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@deadlydonut a maior parte daa defesas do jogo é "ah mas o gameplay é excelente livre criativo etc" mas pra mim é o conjunto da obra mesmo. ele saiu bem durante meu aprofundamento em linguística e se tornou uma influência irredutível
o Ground Zeroes mesmo que eu joguei agora já me convenceu muito como uma das transgressões estéticas mais viscerais e fora da curva que já vi em qualquer franquia. Um negócio de genuinamente dar ânsia de vômito por incorporar aquele contexto tão entranhado numa tragédia brutal que apesar de íntima também é sistematizada e fria (os signos de Guantanamo contrastando com o sandbox mecânico de espionagem só intensificando essa sensação de conflito e serialização interminável da barbárie que vive na margem de grandes ideais e grandes figuras, sintetizada pela própria segurança de auto-destruição geopolítica mútua presente na década de 70) enquanto todas as ironias se empilham, a duração curtíssima e o final sem qualquer sensação de empoderamento ou antecipação, as missões extras formuladas como callbacks nostálgicos vagos que só parecem fortalecer mais esse ódio próprio à imagética de Metal Gear Solid e a inevitabilidade mercadológica das brutalidades necessárias para que essa franquia continue, que os personagens continuem lutando
a dinâmica entre ele e o gz pra mim é que enquanto o tpp é sobre a dor persistente de ter algo seu arrancado (órgão, idioma, país, autonomia social) o gz é focado no que foi arrancado em si: é um jogo sobre o braço que se perdeu do corpo (inclusive literalmente por serem dois jogos separados). não tem uma duologia mais politicamente brutal mesmo, não tem heart of darkness que vá tão fundo na parte colonialista inerente ao militarismo de oportunidade capital, exploração desumanizada e armamentização de vulneráveis. a metáfora começa se literalizando nos PMCs e termina no tráfico de drogas
deadlydonut
1 month ago