dá umas burradas e tive alguns glitches e bugs
Se vale a pena? Tudo depende se você curte o gênero, pessoalmente nunca achei que ficaria dias viciado como fiquei nesse jogo, procure gameplays e impressões diferentes, ou espere uma promoção pra não pesar tanto, eu curti muito e valeu cada centavo. É provavelmente a minha grande surpresa desse ano e facilmente um dos melhores jogos de 2023.
Eu zerei com 41 horas mas foi um final antes do ato 3 e bem extremo, aí continuei jogando pra fazer outro final mas acabei ficando perdido e perdendo bastante pros inimigos, aí bateu a preguiça/estresse e resolvi dá uma parada pra focar em outros games, aí terminei no total com 56 horas.

Na minha opinião, esse jogo é um exemplo perfeito de jogo mediano. A história é bem sem graça (não sei se alguém realmente se envolveu com o enredo desse jogo), o jogo é lento (vou explicar) e apesar da porra do nome ser 'sniper elite', o jogo te força a usar o stealth pra não se fuder bonito ou pelo menos não se frustrar.

Quando eu digo que o jogo é lento, eu quero dizer que a maioria das ações que você faz são demoradas. Desde plantar uma bomba a recarregar uma arma. Tudo demora pra ser executado e isso pode acabar frustrando (foi o meu caso).

O jogo é curto, completei ele em 9 horas, pois eu sou incompetente, mas a duração média do jogo (sem DLC) é de 4 a 5 horas. Ainda assim, mesmo sendo um jogo curto, eu rapidamente fiquei entediado e frustrado com a demora que o protagonista tem pra fazer quase tudo.

Outra coisa chata é a questão do stealth. Eu sei que faz parte do trabalho de um sniper agir com furtividade, mas se o nome do jogo é 'Sniper Elite', então o mínimo seria permitir o jogador a usar e abusar do rifle de precisão e dar os famosos tiros com slow motion e x-ray característicos da franquia. Inclusive, eu vi alguém comentar uma frase que definiu minha gameplay e a de muitos com certeza nesse jogo (para meu desprazer): esse jogo deveria se chamar 'Welrod Elite', pois o tanto de vezes que você pode precisar recorrer à essa arma pra resolver os problemas com furtividade não é brincadeira.

Isso parece até Dishonored (jogo que eu amo e é um dos meus jogos favoritos): as melhores mecânicas do jogo pertencem a jogabilidade de Alto-Caos (matar todo mundo e, de preferência, sendo visto). Porém, esse jogo obriga o jogador a ser stealth e poupar os inimigos, fazendo o jogador perder toda a alta gama de possibilidades e dopamina que só uma gameplay Alto-Caos proporciona.

Isso também acontece (mais ou menos) com Sniper Elite III. Se você optar por usar o rifle ao invés de outras armas silenciosas e o stealth, talvez você sofra com a jogabilidade. Usar o rifle de sniper é muito bacana e funciona bem, mas usar as outras armas é uma outra história. É tudo muito estranho, parece mal feito e difícil de controlar (não deveria ser assim, esse jogo não é um Hell Let Loose da vida).

Outra coisa que me deixou bem desanimado foi a história do jogo. Ela simplesmente não me empolgou, nem no começo. Eu basicamente só via os objetivos da missão, fazia, ia embora, e pulava a cutscene, pois a história me foi muito entediante.

O protagonista é o tal fodão mestre das snipadas, mas que tem dificuldade pra usar outras armas que não sejam rifles de precisão. O maluco tem uma voz foda de protagonista brabo de filme de ação, mas tem um carisma tão grande quanto o de uma lagartixa morta. Até o Doomguy, que não fala nos jogos do Doom tem mais carisma que o protagonista de Sniper Elite III (que até hoje nem sei o nome dele).

Enfim, achei esse jogo interessante no começo, pois eu joguei ele sem conhecer nada da franquia a não ser os x-rays e slow motions dos tiros de sniper. Eu nem joguei o Sniper Elite 1 e V2. Porém, já na missão 2 eu comecei a ficar entediado, e depois foi só ladeira abaixo.

Jogar com o rifle é bastante divertido, mas de resto é chato e mal feito. Espero que os próximos jogos sejam mais divertidos que o 3°.

Veredito: continua tão bom quanto sempre foi.

É engraçado pensar que RE4 virou um clássico. Quando lançou, alguns fãs de longa data da franquia criticaram que ele "era um bom jogo, mas não um bom Resident Evil". E saindo do remake do 1 direto pra esse, dá pra ver.

Enquanto os RE clássicos focavam muito mais numa atmosfera tensa e amedrontadora, que te deixava com o cu fechadinho enquanto pensava qual a melhor rota pra atravessar um mapa enorme sem encontrar zumbis, e o que levar pra estar preparado ainda deixando algum espaço no inventário pra uma possível chave... Resident Evil 4 é um jogo de tiro e ação, ponto. É um jogo que logo no tutorial você já tá alucinado tentando não morrer pra camponeses furiosos que te encurralam numa casa enquanto um maluco com uma motosserra faz de tudo pra decepar a tua cabeça.

Antes de RE4, era impensável na franquia um jogo super linear e que nunca falta munição, onde você não é só um humano frágil com uma pistolinha e sim uma máquina de guerra capaz de dizimar hordas de inimigos em poucos minutos.

Talvez na época os fãs dos Resident Evil clássicos tivessem um ponto válido (só ver o sucesso que foi o remake de RE2, que trouxe de volta a prioridade em te deixar com o cu na mão) mas não dá pra negar que RE4 é um puta jogo FODA no que ele quer ser. Não existe NENHUM momento de tédio neste jogo. Você mal se livra do cara da motosserra e já tá dizimando uma multidão com um rifle, você sobrevive por um fio em uma das melhores sessões de tower defense já feitas e logo depois têm 3 catapultas jogando bombas pra te matar. Nenhuma das suas armas é desperdiçada, nenhum inimigo ou chefe é chato, e você sempre tá com os nervos à flor da pele tentando sair vivo das situações mais cabeludas possíveis.

Minhas únicas reclamações mesmo são a sexualização de uma adolescente (não tããão acentuada, mas mesmo assim) e que a história é uma bosta. Agora que RE4 virou um clássico, galera acha a tosquice charmosa, mas a real é que o Leon não passa de um bobão com diálogos patéticos - "Vidas de insetos não se comparam a vidas humanas!!!" - que gosta de fazer piadas medíocres com um penteadinho ridículo. E pensar que o Leon dos jogos anteriores era um personagem tão bom...

De resto, continua um jogão e é provável que continue pra sempre. Ansioso pelo remake.

Um simples e repetitivo simulador.

Tem uma gameplay minimamente interessante, com o mesmo ritmo de um bêbado tentando caminhar em linha reta. E a música é grosseiramente repetitiva e mal conectada (existe um vácuo entre os loops).

Dizer mais do que isso é gastar tempo em vão, francamente.

a campanha é bem boa e tem um plot twist massa

tem uma ambientação muito boa, trilha sonora legal, e umas criaturas interessantes, mas em questão de jogabilidade deixa muito a desejar

Inicio esse relato com um disclaimer: joguei esse depois de muitos anos, por isso não tenho a mesma impressão de quem jogou no lançamento. Essa entrada, no quesito gráfico, talvez seja o mais impressionante da franquia. Paris é muito viva, as roupas têm muitas texturas, a mocap, tudo muito polido. A história é mais madura e não muito ambiciosa, talvez por isso seja ofuscada por outros títulos, porém, funciona. No quesito técnico, como pontuado, não tive problemas com bugs (pelo menos não os mesmos que existiam quando do lançamento). O tempo te inocentou, Unity.

Adorei o jogo, mas jnfelizmente eu sou uma merda em jogos de corrida

Um ótimo jogo survival horror, com bosses diferentes e caricatos (Verdugo arrepiou meu cu), variedade de armas do jogo é mt boa, e a distribuição de munição não é nem exagerada e nem mt escassa, a Ashley que era um problema no original é 10x melhor aqui, além de agora poder andar enquanto atira, de ponto ruim no jogo, eu posso colocar a luta contra o Salazar pqp, é o boss mais sem sal, além do lance do ovo que quebra um pouco da graça, mas de resto um ótimo jogo, mas nada incrível.

Veredito: muito, mas muito bom mesmo, e apesar disso espero que a Nintendo nunca mais faça algo assim de novo.

Zelda: Breath of the Wild lançou em 2017 e é um dos melhores jogos que já joguei. É o típico caso de um jogo cheio de problemas, PRINCIPALMENTE de escopo, mas que a gente perdoa por causa do nível ridículo de ambição do projeto, e pelo tanto de coisas que ele faz bem feitas. Tears of the Kingdom, que lançou em maio deste ano e que tou jogando praticamente sem parar desde então, é... bom, ele é Breath of the Wild 2.

Não é só uma continuação direta da trama, mas sim uma continuação direta, ponto. Pra todos os fins.

Deixando todo o fanatismo da internet (contra e a favor do jogo) de lado, ele começou como uma expansão do Breath, que meio que foi ficando grande demais e acabou virando um jogo separado. E dá pra ver. As mecânicas básicas são as mesmas, a física é a mesma, o mapa é o mesmo, os povos são os mesmos, os colecionáveis são idênticos (prepare-se para mais shrines, koroks e fotos pro compêndio), quase todos os inimigos se repetem, inclusive minichefes, e você tem de novo 12+1 memórias pra coletar e 4 dungeons principais - que por sinal estão nos exatos mesmos lugares do jogo anterior - antes de encarar a dungeon final.

Mas tudo aqui é maior, é mais ambicioso ainda. É como se a equipe olhasse pro Breath e pensasse "É, até que ficou legalzinho, MAS AINDA NÃO FICOU BOM O BASTANTE, bora fazer de novo maior e melhor!" e daí foi lá e fez exatamente isso.

O mapa foi mais que duplicado: temos, além do mapa básico que é o mesmo do Breath, também o que seria um Dark World do ALttP/Lorule do Between Worlds/futuro do Ocarina, sem contar também várias ilhas voadoras no céu. As 4 habilidades básicas do Breath? Substituídas por 4 novas que não só fazem praticamente tudo o que dava pra fazer antes, mas transformam o mundo num verdadeiro parquinho. Sério, tem gente na internet construindo UM FODENDO METAL GEAR FUNCIONAL usando a Ultrahand e os zonai devices. O combate e travessia foram expandidos absurdamente com a Fuse e a Ascend. Poder arremessar materiais com as mãos e flechas faz Breath parecer um beta. Se você souber usar a criatividade, poder rebobinar os objetos com a Rewind trivializa combates e puzzles de forma brilhante. Essa é a chave do sucesso do Tears: ele te dá todas as ferramentas pra você transformar o mundo no seu baú de brinquedos, e fala:

- Seja feliz!!!!

E você é feliz, MUITO FELIZ... Por um tempo. Vamos falar logo dos tais problemas de escopo, pra eu poder voltar a elogiar o jogo.

Infelizmente todos os defeitos de Breath voltam. E com a ambição ainda maior do jogo novo, eles voltam SEM DÓ. Cedo ou tarde, chega uma hora que bate o cansaço do mundo aberto gigantesco, e bate PESADO. Depois de quase 300h brincando em Hyrule, 152 shrines, 120 lightroots, mais da metade dos koroks, quase todas as roupas/armaduras, de upar elas até mais da metade do que o jogo permite, pegar quase todos os tecidos de paraglider, ajudar o Addison com quase todas as plaquinhas, fazer todas as sidequests fora umas 10, encontrar todos os poços exceto 2, fazer todas as side-adventures, completar o compêndio com fotos de todas as armas, animais, monstros, chefes e minichefes, materiais e tesouros, raidar praticamente todas as cavernas e acampamentos inimigos, matar quase todos os minichefes... o jogo me fala que fiz pouco mais de 80% do conteúdo dele.

E sinceramente, tou bem cansado. Foi bom, foi gostoso, mas eu não aguento mais. O problema todo não é o jogo ser imenso. O problema é que, assim como Breath, ele NÃO TEM VARIEDADE SUFICIENTE que justifique o tamanho absurdo dele.

Os koroks? São 1000 no total, sendo que eles param de ser úteis (servem pra aumentar o espaço no inventário) depois dos 400 e poucos. Mas o pior mesmo é a repetição, porque só têm uns 20 jeitos diferentes de encontrar um korok. Então se prepare pra fazer os mesmíssimos mini-puzzles centenas de vezes, ou pra ser forçado a levar pouca arma e sofrer bastante na 2ª metade do jogo.

Shrines? São ótimos, certo? Afinal, são micro-dungeons que balanceiam bem o ritmo da exploração do jogo, além de te deixarem mais forte e servirem de pontos de teletransporte. Pois é, pena que se repetem demais. Vários são únicos, mas também existem 2 ou 3 tipos de shrine que o jogo recicla O TEMPO TODO sem vergonha nenhuma. Não aguentava mais entrar cheio de curiosidade num shrine inédito pra mim e ver que fiquei pelado MAIS UMA VEZ. Chegou uma hora que eu tava o próprio meme do C.J. pensando "ai, merda, lá vamos nós de novo".

Side-quests? Menos de 10 valem a pena. E o jogo deve ter algumas centenas. Minichefes? Todos os 6 são excelentes, sendo 3 chupinhados do Breath. E se prepare pra enfrentar todos umas 500 vezes. Encarar um frox pela zilhonésima vez não é legal, NÃO IMPORTA o quanto froxes sejam inimigos bem projetados.

Têm muitos e muitos outros exemplos, mas acho que deu pra entender. Zelda precisava ter cozinhado muito, mas MUITO mais variedade dentro das mesmas ideias antes de sair do forno. Todos os shrines, koroks, minichefes etc precisavam ser únicos. Não tem jeito de contornar isso: ele é vítima do próprio escopo, e você vai cansar.

Pra piorar, com as ideias novas vieram também novos problemas. A física excelente foi refinada e melhorada graças aos zonai devices, mas a câmera ficou um lixo. O jogo lá pelas tantas coloca companions opcionais pra lutarem ao seu lado, mas não tem outro jeito de falar isso: a IA deles é uma MERDA e você constantemente vai desligar os companions de propósito só pra eles pararem de te atrapalhar. A história em geral é muito melhor, mas ela agora vai completamente contra a ideia de mundo aberto, além de ter um milhão de buracos. Sério, todo mundo que eu conheço sacou bem no comecinho qual era o grande plot twist do final. E a dissonância ludonarrativa vem com força. É extremamente irritante eu estar com a Espada Mestra pendurada nas costas e saber exatamente onde está a Zelda - porque o jogo já mostrou explicitamente isso pro Link numa cutscene - e mesmo assim todos os personagens NÃO PARAREM DE FALAR que eu preciso encontrar a princesa e pegar a espada. Não dá pra perdoar o quanto TODOS OS PERSONAGENS INCLUSIVE O LINK precisam ser completamente idiotas e tapados só pela conveniência do roteiro.

Mas apesar de tudo... a história realmente é muito melhor, e isso porque a do Breath já era ótima. O vilão agora é um personagem de verdade e bem completinho. A Espada Mestra tem um arco super interessante entre a introdução e a batalha final. O rei de Hyrule tem profundidade, motivações, relacionamentos reais. A princesa Zelda é alguém com medos e esperanças muito acreditáveis, mais ainda do que era no Breath, onde ela já era uma personagem ótima.

E por mais que o jogo tenha problemas indesculpáveis de escopo, não dá pra negar que isso foi em troca de um mundo aberto muito bem feito e de uma missão principal divertida e mega épica. Por mais que os shrines repetidos sejam um saco, os shrines únicos são muito, mas muito bons mesmo, e em todos os casos IR ATÉ O SHRINE é sempre uma delícia. Ir até qualquer lugar é uma delícia. O fato de serem só 4 dungeons incomoda DE NOVO (tanto Tears como Breath precisavam de NO MÍNIMO umas 10), mas elas são bem melhores do que as 4 de antes, e os chefes são todos incríveis.

Acaba não incomodando taaaaaanto assim quando você encontra um acampamento inimigo que não vai te recompensar com nada interessante, porque o ato em si de encontrar e raidar o acampamento foi bom.

- Agora vou de Lookout Landing pra Vila Kakariko e depois pro pico do Monte Lanayru.
[após um "pequeno" desvio de rota e depois de mais de 2h, vários shrines e koroks e minichefes e poços e cavernas aleatórias]
- ...pra onde eu tava indo mesmo? Eu tinha alguma coisa pra fazer em um lugar específico, não tinha?

E essa sensação é maravilhosa.

Tears pega a base do Breath e leva até a conclusão lógica do que era pra ser uma DLC que cresceu demais: ficou ainda maior, ainda mais parrudo, ainda mais ambicioso. E vou falar que eu gostei MUITO do resultado final. Problemas e tudo.

Duvido que eu fosse conseguir tankar um Breath 3. Depois de tankar o 2, preciso dar um tempo de jogos que exigem jornadas imensas antes de poder zerar. Acho que preciso de um descanso de jogos, na real, vou ali ler um Sherlock Holmes, um Harry Potter, um Pedro Bandeira, sei lá. Foi muito exaustivo, e espero de verdade que o próximo Zelda não seja tão derivativo quanto este aqui foi, porque aí realmente não vai dar pra defender. O 1 foi bom, o 2 foi melhor ainda e conseguiu segurar as pontas mesmo com tanta coisa igual... mas um 3 vai ser inviável. Tá na hora de criar coisas novas usando a mesma fórmula, como Zelda sempre fez, e não ficar só repetindo a fórmula e achando que já tá bom. Mas se eu disser que não gostei, que essas quase 300h não foram MUITO BEM GASTAS e que eu não tava MUITO FELIZ durante elas, porra, isso seria uma mentira deslavada.

PS: Esqueci de comentar na review, mas esse jogo é um milagre técnico. Ele conseguir EM ABSOLUTO rodar no Switch já é bruxaria por si só. Ele rodar em 30 quadros por segundo quase que cravados, com aquele tanto de coisa na tela, especialmente quando você tá voando por aí numa motoca aérea? E isso num tablet que já lançou obsoleto mais de 6 anos antes? Pura magia negra. Não tem outra explicação.