Veredito: Mario 2D chegou ao ápice aqui.

Existe um motivo muito simples para este jogo ser reverenciado ao infinito e além por qualquer fã de Mario: é porque ele é bom pra cacete. A meu ver não tem nem discussão, nenhum plataforma 2D tradicional supera Super Mario World, e fim de papo. No máximo Super Mario Bros 3 consegue empatar. E olhe lá.

O nível de criatividade e de polimento em TUDO aqui é absurdo. Fases, poderes, inimigos, caminhos alternativos, visuais, músicas, mecânicas, chefes, controles, NADA neste jogo consegue ter um rival à altura em qualquer jogo do tipo. E não foi falta de tentar. Super Mario World é um dos maiores responsáveis por plataformas 2D terem sido o gênero gamístico mais popular do mundo por boa parte dos anos 1990.

Eu tenho muitas e muitas críticas ao Shigeru Miyamoto, o cara consegue ser um babaca de marca maior quando ele quer, mas é inegável o talento, dedicação e competência que ele sempre teve. Não é à toa que ele virou o maior game designer da história, não é a toa que ele está para o videogame pós-Atari assim como Fernando Pessoa está para a poesia portuguesa ou como Milton Santos está para a geografia da virada do milênio. Se Shigeru e Takashi Tezuka não formassem uma dupla tão incrível, é provável que os videogames tal como conhecemos hoje simplesmente não existissem.

Obrigado, Shigeru. Obrigado, Takashi. Obrigado, Koji Kondo e Hideki Konno e todas as outras pessoas envolvidas nesse projeto tão maravilhoso.

Obrigado, Super Mario World. O mundo gamer te saúda.

Veredito: Melhor do que eu dava crédito.

Ace Attorney 2 é exatamente o que parece: a continuação do mistério criminal de advogados. Tudo que eu falei do 1 vale aqui também: 4 casos, aventura gráfica, visual novel, etc etc etc. Mas este aqui é conhecido como o pior da trilogia original, e não é sem motivo. Todos os defeitos do jogo anterior voltam com tudo.

Lembra como muitas vezes você empacava num ponto que tinha várias soluções lógicas, mas o jogo só aceitava AQUELA ALI super específica? Como algumas vezes tu perdia o saco com isso e só passava na força bruta? Pois é, isso tá pior ainda. Lembra dos problemas de ritmo? Que o jogo te forçava a dar uma volta do caralho com umas coisas nada a ver (tomar no cu do roteiro me obrigando a desvendar o Monstro do Lago Ness) só pra avançar na história? Nesse sentido, o pior caso de toda a trilogia está aqui. A sexualização de uma médium adolescente incorporando uma morta gostosona? Agora é de uma garotinha de 8 anos. Sim, uma médium de 8 anos incorpora o fantasma de uma adulta peituda e fica com um DECOTE BIZARRO.

Mas nesta partida de agora, sou forçado a dar mais crédito pra ele do que eu dava antes. O 1º caso eu achava bem chato, mas é bacaninha sim, na pior das hipóteses ele é inofensivo. Costumava detestar o 3º caso. E agora entendo perfeitamente por que eu não gostei dele antes, mas mesmo assim, como eu fui capaz de não gostar dele?!?! Beleza, rola um triângulo amoroso com dois homens adultos e uma adolescente, maqporra. Sem contar que é muita volta desnecessária que ele te obriga a dar, meu deus do céu, se ele tivesse 1/3 do tamanho seria consideravelmente melhor. Valeu, não nego isso. Mas ao mesmo tempo, os motivos do assassino, a arma do crime, o método, as questões morais que ele me obrigou a lidar, tudo isso foi perfeito. Quando terminei ele eu tava destruído por dentro, o final acerta a gente em cheio no coração.

E o 2º e 4º casos são tão absurdos de fodas que chega a ser surreal. Questões como a chegada da vida adulta, famílias desestruturadas, suicídio, até onde estamos dispostos a ir pelos ideais que acreditamos, morte de pessoas queridas, doenças e tragédias causadas por condições merdas de trabalho, tudo isso percorre todo o jogo e é tratado com uma maturidade surpreendente. AINDA MAIS se lembrar que estamos falando desta franquia, que é famosa pelo senso de humor e pelos personagens caricatos.

Ace Attorney 2 é sim o pior da trilogia original, não é mentira. Mas essa é uma verdade pequena, não seria justo com o jogo a gente não alargar essa verdade. Também é verdade que ele faz coisas fantásticas que só uma continuação consegue fazer. O desaparecimento de Miles Edgeworth depois do final do 1º jogo. O fato de Phoenix e Maya terem aprendido com o que aconteceu nele, e já estarem mais maduros antes mesmo deste aqui começar. A introdução de ótimos personagens novos, e os relacionamentos entre eles e com o elenco que já existia. Tudo isso e muito mais são coisas Ace Attorney 2 tira de letra e passa com louvor.

É uma pena que ele tenha repetido e exacerbado os defeitos do antecessor. Se não fosse a mania de rankear e comparar os jogos, tenho certeza que ele seria lembrado com muito mais carinho.

Veredito: melhor que Pokémon, vem pro pau quem discorda.

Vamos tirar logo o elefante da sala: sim, Cassette Beasts é um clone de Pokémon. As inspirações são óbvias e o jogo nem tenta esconder. Dito isso, reduzir esse tipo de jogo a "clone de Pokémon" é uma visão tosca e míope. Pokémon não criou JRPGs de treinar criaturas. E mesmo que tivesse criado, não é o único jogo desse gênero. Já imaginou se todo mundo reduzisse roguelikes a "clones de Rogue" como se isso fosse um demérito?

Pra quem não tá acostumado com o gênero, em Cassette Beasts você vai parar numa ilha desconhecida, onde aparentemente várias pessoas de universos diferentes acabaram caindo também ao longo do tempo. Rapidinho você ganha fitas cassette e um gravador/tocador, e descobre que nessa ilha pode usar os gravadores para se transformar nos monstros que estiverem gravados nas fitas. Existem monstros de fogo, água, elétricos, plástico, vidro, purpurina, e por aí vai. Cada tipo de monstro tem características próprias, e ao longo do jogo você pode gravar os que quiser e montar o time que quiser. O que Cassette Beasts faz é pegar o sistema de batalha de Pokémon (vantagens, desvantagens, níveis, "evoluções", etc) e melhorar CONSIDERAVELMENTE.

Pra começar, quem upa de nível é você, e não o seu monstro, então você não é punido por experimentar combinações diferentes nem por tentar completar o bestiário. Segundo, a quantidade de comandos não é fixa, não é "todo mundo só pode ter 4 comandos". Os monstros até upam também, num sistema de estrelas que é separado dos seus níveis, mas a quantidade de estrelas do seu monstro só quer dizer que ele pode ter mais comandos e que está mais perto de remasterizar para outro monstro mais forte. O resultado é que todo monstro é viável de se usar, sem precisar de uma quantidade ridícula de grindagem, se você souber o que está fazendo.

Isso também ajuda a montar o universo do jogo. Afinal, você não captura e doma monstros selvagens, você SE TRANSFORMA neles usando o poder das fitas cassette. Mas por que os gravadores e fitas têm poderes especiais? Por que várias pessoas de épocas diferentes e universos diferentes estão vindo parar todas nesse mesmo lugar? O que exatamente são esses monstros chamados Arcanjos, consideravelmente mais fortes e que.... são... tudo... errados?

Inclusive, os monstros todos são bastante inspirados, e não teve nenhum que eu não tenha curtido. Claro, eu gostei mais do desenho de uns do que de outros, e você também vai ter suas preferências, mas não teve nenhum que eu olhei e falei "pô, sem graça você". Um detalhe interessante é que cada um deles tem dois parágrafos de descrição: um que você desbloqueia quando grava, descrevendo como ele se insere no mundo do jogo, e um segundo parágrafo que você desbloqueia quando chega em 5 estrelas, e que explica a inspiração por trás daquele monstro. Meu primeiro foi um demônio de doces e um dos meus últimos foi uma fada feita de vitrais de igreja, aliás.

Se eu tenho alguma reclamação (além de uns problemas na física do jogo, puta merda, a movimentação na água é TENEBROSA!!!) é que o pós-créditos é muito fraquinho. Ele não é ruim, mas tem um ritmo muito arrastado. Algumas quests são maneiras (maior legal você enturmar e treinar uma recém-chegada na ilha) mas a maioria esmagadora do conteúdo depois de zerar é "mate tantos monstros em tal área" ou "fale com Fulano pra completar a quest". O ritmo no começo da jornada também demora um pouco pra engatar.

Enfim, jogão. Curto, caprichado e super denso, recheado de coisa legal. Recomendo não só pra fãs de Pokémon. Pô, eu não sou fã de Pokémon e gostei bastante. XD

PS: Esqueci de falar, mas todas as músicas de batalha desse jogo são DIVINAS, puta que pariu! ❤️

Veredito: Ambicioso, defeituoso, e maravilhoso.

Yakuza 0 é o típico jogo que acerta muito e erra muito. Não porque os momentos bons são sempre incríveis e os ruins são sempre uma merda total, não por ser um jogo de extremos. Ele não é. E sim porque ele tenta fazer tudo e às vezes consegue, às vezes não.

O grosso da experiência é um bitemup 3D com foco na história, e essa parte é excelente.

O combate flui redondo e tem bastante profundidade. Estilos de luta diferentes, esquiva, bloqueio, barrinha pra encher e dar golpes especiais que gastam ela, improvisar armas com o que estiver à mão, lutas de chefe, ondas e ondas de inimigos. Tudo bem balanceado, bem testado, sempre com variedade.

Já a história é incrível. Um drama no mundo do crime organizado, com foco nos personagens. São 2 protagonistas, 2 histórias que correm em paralelo, cada uma na sua cidade, com suas próprias reviravoltas, seus próprios problemas. De um lado, Kazuma Kiryu se vê na pior situação possível depois de um serviço que deu errado, e é inspirador ver o quanto ele se desdobra do avesso pra fazer o que acredita ser a coisa certa, mesmo tomando porrada atrás de porrada vindo de todos os lados possíveis. Do outro, Goro Majima se vê sendo explorado e chantageado pelo pior tipo de babaca que existe e, no seu desespero e convicção de sair da merda, ele se vê diante dos dilemas morais mais difíceis e cruéis. No meio disso tudo, um massagista imigrante que tá procurando incansavelmente um cara que ele nem sabe quem é, uma garota cega que não fez nada de errado mas é arrastada pro olho do furacão, uma figura paterna que está na cadeia, e um lotezinho minúsculo e todo fodido que vale mais do que vários anos do meu salário.

Além disso, Yakuza 0 tem uma quantidade OBSCENA de conteúdo não-obrigatório. Não só sidequests de descer a porrada, embora essas também existam aos montes, mas todo tipo de minijogo que você puder imaginar. Autorama, boliche, 2 jogos de ritmo diferentes, gerenciamento de imóveis, gerenciamento de um kyabakura, vários fliperamas com seus próprios jogos, casas de mahjong e shogi, bares com dardos e sinuca, espaços de apostas com pôquer e roleta e vinte-e-um e mais vários outros jogos de azar, TEM COISA PRA CARALHO. E com mais profundidade do que você imagina. Os carros do autorama são customizáveis, e você precisa montar o carro certo pra cada tipo de pista, saber a hora de acelerar e de se deixar ser ultrapassado. A empresa imobiliária e o kyabakura envolvem recrutar e treinar sua equipe, delegar os serviços certos para as pessoas certas, administrar o tempo e os recursos. E em alguma medida, menos ou mais, todos os minijogos têm essa profundidade.

E é aí que mora o calcanhar-de-Aquiles de Yakuza 0. Ele faz muita coisa, ele tenta casar bem a história principal, as minihistórias das sidequests, os minijogos, o bitemup, as duas cidades, o mundo aberto, tudo. E ele é um jogo MUITO BOM, mas daqueles jogos muito bons que também dão muitos tropeços. Em algumas coisas ele é ótimo, noutras ele é só mais ou menos, noutras ele é fraquinho, e não é perfeito em praticamente nada.

Por um lado, isso faz parte da graça. Não gostou do karaoke? Beleza, então tenta bater o recorde no beisebol aí. Seu estilo de porrada é mais força bruta ou mais agilidade? Você troca entre eles com um pressionar de botão. Você quer seguir na história principal ou quer ajudar aquela adolescente que tá sendo forçada a vender as próprias calcinhas usadas contra a vontade dela? A decisão é sua. Yakuza 0 te deixa livre pra fazer o que gosta. Inclusive, ele não é um RPG mas permite muito mais roleplay que vários RPGs por aí, e essa variedade esmagadora é uma das coisas que possibilita isso.

Por outro lado, tem coisa que é indefensável. A câmera às vezes é bem ruim. A conclusão da história do Majima, que tava maravilhosa até quase o último momento, foi amarrada e encerrada meio nas coxas. O minijogo de enviar agentes, para procurarem equipamentos e materiais, tem uma interface HORRENDA. Aliás, vários dos minijogos falham miseravelmente em te explicar como que se joga. Algumas lutas de chefe - estou olhando pra tu, Kuze - são quase idênticas umas às outras. A lista de reclamações continua, e continua, e continua.

Veja, o problema dele não é ser gigantesco, não é ser ambicioso. Isso não é defeito. O problema é que ele não conseguiu dar conta de tudo, ou pelo menos não sem dar uns tropeços aqui e ali.

Mas eu diria que no geral ele se saiu muito bem. É praticamente contra as leis da Física existir um jogo tão denso como este, com tanta coisa legal pra fazer, com um sistema de porrada tão caprichado, uma história tão foda, uma variedade tão ridícula de absurda de incrível, e achar que ele não vai pisar na bola com algumas coisas.

Veredito: Navinha 3D de fliperama bonzão, antes de existir 3D.

Cara, eu sou fã de jogos com espírito de arcade e de jogabilidades caóticas baseadas em reflexos. Gosto muito de Star Fox, de Kid Ikarus Uprising e de ambientações lisérgicas viajadas. Não é nenhuma surpresa que eu ia gostar de Space Harrier.

É um jogo de navinha 3D focado em conseguir chegar o mais longe possível. Só que não tem muito foco em navinha. Você é um cara voador com um canhão debaixo do braço e os inimigos são insetos gigantes, mamutes caolhos e estátuas saídas direto da Ilha de Páscoa que jogam bolas de fogo em cima de você, tudo enquanto tu desvia de dados D20 que a fase te joga do nada pra te matar e de postes indestrutíveis que parecem uma fusão de coqueiros com cogumelos gigantes. Apenas mais uma terça-feira na Zona da Fantasia.

Infelizmente só cheguei na 8ª fase por enquanto. Quando descobri que eram 18 no total... É, joguinho, um dia eu volto pra você. Por enquanto ainda não gitgudei o bastante pra te zerar, assumo minhas limitações. Mas um dia eu consigo!

Veredito: O fliperama ideal para quem gosta de dirigir.

Outrun é EXATAMENTE como eu imagino a tara por dirigir. Não sou aficcionado pelo assunto (sei nem diferenciar um Palio de um Clio, falo logo), meu negócio é transporte público e bicicleta/skate, mas gostei bastante de Outrun, mesmo não sendo o público-alvo. Ele passa exatamente a sensação que, imagino, os aficcionados por carros tenham numa rodovia livre, ainda mais nos anos 1980 que é quando ele lançou: velocidade, uma garota bonita do lado, vento batendo no cabelo, passando por várias paisagens diferentes e com aquela sensação de liberdade.

Na verdade, gostei tanto que adoraria que tivesse uma máquina de Outrun perto de casa, porque ele é um EXCELENTE jogo de fliperama. O espírito arcade está em todo canto, e é muito bem feitinho: a vontade de quebrar recordes, de competir com os amigos por um espaço no quadro de pontos, a sensação de "cheguei QUASE lá, na próxima eu consigo!" a cada derrota. É sério, fico tristão desses fliperamas BONS PRA CACETE não existirem mais por aí só porque são velhos. Não é um jogo de corrida como estamos acostumados, você não tem que correr contra ninguém. Só contra o relógio. Consiga chegar a tempo nos 5 checkpoints do jogo, em qualquer caminho que você escolher, e você zera.

Acredite, é mais difícil do que parece. Mas nunca é injusto.

Veredito: Mais um coletaton delícia.

A Hat in Time é mais um daqueles jogos super maneiros que não são MEU DEUS DO CÉU QUE PUTA OBRA FODONA, VENHA COMER MEU CU mas tudo bem, não precisa ser. Ele é só um jogo bastante delicinha e feito com muito carinho. E isso basta.

É bem óbvia a inspiração nos coletatons do N64, Cube, PS1 e PS2: um plataforma de explorar a fase e caçar colecionáveis. Os mundos são coloridos, a exploração é recompensadora, as habilidades fluem bem e são bem utilizadas nas fases e nas missões (muito gostoso correr na parede e mergulhar no meio do pulo), e os personagens são bastante caricatos, hilários e expressivos. Não é perfeito, mas de novo: tudo bem, não precisa ser.

Já vi gente reclamando da curta duração. Pra mim ele tem o tempo exato que é pra ter: o tempo de explorar todas as mecânicas e ser gostoso do começo ao fim. Ele poderia ser maior? Poderia. Mas se for pra esticar artificialmente um jogo, com gordura mal feita só pra dizer que é longo... Deixa o jogo ser curto mesmo. Fica mais rejogável assim.

Aliás, parabéns pra Gears for Breakfast pelo EXCELENTE suporte a mods. Nada de ficar instalando eles no braço lá da oficina da Steam, ou pior: baixando de um Nexus da vida e procurando online guias complicados de instalação. Você entra na sala do hub dedicada a isso, fala com o personagem de lá e pronto: é só escolher o mod que você quer jogar.

Dito e feito: depois de zerar, perdi várias horas me divertindo com o que a comunidade já criou. Joguei dois time rifts, uma fase super caprichadíssima baseada em Celeste, e um projeto ambicioso que por enquanto só tem a 1ª fase com uma área secreta. E isso não foi praticamente nada, é só a ponta do iceberg, se eu quisesse tava jogando mod até agora e ainda por muitos dias a fio.

E pessoal ainda vem reclamar que o jogo devia ter mais conteúdo?

Veredito: Maduro e fácil de empatizar, mas todas as rotas são iguais.

Tematicamente, Catherine é exatamente o que eu esperava. Não um jogo erótico, não um hentaizão cheio de sexo, e sim um jogo sobre sexo. Um jogo sobre relacionamentos românticos, sexuais, e tudo o que existe entre essas duas coisas. O visual e todo o estilo do jogo puxam MUITO pro erotismo e romantismo, mas nunca como um pornô, e sim como algo importante pra ajudar a dar o recado.

Todo mundo já sabe a premissa: você é Vincent, está tendo problemas no seu namoro e, quando se dá conta, acorda pelado na cama com uma mulher que acabou de conhecer. Você não se lembra de nada, mas ao que parece tu acabou de meter um chifre na sua namorada de longa data. A partir daí você que se vire pra lidar com a situação.

O dia é praticamente uma visual novel: você conversa com seus amigos, vai pro bar, recebe nudes da sua amante e ligações da sua namorada, e decide o que fazer em cada situação. De noite, você e vários desconhecidos compartilham do mesmo pesadelo: tem que escalar uma torre enorme, e quem cair não acorda mais vivo. Pense num plataforma de labirinto a la Donkey Kong clássico ou Pushmo, só que muito mais complexo e com um limite de tempo no seu pescoço, pronto pra te guilhotinar no menor errinho.

Ao mesmo tempo que não passa pano pro adultério (o texto deixa bem claro que os homens no pesadelo são pessoas horríveis que estão pagando por isso, inclusive você, que fica procurando desculpas pra não resolver o problema que criou) o roteiro se preocupa em mostrar várias outras facetas do problema.

Catherine, que você conhece no bar e que te leva pra cama, não sabe que está sendo uma amante. Katherine, sua namorada, não tem te tratado nada bem ultimamente e não tem facilitado sua vida, chegando a dizer que ela é que vai cuidar da sua conta bancária. Rin, que você conhece logo antes do jogo começar, faz o que pode para ser uma boa pessoa e para ajudar os outros, apesar de estar ela mesma cheia de problemas.

Existe um ótimo trabalho aqui para desenvolver as personagens. Ao longo do jogo você vai vendo como o namoro de Vincent foi amadurecendo e depois desmoronando, como tanto Catherine quanto Katherine lidam com os comportamentos estranhos do rapaz, como Rin vai se recuperando da amnésia que está sofrendo. Todos os homens no pesadelo passam por sentimentos pesados de culpa, e Vincent faz o máximo para ensinar eles a escalar para sobreviver mais uma noite. E se esforça pra aprender a ser uma pessoa melhor a partir dos próprios erros e dos erros dos colegas.

Minha única crítica é que as rotas são uma ilusão muito frágil: basta rejogar. Ao invés de te dar uma única escolha direta, o jogo te dá um milhão de pequenas escolhas que vão preenchendo uma barrinha, e essa barrinha em tese determina o rumo da história e eventualmente o final. Mas as diferenças são ínfimas. Você pode fazer de tudo pra terminar o seu namoro, ou fazer de tudo pra salvar ele, e meio que tanto faz. Os diálogos nunca mudam nada, os cenários vão ser sempre os mesmos. Isso não seria um problema se o jogo não fizesse tanta questão de enfatizar "cuidado com as suas escolhas, heim, elas afetam a história". Afetam porra nenhuma. Tá, o final muda, mas é só isso.

Veredito: Continua sendo o pior Zelda, mas mesmo assim é ótimo.

Link's Awakening está num momento curioso da história da franquia: saiu pouco depois do Zelda de Super Nintendo, 5 anos antes de Ocarina, foi o 1º Zelda portátil e - talvez o mais importante - foi um projeto paralelo de seus criadores, iniciado quase que só pela zuera da coisa, sem praticamente nenhum envolvimento do cara que inventou Zelda.

Link's Awakening é um Zelda descompromissado e despretensioso.

Essa é de longe sua maior qualidade, mas também é de onde surge a maioria dos seus problemas: várias armadilhas são baratas, alguns puzzles forçam um pouco a barra, e uma ou duas vezes eu corri o risco de me travar e quase precisei recomeçar tudo do zero. Sem contar que você não é exatamente um herói numa aventura épica pra salvar o reino, tu é só um náufrago preso numa ilha e tentando sair. E o mapa é consideravelmente pequeno. Jogo bem bacana como qualquer Zelda, mas comparando com o resto da série este é um dos mais fraquinhos.

Ao mesmo tempo, essa liberdade é justo o que dá o charme de LA, é justo de onde saem suas ideias mais legais. Ele faz umas coisas que (quase?) nenhum outro Zelda faz. Por que todo jogo precisa ser uma jornada épica? Por que todo mapa precisa ser imenso? Esquece isso, coloca aí animais falantes, personagens hilários e situações inusitadas no jogo. Por que tem aparições aleatórias de um monte de outras franquias da Nintendo, especialmente Mario, algumas necessárias pra avançar na história? Por que tem uma sidequest de tirar fotos divertidas? Porque sim, oras.

É essa lógica que permite você combinar itens para ter efeitos novos, que trouxe o primeiro (e mais divertido até agora) minijogo de pesca em Zelda, e que traz uma história meio melancólica e pessoal pra franquia pela 1ª vez. Alguns labirintos e chefes são ruins sim, mas quando eles são bons, eles são REALMENTE bons.

Nem todas as ideias novas deram certo, mas pelo menos eles puderam ter ideias novas. Não precisaram passar pela aprovação de 20 supervisores e ler 50 documentos só pra botar uma ideia legal num jogo legal.

É difícil de imaginar meia dúzia de gato pingado na Nintendo pegar hoje uma de suas franquias mais renomadas e fazer o que quiser com ela, sem levar nada muito a sério e sem ninguém ficar se metendo. Mas é uma pena. Por mais problemas que tenha, Link's Awakening experimentou coisas novas e muitas delas são super maneiras. E parece que isso só foi possível ali naquele momento: quando a galera tava fazendo o que queria, criando o jogo que estavam a fim, sem se preocupar com os milhões de dólares que precisam ser investidos nos mínimos detalhes pra botar qualquer coisa em prática.

Veredito: Muito, mas MUITO melhor do que eu lembrava.

Super Metroid é um dos muitos jogos 16-bit que emulei infinitas vezes na pré-adolescência, mas nunca zerei porque ele nunca me fisgou a esse ponto. Sempre achei ele... bom. Decente, mas não passava disso. Essa opinião se firmou ainda mais quando anos depois joguei metroidvanias que considero infinitamente melhores, como Hollow Knight e o próprio Metroid Prime. Enfim, joguinho legal, mas nem de longe tudo isso que os fãs falavam, e certamente não bom o bastante pro CDX pré-adolescente se dedicar a zerar.

ONDE EU ESTAVA COM A CABEÇA?????

Super Metroid é muito, muito, MUITO FODA!

É verdade que ele ainda não supera Metroid Prime ou Hollow Knight pra mim, mas isso é igual dizer que qualquer doce muito bem feito não supera sorvete. Não passa de uma comparação redundante e óbvia que não faz nenhuma jus à qualidade do produto em questão.

Super Metroid é sólido. Mas assim, muito sólido MESMO. Sólido para um senhor caralho. Cada mínimo detalhe dele com certeza foi pensado, repensado e refinado até a medula pelos devs.

Combate? Impecável.
Exploração? Impecável.
Progressão da personagem? Impecabilíssima.
Atmosfera? PUTA QUE PARIU IMPECÁVEL PRA CACETE!!!

Cara, só joga. Confia no pai aqui. Joga essa porra logo e não discute.

Veredito: O meu jogo mais formativo, que sempre vou amar por isso.

Tenho muita coisa pra dizer de Sonic Adventure 2, dos defeitos e qualidades, mas vou me segurar. Hoje só vou falar de um pedaço do que ele fez por mim, e este texto já vai ficar enorme só com isso. Tá avisada a dose CAVALAR de nostalgia.

Conheci Sonic Adventure 2 no final da infância/começo da adolescência. Foi paixão desde o 1º "aperte start", e até hoje amo DEMAIS este pedaço jogável da cultura humana. É muito pouco dizer que ele foi formativo pra mim, pra minha personalidade e visão de mundo. Desde a 1ª zerada ele me acerta tão em cheio, e tão fundo, que no duro: jogar ele hoje é um exercício delicioso de auto-conhecimento.

Minha adolescência, como provavelmente a da maioria de vocês, foi um divisor de águas. E este jogo foi um dos motivos.

Sonic Adventure 2 é o "aquele jogo pra mim" do Marcelo, do CDX.

(Inclusive peço desculpas se esta análise parecer que tou falando mais de mim do que dele, mas o assunto é "jogo formativo" e aí não dá pra separar Sonic Adventure 2 da formação que tive com este jogo.)

Eu gosto de muita coisa. Gosto de fazer a coisa certa não pra ser certinho, inclusive na época os adultos em volta me viam como o respondão metido a rebelde. E sim porque, cara, pra que eu vou fazer merda - ou fingir que não tou vendo a merda - se tenho outra escolha? Só pra "não parecer politicamente correto"? Pra ter orgulho de ser cuzão?

Como quase todo mundo que teve uma criação saudável, eu gosto de me divertir. Tipo, gosto PRA CARALHO de me divertir. Tenho fama de ser um moleque de 5 anos num corpo de adulto barbado. Dentre outros motivos, porque eu gosto muito de brincar. Até hoje se estiver podendo na hora e me chamam prum pique-pega, aceito FELIZÃO. Pena que quase ninguém chama adultos pra brincar de pique-pega.

Entendo a importância de respeitar a lei, não sou alérgico a regulamentos. Mas detesto regras idiotas. Especialmente regras sociais vazias. Coisas que uma turma impõe sem nem saber explicar qual o bem que essa regra supostamente deveria estar fazendo, mas tem que obrigar geral a seguir cegamente. Aquelas regras que uma galera cria e enfia goela abaixo dos outros 100% na filosofia "o certo é ser igual a mim" só porque não tem a boa vontade de sentar e conversar, não quer bater um papo franco, aberto e respeitoso pra alimentar um convívio bacana. Que é só pra se sentirem acima do resto, e ficam ofendidinhas quando não são tratadas como o alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado. Tipo... Com todo o respeito, foda-se, tá ligado? Eu sigo o "viva e deixe viver". Deixa as pessoas serem felizes. Se não estiver fazendo merda, só seja livre e faz o que tu quiser, sem culpa. Toca o barco e segue o baile.

Gosto de simplicidade, mesmo que muitas vezes complique demais as coisas sem precisar. Na infância e adolescência eu fazia isso bem menos. Em parte porque não soube envelhecer, em parte porque nem sempre controlo minha empolgação e fico forçando explicações super detalhadas fora de hora, e em parte por problemas de saúde que me atrapalham nisso. Mas sempre é sem querer, e pra ser justo comigo mesmo não é o tempo todo. Quando eu não faço isso, sou muito feliz, e estou constantemente tentanto não fazer.

Também sou otimista incorrigível. Sempre dou um jeito de acreditar que as coisas podem dar certo, sempre acho que vale a pena tentar, que é só tomar cuidado e cair pra dentro. E nessas horas, de alguma forma tenho uma capacidade enorme de convencer os outros. Nem a depressão conseguiu tirar isso de mim. Sei lá, vai ver é porque sou teimoso também.

Sonic Adventure 2 é tudo que eu gosto de ser. Sonic ajudou a moldar meus gostos, minha personalidade, e o meu jeito de lidar com a vida. Duvido que fosse essa a intenção de muitos dos responsáveis por criar os sonics que cresci jogando - a maioria provavelmente só tava tentando fazer jogos maneiros - mas CAGUEI, IRMÃO. E ele não fez sozinho isso tudo comigo, óbvio. Tem toda uma história de vida pra explicar minha formação, Sonic nessa história é só uma franquia que eu curto muito. Mas os jogos dela são tudo isso que falei. E na minha vida, faz mais ou menos 20 anos, o Sonic Adventure 2 em específico é tudo isso LIGADO NA POTÊNCIA MÁXIMA!!!

Tipo... Sou cheio de defeitos, como todo mundo. Gosto de acreditar que sou mais sábio hoje do que quando adolescente, e em uma porrada de áreas com certeza sou, mas também sei que desaprendi muita coisa. Crescer sem desaprender a sabedoria da infância é uma das conquistas da vida. Uma que nem sempre consigo conquistar, justo por não ser nada perfeito. Mas sei que este jogo sempre vai estar aqui pra me ensinar de novo, entende? Como ele sempre me ensinou. Pra me ajudar, do jeito mais simples e divertido que eu conheço, a ser quem eu gosto de ser.

Sonic Adventure 2 tem um milhão de motivos pra estar junto de Sonic 3 & Knuckles no pódio de ser o jogo mais importante da minha vida. Mas este com certeza é um desses motivos.

Eu te amo, Sonic Adventure 2, com todas as minhas forças. Muito obrigado por tudo.

Veredito: filho 3D de Limbo.

É muito difícil jogar algo, que você já tá de olho faz um tempo, sem misturar as suas expectativas com o que você jogou. Talvez por isso eu não seja tão fã de Little Nightmares quanto a galera.

Acho que o maior gosto ruim que fiquei com ele foi ser um jogo de terror que não me deu medo. Mas quando paro pra pensar, não consigo dizer que foi culpa do jogo. A direção sonora e principalmente visual são 10, a atmosfera é muito bem feita: você está tentando fugir sabe deus de onde, passando por todo tipo de monstruosidade pelo caminho. É um puzzle-plataforma sem inventário e com poucos botões, que você praticamente só se pendura nas coisas e joga objetos pra lá e pra cá. Não é sem motivo que vários jogos depois de Limbo misturam isso com terror: é uma fórmula que funciona. Tudo que você tem pra se defender são pulos desajeitados, e o que achar pelo caminho.

Se essa fórmula não funcionou pra mim agora, é muito mais por preferência pessoal. Sinto falta de uma história mais encorpada em jogos de terror. E a reviravolta do último capítulo, desde quando te oferecem uma salsicha até a batalha antes dos créditos, me causou muito mais um estranhamento vago do que repulsa, ódio, medo, sensação de poder ou sei lá o que era pra eu ter sentido.

Mas Little Nightmares não é ruim, nem de longe. Se você gosta de puzzle-plataformas de terror com pulos pesados, não tem por que não dar uma chance.

Veredito: não, ele não supera Chrono Trigger, mas é bom PRA CARALHO!

Não entendi muitas das críticas que vi pra este jogo aqui no site. Os personagens são todos bons (sim, inclusive os protagonistas, que convencem muito bem no seu papel de irmãos e de heróis), o sistema de batalha é ÓTIMO, e a história é maravilhosa.

Minhas críticas são outras, principalmente de polimento (às vezes era difícil batalhar bem, por exemplo porque algum personagem saía da tela no movimento de ataque) e de ritmo (dava pra cortar algumas horas da partida e nada de valor seria perdido, desnecessário por exemplo aquele começo grandão) mas nada muito grosseiro.

Mas apesar dos visuais lindos, música fantástica e batalhas excelentes, o que mais me cativou na verdade foi a sinceridade e temas do roteiro. Foi o quanto Sea of Stars trata com respeito os relacionamentos entre os personagens.

Garl se esforça para ser um bom amigo e pra ver os outros felizes, mas ele não é só um ajudante genérico pra dar suporte aos heróis, nem um bonzinho tapado que é só coração e zero cérebro. A amizade entre ele e os irmãos protagonistas é sincera, e linda de se ver.

Os dois grandes alquimistas são tratados desde o início como a personificação do bem e do mal, mas à medida que vai conhecendo o universo do jogo e a relação entre os dois você descobre que o buraco é bem mais em baixo.

Os dois irmãos não querem derrotar o mal só porque eles são os heróis e pronto, nem caem no tropo dos heróis relutantes. Eles amadurecem, eles têm sentimentos, alegrias, medos, esperanças e motivações pra fazer o que fazem.

Temas como negação da realidade à sua frente, luto, empatia, necessidade de pedir ajuda e a importância de passar bons momentos junto das pessoas que amamos, da diversão pura e simples com os entes queridos, são tratados sem medo e de forma sincera.

No fim das contas, Sea of Stars é só um JRPG inspirado pelos clássicos do Super Nintendo e PlayStation 1. Pessoalmente ele não mudou minha vida, não me ajudou a lidar com nenhum trauma, não foi nada de outro mundo. Ele tem defeitos como todo jogo.

Mas é um puta JRPG fodão pra caralho, e tenho certeza que vou rejogar ele um dia.

2021

Veredito: bonito e íntimo pra caralho, e janky até o talo.

Já digo logo que sou suspeito pra falar de Sable. Eu curto demais cel-shade, adoro jogos contemplativos, sou platinador por natureza e tenho uma queda ENORME por histórias sobre amadurecimento e sobre a chegada da vida adulta. Sable tem tudo isso, ele mira em cheio nos meus pontos fracos. Então talvez seja prudente você ler esta análise com um pé atrás. O que eu falar corre altos riscos de ser tendencioso pra caralho, e muito diferente do que vai ser quando você jogar.

Também tenho uma tolerância meio exagerada a "defeitos técnicos". Sable é recheado deles: a colisão é estranha, a câmera é uma merda, a taxa de quadros não pára quieta um minuto (tá tudo fluindo bem e aí do nada você tá jogando uma apresentação do Powerpoint, e vice-versa) e a física é toda esquisita. Tudo é bugado demais, defeituoso demais, os controles nem sempre obedecem, parece que nada funciona direito.

Mas é nessas horas que eu dou graças pela minha tolerância a isso. Faltou sim uma testagem e uma programação mais caprichadas. Mas sobrou visão artística e carinho dos criadores pela obra.

Você é Sable, uma adolescente dos nômades Ibex, um dos muitos clãs do planeta desértico de Midden. Seguindo o costume do seu clã, você está prestes a começar a "plainagem", o Avoo, um rito de passagem para largar a infância pra trás e entrar na adultisse. Você deixará seu lar, família e amigos e vai viajar o mundo conhecendo todos os lugares que puder, todos os costumes que quiser, todos os conhecimentos e sabedorias que couberem na sua maturidade. A partir daí... você é livre pra ir aonde seu coração desejar.

Sable não tem combate. Não existe barra de vida, não tem o medo de dar game over e precisar voltar. Só existe a exploração, e o mundo a ser conhecido. Midden é enorme e tudo é um deserto, mas não falta variedade e beleza. Das paisagens salinas e abandonadas dos Lixões Sódicos ao oásis perto da metrópole de Eccria, passando por cavernas de insetos luminosos e um ninho de um besouro gigante, existe muita coisa pra se ver. Os cartógrafos, isolados em seus balões, são mais do que vendedores de mapas: eles são personagens próprios, com personalidades próprias, que te contam histórias sobre o que tem de interessante nessa ou naquela região, e pra isso você precisa achar algum caminho até o lugar alto onde eles se encontram.

Essa é a essência da jogabilidade de Sable: explorar o mundo e conhecer os personagens. Tudo é uma missãozinha no menu, tudo é fazer favores para outras pessoas em troca de recompensas: resgatar Fulano que machucou o pé e ficou preso, interrogar suspeitos e achar um culpado pela sabotagem do sistema de energia, brincar com um grupo de crianças, pegar tal coisa em tal lugar e levar para Beltrano. Nem dá pra esconder a influência descarada de Zelda Breath of the Wild: escalar, planar, barra de stamina, viagens longas.

Mas ao contrário do se espera dos jogos de mundo aberto, todas as quests voltam ao ponto central do jogo: descobrir seu lugar no mundo. Encontrar sua vocação. Aproveitar a jornada. Descobrir que tipo de ser humano você quer ser.

Alguma hora o seu Avoo vai ter que acabar, alguma hora você vai ter que concluir o rito de passagem e voltar ao seu clã como mulher adulta. Você pode pedir ajuda, orientação, fazer perguntas, mas não dá pra prolongar para sempre a busca pelas respostas. E tudo bem. Nenhuma adulta tem todas as respostas, ninguém vira uma pessoa 100% sábia e crescida só porque deixou a infância pra trás. Você não precisa ser a primeira.

Sable não é um jogo sobre o quanto os adultos são sempre maduros e responsáveis. Não é sobre ganhar algum tipo de conhecimento fodão que as crianças e adolescentes não têm. É sobre uma jornada íntima, pessoal e intransferível que todos nós fazemos. E é sobre entender que isso é normal. Crescer é normal, conhecer pessoas diferentes e expandir a nossa visão de mundo é normal, sair do ninho é normal. Pode até parecer solitário, assustador e perigoso, e algumas vezes é mesmo. Mas enquanto você estiver seguindo seu próprio caminho - mesmo que não tenha certeza dele, mesmo que se sinta insegura - você está no caminho certo. Você pode errar, você pode mudar de rumo, você pode se arrepender. Tudo bem, isso faz parte da vida. Não importa qual caminho você escolhe. O que importa é que seja seu.

Veredito: 2 anos depois da minha primeira partida, continua uma DELÍCIA! ❤️

Mario Odyssey tem vários defeitos que não vi da primeira vez. A câmera atrapalha mais do que deveria, e o balanceamento de colecionáveis por objetivo (também das luas, mas principalmente das moedas) tinha muito a melhorar. Fora que prender qualidades-de-vida em amiibos é escrotão.

Mas cara, esse jogo é TÃO bom! ❤️ As fases são extremamente bem feitas e criativas, os visuais e músicas são gostosas pra dedéu, a história e personagens e ambientação são mega charmosas, o fã-service pra jogadores de longa data de Mario é CERTEIRO NO CORAÇÃO (estou olhando pra vocês, New Donk City Festival e conteúdo pós-créditos), os objetivos são super variados (inclusive com todos os níveis de dificuldade imagináveis, do mais moleza ao mais impossível) e TODA BENDITA LUA É GOSTOSA DE SE PEGAR, por mais ridícula de fácil que ela possa ser.

E o movimento CACETE O MOVIMENTO DESSE JOGO é incrível!!!! Você pode ser uma anta em jogos de plataforma ou ser o speedrunner mais viciado do planeta Terra, PULAR PRA FRENTE em Mario Odyssey é gostoso demais! SEMPRE é divertido jogar o chapéu em absolutamente TUDO o que você ver pela frente, mesmo que seja só pra ver uma animaçãozinha engraçada.

Não existe jogo perfeito, e Mario Odyssey com certeza não é um. Mas ele é GOSTOSO DEMAIS! Ficar pulando por aí e pegando luas e moedas sem motivo é maravilhoso, e eu tenho certeza que vou querer replatinar de novo qualquer dia desses. Eu sou muito feliz quando tou jogando ele, do primeiro ao último minuto da partida, e pra mim isso é o que importa. ❤️