Veredito: Fodástico.

Assim como Chrono Trigger está pros jRPGs, assim como Banjo-Tooie está pros plataformas 3D de colecionar bugigangas, ou como Zelda Twilight Princess está pros jogos épicos de aventura... Também do mesmo modo, Hollow Knight está para os metroidvanias.

Se você gosta do gênero, não existem desculpas: você tem que jogar. ❤

Veredito: na mão de criança, tudo é brinquedo.

Pensei em pular direto pras expansões no family share da Steam. Mas como meu notebook tá dando sinais de morte, desbloqueei meu 3DS e o jogo é curtinho, resolvi dar uma rejogada no original pra matar a saudade. Sem surpresas, continua extremamente divertido, simples e caprichado. Sabe aquela sensação infantil de jogar videogame só porque sim? Pois é.

Veredito: O Banjo 3 que sempre sonhamos, no melhor e no pior.

'Sucessor espiritual' de cu é rola: Yooka-Laylee é continuação direta dos Banjo-Kazooie, até o último detalhe. Não é só a dupla de animais falantes num coletaton feito pelas mesmas pessoas. A personalidade dos personagens é idêntica (Yooka = Banjo, Laylee = Kazooie, sem tirar nem por), boa parte das técnicas é análoga, os mesmos trocadilhos, o hub, colecionáveis, fases... tudo. Tiveram a audácia de deixar até a capa do jogo e a tela de pause iguais às de BK!

Infelizmente isso traz todos os ônus de um plataforma 3D noventista, mesmo depois de vários patches: a câmera é um lixo, a performance tropeça às vezes, algumas missões se repetem demais, e a falta geral de polimento é ridícula. Sim, Banjo-Kazooie e Banjo-Tooie também tinham todos esses problemas em algum grau, você que é nostálgico e não lembra. Mas muitas vezes Yooka consegue ser pior: as músicas são boas mas não tão perfeitas quanto as da época, e COMO DIABOS eles conseguiram destruir a mecânica de voo e o último chefe, coisas que BK já tinha acertado na mosca em 1998... é algo que nunca vou entender.

Dito isso, Yooka-Laylee é um jogo incrível. Os gráficos e sons são lindíssimos e mega charmosos, o humor típico dos jogos anteriores está super presente, os colecionáveis são uma delícia de procurar e pegar, as fases são maravilhosas tanto na estética quanto na mecânica... Enfim, o carinho dos devs pela obra é palpável, em cada detalhe. Sim, ele foi MUITO mal testado, não dá pra negar. Espero de verdade que a Playtonic faça um Tooka-Laylee com o polimento que este aqui deveria ter tido. Mesmo assim, é uma aventura de caças ao tesouro divertidíssima, deslumbrante e gigantesca, com tudo o que tem direito.

Se você é fã de longa data de Banjo como eu e sempre quis um Banjo 3, aqui está ele.

Veredito: Os 60 segundos mais difíceis, frenéticos, longos e intensos da sua vida.

Como qualquer jogo do Terry, é simplista ao extremo: você é um ponto em volta de uma figura geométrica, e é só rodar em volta dela desviando das paredes que vêm em sua direção. São 6 fases e 1 objetivo: sobreviver 60 segundos enquanto o jogo taca em você tudo o que ele tem.

Os controles são responsivos, a música é frenética, a sensação de progresso é palpável, o sufoco é MUITO REAL e o desespero é a chave do sucesso.

Um excelente jogo tanto para jogar uma vez a cada muitos meses quanto para ficar vidrado nele até zerar.

Mas tá avisado: você vai querer bater a cabeça na parede. O jogo começa difícil e termina insano. Das mais de 30 horas que passei com Super Hexagon, pelo menos umas 10 foram na última fase. Quando finalmente consegui... Puta que pariu, eu atingi o nirvana.

Veredito: 'só' um FPS muito bom.

É difícil jogar Half-Life sem pensar na reputação dele. Muito mais que o meme 'Cadê Half-Life 3?!', este é um dos FPSs mais famosos e influentes do mundo, com um nome enorme por trás. Mais de 20 anos depois... Não é que ele tenha envelhecido mal, mas muitos jogos já fazem melhor tudo o que ele fez, e fazem mais coisas ainda. A fórmula tanto amadureceu como cresceu.

Isso não é nenhum problema. Pelo contrário, é ótimo que a arte tenha sido inundada de jogos de tiro inspirados por algo tão bem feito. Mas hoje ele é só isso: um jogo bem feito. Combate sólido, direção sonora e visual sólidas, história e narrativa sólidas. E, pelo menos pra mim, isso é mais que o bastante.

Veredito: Igual ao primeiro, só que bem pior.

Pense em Megaman X1. Agora retire o level design genial e o ritmo extremamente bem balanceado, piore a maioria das músicas, deixe a história mais sem graça e os segredos menos intuitivos, e por último transforme o que era um desafio super equilibrado em um monte de tourobosta feita pra você passar raiva. Com pulos praticamente pixel-perfect pra dar e vender, exigência de upgrades super específicos que o jogo nunca sinaliza bem, e chefes que pra tu derrotar não precisa ter habilidade, e sim saco de repetir infinitamente o mesmo padrão arbitrário idiota enquanto a barra de vida deles diminui leeeeeeeentamente. Agora imagine isso feito por fãs incompetentes que adoram o X1 mas não entendem nada do que faz dele um jogo tão incrível e pimba, você já sabe o que esperar de X2.

Pra ser justo, o jogo tem muitos ótimos momentos... que são quando ele se parece com o X1. Mas enquanto no X1 a diversão era garantida como o estado normal das coisas, enquanto lá a serotonina era a CNTP, aqui são momentos espaçados entre as fases. Sei lá, de 1 a 3 momentos desses por fase. E olhe lá.

1993

Veredito: vale mais pela curiosidade histórica do que pelo jogo, mas o jogo ainda é bonzão.

Chamar Doom de '1º FPS da história' é um puta exagero, mas esse jogo é reverenciado como se fosse. E é por um bom motivo que todo FPS era chamado antes de 'clone de Doom': ele é bom pra cacete, principalmente pra um jogo de 1993.

Quer dizer, hoje ele não faz muita coisa que milhões de jogos depois dele já não melhoraram. É curto, simplório (poucas armas e pouca variedade de inimigos) e os gráficos 3D são na verdade um 2D cheio de gambiarra. Mas vale a pena conhecer as raízes do gênero: música empolgante, violência descerebrada, e chacina de demônios até não aguentar mais. Se a história dos FPSs não te interessa, pelo menos você vai curtir uma diversão boba e simples feita para adolescentes-metidos-a-adultos dos anos 1990.

Inclusive, saio dele querendo jogar os antecessores, especialmente Wolfenstein.

Veredito: não é tudo o que dizem, mas é bom pra caralho.

Provavelmente o jogo mais elogiado que conheço. Desde que frequento a internet, um sem número de colegas vivem falando que ele é lindo, gostoso e isento de falhas. Mas por algum motivo eu nunca tinha dado muita atenção. Até agora.

E dá pra ver por que ele é tão querido. Ação frenética, músicas empolgantes, controles precisos, level design de primeira e inimigos super bem bolados. 'Isento de falhas' é um exagero. A curva de dificuldade nas últimas fases é meio inconstante, e os segredos nem sempre são intuitivos. Mas é divertido pra cacete, e isso não dá pra questionar.

Veredito: bom pra caralho, mas deveria ser melhor.

Já fazia mais de 10 anos que um Sonic bom tinha saído, então claro que Mania ia ser um puta sucesso. É um Sonic de Mega Drive melhorado: mais conteúdo desbloqueável, mais fases bônus, chefes melhores.

Mas tem um defeito imperdoável: conteúdo reciclado. Dois terços das fases são exatamente as mesmas de antes, inclusive as bônus. Não é um simples reaproveitamento de texturas e músicas. É literalmente o mesmo level design do Mega Drive. Eu passei de várias fases só pela memória muscular, mesmo nunca tendo jogado Mania antes.

Acho que era inevitável, é a 1ª vez que a Sega oficializa um fangame. Mas mesmo assim acaba sendo o único defeito do jogo. No mais, é pura festa para fãs do ouriço.

Vou esperar ansiosamente por Sonic Mania 2.

1990

Veredito: Um ótimo adventure chorável, o que infelizmente saiu de moda.

Me lembra um pouco To the Moon e outros jogos da Freebird: é tão curto, linear e limitado que parece até uma visual novel sem ramificações. O foco é 100% na beleza da história e, fora a mecânica a la músicas de Zelda antes de Zelda, Loom tem quase zero jogabilidade além de andar e observar/conversar.

Loom é um jogo infantil com uma história infantil sobre fantasia, poderes mágicos e música. Mas como toda boa história infantil (Peter Pan, Pequeno Príncipe e Corda Bamba vêm logo na cabeça) ele pega temas bem adultos sem deixar de ser acessível pras crianças. O medo, esperança, recomeço, solidão e o limite das nossas capacidades pessoais são pontos chave da trama. A parte visual e (o pouco que tem da) sonora é lindíssima também, o que óbvio não atrapalha.

Também ajuda que joguei com um monte de amigos assistindo no Discord, com direito a lágrimas e a conversas depois sobre o jogo, ressuscitando a ideia (tão rara numa pandemia) de jogos 'para um' sendo uma experiência coletiva.

Espero que outros estúdios além da Freebird peguem carona nesse bonde. Todo mundo só tem a ganhar.

Veredito: Bom, mas nem de longe tanto quanto os melhores Sonics 2D.

Assim como Freedom Planet, Spark ao mesmo tempo se inspira pesado nos Sonics clássicos e tenta ser um jogo próprio. O resultado é fascinante: história engraçada e que não se leva muito a sério, músicas FRENÉTICAS BAGARAI ALGUÉM DÊ UM PRÊMIO AO COMPOSITOR, poderes criativos para passar pelas fases de jeitos diferentes conforme o estilo de cada jogador e, claro, uma sensação de velocidade que deixa bem clara a influência em Sonic. Diversão leve, rápida e sem compromisso.

Ao mesmo tempo, o resultado é... bem defeituoso. Não é nenhum grande defeito em particular, e sim pequenas coisas aqui e ali, que acabam se acumulando. O level design tem VÁRIOS pequenos problemas que me fazem perder o impulso sem sentir que o erro foi meu. As configurações são meio confusas. O desempenho às vezes dá umas tropeçadas bizarras. São pequenos deslizes que acabam tendo um peso enorme no produto final.

Depois de zerar Freedom e Spark, falo tranquilo que fazer um plataforma focado em sensação de velocidade é mais difícil do que parece. Como vários jogos do próprio Sonic já mostraram, não é só 'fazer parecido com Sonic', isso não basta pra ser bom. Spark é bom, mas nem sempre ele supera essas dificuldades.

Veredito: divertido e caprichado pra cacete.

Não sou um jogador super exigente. Me dá umas fases pra passar, uns inimigos pra matar, uns tesouros pra pegar que eu já fico feliz. Na mão de criança, tudo é brinquedo.

Shovel Knight é um brinquedo, e dos mais legais que já brinquei. É o contrário de reinventar a roda. Ele faz apenas e tão-somente o básico: te diverte. Mas faz tanto isso, mas tanto, e tão bem feito, com tanto carinho, tanto capricho... que dá até gosto.

É cientificamente impossível gostar de videogame e não se divertir com Shovel Knight, vai contra as leis da Física. Mate os inimigos. Colete os tesouros. Passe de fase. Coloque um sorriso no rosto. Enxágue e repita até zerar. Ah, e dá pra dois, local e online!

Mal posso esperar pra jogar as expansões.

Veredito: fantástico e atemporal.

Tem um bom motivo pro Shigeru Miyamoto ser chamado de 'mago dos games': é porque ele merece. E Mario 64 é prova disso.

Quase 25 anos depois, continua uma delícia. Tem coisa que claramente envelheceu mal (a câmera merda, uma física esquisita aqui e ali) mas isso é porque este foi o 1º jogo na história feito pensando em 3D. Tirando esses detalhes, continua perfeito e extremamente divertido, e provavelmente vai continuar por muitas décadas ainda.

Se você gosta de videogame hoje, você deve alguma coisa a Mario 64. Ponto.

Platinado pela trizilhonézima vez. E certeza que ainda volto nele qualquer dia desses...

Veredito: criativo e bem escrito.

A investigação criminal nos jogos nunca mais foi a mesma depois de Ace Attorney, o jogo de advogado criado por Shu Takumi. Ghost Trick é o que acontece quando o Shu faz um mistério policial sem tribunais e com fantasmas.

A ideia é clara: tu morreu mas não lembra de nada, e decide investigar a própria morte. Obviamente, descobre que o caô é bem maior que poderia imaginar, envolvendo governos de outros países, assassinatos nunca solucionados pela polícia e, claro, seus poderes de assombração, que são como você joga. Acenda e apague luzes, remexa em estátuas, faça as coisas se moverem sozinhas. Tudo para resolver puzzles, salvar vidas e desvendar os mistérios que envolvem sua estranha morte.

O único defeito é que no 1° ato os diálogos ficam recapitulando tudo a cada 5 minutos, o que deixa o ritmo meio irritante, embora fosse comum no Nintendo DS. Mas frente ao conjunto da obra, com seu roteiro incrível e puzzles extremamente criativos, reclamar disso parece até bobo.

MÍSSIL É O MELHOR CACHORRO DOS VIDEOGAMES E QUEM DISCORDA TÁ ERRADO ❤ ❤ ❤

Veredito: o único da sua espécie.

Alguns jogos usam tomadas com atores e atrizes, mas em geral é só um pedaço de um vídeo entre uma cena jogável e outra. Her Story não: ele usa isso como a mecânica central.

Anos atrás a polícia investigou um assassinato, e você tá assistindo aos depoimentos gravados da esposa, acusada de ser a assassina. Mas não tem como simplesmente ver todos os vídeos do jeito que quiser. É um banco de dados com muitos clipes (entre 5 segundos e 2 minutos cada) e você tem que buscar por palavra-chave, tipo o YouTube só que bem mais limitado.

Toda a graça está no roteiro bem escrito pra caralho por Sam Barlow, e na atuação impecável de Viva Seifert. Dá pra zerar em uma sentada (literalmente 1~2h de jogo pra descobrir os principais spoilers e considerar o jogo 'zerado', o que mais vier depois disso é lucro) mas gostei tanto que quis extrair absolutamente tudo que ele tinha a oferecer. E lá se foram quase 20h assistindo, catalogando e anotando cada detalhe.

Não me arrependo de nada. Com certeza, o único jogo do tipo que já vi na vida. E é muito bem feito. Espero que eu consiga jogar mais coisas como ele no futuro. Aguardo com carinho.